3 de dezembro de 2022

 

O FIM DA IDDE MÉDIA E OS PRE-REFORMADORES



JONH WICLYFF – JAN HUSS – JERÔNIMO SAVONAROLA


Introdução

 

“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes.”

Esta é uma afirmação atribuída a ninguém menos que Isaac Newton. E, de acordo com o site o Pensador, este é um “trecho de uma carta de Isaac Newton para Robert Hooke, em 5 de Fevereiro de 1676, baseado numa metáfora atribuída a Bernardo de Chartres”.

O que se compreende desta afirmação é que para que alguém consiga alcançar voos mais altos, precisará, necessariamente, estar alicerçado sobre aqueles “gigantes” que enxergaram longe com base em suas estaturas e bem trilharam os seus caminhos. Estes gigantes, naturalmente, servem de base para que os “simples mortais” consigam ainda maior notoriedade.

O caso de reformadores famosos como Lutero, Zwinglio e Calvino é bem semelhante, pois alcançaram grande notoriedade em seus dias e deixaram suas marcas registradas na história do cristianismo. Contudo, para que estes reformadores protestantes da igreja tivessem tal notoriedade, eles estiveram sobre os ombros de seus antecessores, aqueles que lhes precederam, os quais enfrentaram  grandes tormentas no contexto da igreja medieval nos quais viveram e morreram.

Deste modo, os pré-reformadores, Jonh Wycliffe, Jan Hus e Salvonarola, são os gigantes sobre os quais nos debruçaremos neste trabalho com o fim de esquadrinhar suas vidas verificando a importância deles com seus precedentes para o sucesso daquele movimento que viria a ser chamado de Reforma Protestante.

1. O FIM DA IDADE MÉDIA

O final da Idade Média foi um tempo de decadência, adversidade e instabilidade. Ouve naqueles dias uma série de movimentos reformadores que contribuíram significativamente para o surgimento dos grandes reformadores. Grandes e belíssimas catedrais no estilo gótico, além das influências das sumas teológicas advindas produzidas através de uma série de centenas de anos de harmonizações entre a filosofia e a teologia. Era uma época de excepcional ansiedade espiritual e expectativas religiosas. Um mundo sedento por Deus. Foi um tempo em que, conforme se pode perceber facilmente, pelos escritos da época, havia muito desânimo e melancolia. É comum se afirmar sobre o período medieval que teria sido “uma noite escura de mil anos”. Entretanto, não é razoável afirmar que a Idade Média foi um período de densas trevas como se nada de relevante tivesse acontecido. Pois há um misto de grandes coisas acontecendo no mundo daqueles dias. Na verdade, esta afirmação feita de que a “Idade Média foi uma noite escura de mil anos” está sobrecarregada das concepções preconceituosas daqueles que viveram no período renascentista[1], os quais saltaram sobre a época medieval fazendo uma releitura das concepções clássicas greco-romanas produzindo um novo tipo de pessoa antropocêntrica e hedonista. É como entende Timothy George quando afirma,

Mas longe de ser uma época de decadência vazia, os dois séculos anteriores a Reforma Protestante, mostraram-se singularmente vitais em face de desafios e mudanças sem precedentes. (George, 1993)

O final da Idade Média foi um tempo de fome e peste. No início do século XIV, a crise agrária era muito intensa, houve muitas revoltas camponesas nas quais eles lutavam por se verem livres das correntes do feudalismo e a igreja se comportava como “senhora feudal. Este sistema econômico feudal entrou em uma crise prolongada e houve muitas consequências nefastas. A peste bubônica[2], conhecida também como peste negra, arrasou pelo menos um terço da população de toda Europa. Foram muitas mortes. Diante de tal quadro, a morte era um tema recorrente nos sermões e nas pinturas da época. Foi nesta época que surgiu a dança da morte, aquela caveira dançante procurando as suas vítimas para tragar. Timothy George, ao descrever o cenário macabro e sombrio daqueles dias afirma neste em sua Teologia da Reforma Protestante sobre ponto que,

João Capistrano levou uma caveira para o púlpito e advertiu sua congregação: “olhem e vejam o que resta de tudo aquilo que uma vez lhes deu prazer, ou que outrora levou-os a pecar. Os vermes comeram tudo”. (GEORGE, 1993)

“O Triunfo da morte”, obra de Pieter Bruegel, 1562https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/peste-negra.htm

Foi um período em que, de fato, se o pecador tivesse condições de pagar por sua salvação, ele pagaria. Muitos, de fato, pagaram por isso. Os pagamentos eram feitos de diversas formas. Eram feitos em forma de doações para a igreja a qual realizava missas em favor dos que haviam morrido e pagaram por isso. O fato é que os cristãos carregavam naqueles dias em seus ombros um peso gigantesco do pecado e queriam se purificar a qualquer custo deste insuportável sentimento de culpa e condenação. Havia um ativismo religioso muito grande, um apetite enorme pelas coisas divinas, esta fome espiritual pode ser vista, dentre outras coisas, através do comércio de indulgências e de toda sorte de práticas com o fim de comprar o favor de Deus. A igreja daqueles dias precisava de uma reforma, pois estava repleta de maus hábitos, havia se afastado dos ideais neotestamentários.

2. JONH WYCLIFFE

 

O primeiro destes nomes dos pré-reformadores a ser estudado é chamado de Jonh Wycliffe. Tão famoso que também é conhecido metaforicamente como “ESTRELA DA MANHÃ. Esta metáfora é uma referência ao planeta vênus, aquela estrela que aparece brilhando no céu algumas horas antes do sol nascer logo pela manhã e por esta razão é conhecida com este nome. Logo, compreende-se de maneira ilustrativa que antes do sol da Reforma brilhar trazendo luz aos homens, esteve brilhando no céu este belíssimo teólogo pré-reformador.

Nascido na cidade de Yorkshire, Inglaterra, em 1329. Atendeu à Universidade de Oxford e terminou o doutorado em Teologia em 1372. Ele foi um iminente professor da Universidade de Oxford. Ao que se sabe, esta seria a principal Universidade da Europa naqueles dias. Logo, ele era nada menos que o principal professor da principal Universidade da Europa. Sabe-se que também foi um dos grandes mestres da Universidade de Balliol.

Sabe-se dele que foi “reformador e Tradutor da primeira Bíblia para o inglês. ” Quanto a tradução da Bíblia, ele fez a tradução no Novo Testamento e, juntamente com seus associados fez a tradução do Velho Testamento. Isto fizeram a partir do texto da Vulgata em Latim de São Gerônimo para o Inglês, pois a tradução do grego se daria mais adiante durante o período da Reforma Protestante. Deste modo, afirma-se que os seus discípulos o ajudaram a concluir a tradução do Velho Testamento da Vulgata Latina de são Gerônimo para a língua inglesa.

 A sangrenta história das traduções da Bíblia Harry Freedman https://www.bbc.com/portuguese/geral-48403194

 

Por ser o mais eminente teólogo de seus dias, teve a oportunidade de ser o capelão do rei Ricardo II com acesso ao Parlamento. Também não era para menos, pois o seu discurso teológico em nada agradava a igreja e era significativamente agradável aos ouvidos da nobreza política de sua época. Ele era um nacionalista, logo, defendia que o Estado teria o direito de tomar os bens de uma igreja corrupta. Ele defendia que o exercício do ministério sacerdotal exigia uma base moral esta doutrina extremamente agradável aos nobres de sua época. Deste modo, as opções que lhe restavam não estavam na igreja, mas na nobreza e na universidade nas funções acadêmicas e ao lado da corte do rei.

O contexto em que se deram os acontecimentos de sua vida foram o século XIV, logo, ele nasceu, viveu e morreu dentro do contexto do terrível século XIV. Este foi o tempo da peste negra que matou um terço da população da Europa, do cativeiro babilônico da igreja, ocasião em que o papado esteve em Avinon na França. E, também, do grande cisma da igreja no Ocidente. Era um período de grande desânimo e desilusão das pessoas com respeito a fé e a religião católica, a saber, eram dias de desespero por falta de perspectiva, tempo de profunda insegurança quanto a salvação porque o sistema de salvação era por meio de obras, as quais não podiam salvar. Alguém disse que esse período era “um verdadeiro inferno na terra”.

 

Quanto as suas influências, sabe-se que Wycliffe foi muito influenciado por Thomas Bradwardine (1295-1349). Este viveu pouco, mas escreveu um livro “sobre a causa de Deus” contra os pelagianos. A causa da sua morte prematura foi a Peste Negra e isso aconteceu pouco tempo depois de assumir suas funções como Bispo de Cantuária. Contudo, os seus escritos influenciaram ardentemente a Wycliffe. Pode-se perceber ainda nitidamente, por seus conceitos teológicos, que, naturalmente, há uma nítida influência do famoso monge Santo Agostinho.

Quanto a sua teologia percebe-se com clareza que Jonh Wycliffe queria reformar a igreja católica diante da tamanha corrupção de seus dias. Para ele, o papa era “o principal vigário do demônio e os mosteiros eram antros de ladrões, ninhos de serpentes, lares de demônios vivos”. (GEORGE, 1993) Ele opunha-se à venda de indulgências tão comum em seus dias e queria abolir as ordens religiosas. Ele negava a transubstanciação crendo na presença real/espiritual de Cristo durante a cerimônia.  Essa crença, na verdade, era um ataque ao fato que a salvação não estava nas mãos dos sacerdotes. Em sua crença ele afirmava ainda que a Bíblia era autoridade única para a vida do crente e que a igreja medieval, corrompida em seu processo histórico deveria se amoldar tão somente a igreja do NT. Pois segundo se podia verificar com facilidade no contexto daqueles dias, “Era possível estar na igreja sem ser da igreja, pois mesmo os papas podiam estar entre os réprobos, e nesse caso não deveriam ser obedecidos.”

As suas ideias foram condenadas em 1382 no que ficou conhecido como o “concílio do terremoto” e ele foi obrigado a se retirar em exílio para sua paróquia em Lutterworth. Segundo ficamos sabendo de Timothy George, “Ao final de sua vida Wyclife rejeitou o sistema papal como um todo e exigiu sua abolição” (GEORGE, 1993) Contudo, suas ideias continuaram a serem propagadas por seus discípulos e o seu trabalho gerou um grupo de pregadores leigos chamados lolardos os quais pregaram por toda Inglaterra. Alguns afirmaram que era difícil encontrar entre três pessoas uma que não tivesse sido influenciada pelas doutrinas de Wycliffe. Os lolardos tiveram um papel importante na divulgação das doutrinas de Wycliffe. Sabe-se que ele valorizava muito a pregação. Deste modo, as ideias de Wycliffe influenciaram muito na preparação do caminho para a Reforma na Inglaterra.

A sua morte se deu em 1384. Ele teve um derrame e morreu algum tempo depois. Jonh Wycliffe mesmo depois de morto, também foi condenado como herege pelo Concílio de Constança, e 45 de seus ensinamentos foram tidos como heresias. Por causa disso, a Igreja Romana deu ordem para escavar sua sepultura, exumar o seu corpo, queimar os seus ossos, e lançar suas cinzas no rio Swift em 1428.

John Wycliffe foi o principal expoente de medidas reformadoras, e por isso é chamado de “Estrela d'Alva da Reforma”.

 

3 JAN HUSS

 

O segundo personagem importante entre os pré-reformadores que também brilhava no céu nebuloso do fim da idade medieval e antes da Reforma Protestante chama-se Jan Huss. Este brilhante teólogo que fora também influenciado pelos ensinos de Wycliffe, muito embora afirmasse que as doutrinas que seguia, eram de bíblicas, isto é, era de Jesus Cristo. O fato é que estudantes que foram estudar em Oxford, na Inglaterra, trouxeram as ideias, as doutrinas e os livros de Wycliffe de modo que esta influência se espalhou pela Boêmia.

https://www.cfnews.com.br/portal/2017/05/26/uma-biografia-de-john-huss/

Sabe-se que Jan Huss nasceu e viveu na Boêmia, região atualmente conhecida como República Tcheca. Estudou na Universidade de Praga, virou professor da mesma universidade e depois tornou-se ainda reitor deste mesmo centro de ensino. Ele também era pastor na capela de Belém em Praga onde a Palavra era pregada na língua do povo periodicamente. Na verdade, a capela em que costumeiramente pregava havia sido construída por uma nobre que financiara a obra com o fim de que centenas de pessoas o ouvisse pregar seus sermões na própria língua materna. Muitos se aglomeravam entusiasmados para ouvir Jan Huss pregar a Palavra de Deus.

Os dias de Huss não eram dais fáceis para a igreja cristã, pois era o tempo chamado e conhecido pelos historiadores como “cativeiro babilônico”, isto é, um tempo em que o papado da igreja esteve cativo em Avinon na França e que a igreja tinha mais de um Papa rivalizando quanto a questões de poder. Contudo, para Huss, não importava quantos cabeças a igreja tinha, isto é, quantos papas comandavam a igreja, desde que o fato solidamente estabelecido e de inteira relevância para a cristandade, é que Cristo é o cabeça da igreja.

Suas doutrinas incluíam uma forte ênfase na autoridade da Palavra de Deus, palavra esta, traduzida para a língua que as pessoas pudessem compreender. Ele também enfatizava a salvação somente pela graça de Deus. Em um tempo de indulgências, onde as pessoas compravam a salvação, ou seja, ocasião em que a igreja cobrava para conceder salvação as pessoas, Huss se opunha ferozmente em sua teologia. Logo, por estas e outras razões sofreu a excomunhão da igreja e Praga sofreu interdição, isto é, todas as igrejas foram fechadas e as pessoas foram proibidas de irem as reuniões.  Porém, ele abandonou a cidade para minimizar os efeitos da interdição sobre a cidade. Ainda por este tempo foi convocado ao Concílio de Constança, Concílio este, com grande autoridade e representatividade para decisões importantes com respeito a questões relevantes com referência à igreja naqueles dias. Na ocasião, lhe foi prometido pelo rei Sigismundo salvo conduto para que comparecesse ao Concílio para defender sua causa debaixo do poder do rei, mas mesmo diante de tal proteção real, como recusara retratar-se, foi condenando pelo Concílio e queimado publicamente na fogueira como uma demonstração de poder da parte da igreja e para servir de exemplo do que se faz com hereges.

Seus escritos também foram queimados, porém houve um livro escrito por ele que sobreviveu. O livro dos seus escritos que sobreviveu chama-se “De Ecclesia”. A verdade é que ninguém consegue segurar um homem como este, pois o impacto de sua morte consegue espalhar suas convicções. Seus discípulos mais radicais ficaram conhecidos na história da igreja como Taboritas, os quais rejeitaram tudo na fé e na prática católica que não estivesse na Bíblia. Deles surgiram os irmãos Boêmios, também chamados de irmãos unidos. Deles também, ainda, se sabe que surgiu a igreja Morávia, aquela conhecida como fortemente missionária na história da igreja cristã.

A importância dele é inestimável, pois sabe-se que Huss teve um grande impacto na vida de Martinho Lutero e que também foi de enorme influência para Jonh Wesley.

Quanto a sua morte Jan Huss foi condenado como herege, despido queimado na estaca fora da cidade no dia 6 de julho de 1415. Destaca-se que na ocasião, enquanto Huss era queimado, morreu cantando o hino em grego “Kyrie eleeson” (Senhor, tem misericórdia). O local de sua morte é marcado até hoje com uma pedra memorial. Ficou fortemente marcado na história da igreja e promoveu um impacto gigantesco, pois com o sua coragem e forte convicção enfrentou a todos e mesmo sendo traído não abril mão de suas convicções.

 

4 JERÔNIMO SAVONAROLA

 

O último dos pré-reformadores alistados aqui é Savonarola. A vida deste pré-reformador se deu mais próximo do período da Reforma, pois os acontecimentos da sua vida se deram durante o período do início do movimento renascentista ocorrido a partir de Florença. Ele nasceu em Ferrara na Itália e viveu nos idos de 1452 a 1498. Ele era o terceiro dos sete filhos da sua família. Tinha pais cultos e mundanos, mas de grande influência. Seu avô paterno era um médico de renome na corte da cidade onde ele nasceu. Deste modo, foi fortemente influenciado pelo seu avô que tinha crenças fortemente voltadas para a fé genuína na Palavra.

 

Heróis da Fé - Jerônimo Savonarola. https://www.pibmacae.org.br/single-post/2019/02/04/her%C3%B3is-da-f%C3%A9-jer%C3%B4nimo-savonarola

Tornou-se MONGE dominicano em 1474 e foi designado para Florença. Ele em seu fervor queria reformar a Igreja e o Estado. Pelo que se sabe ele teve uma desilusão amorosa porquê a moça com quem se relacionou, que era de família nobre e natural de Florença, mostrou ser desonroso para ela casar-se com um Salvonarola. Então ele abandonou a ideia de casar-se abraçando a vida monástica destacando-se por sua vida de oração, devoção, contemplação, jejum e de humildade. Sabe-se que por ser diligente e habilidoso pensador lecionou filosofia a convite do convento até o final de sua estadia no convento.

Era uma pessoa de vida simples e sabe-se que em seus escritos escreveu sobre a simplicidade cristã e tornou-se um grande pregador na cidade de Florença, coração da Renascença tendo influenciado muitos artistas renomados. Pensa-se neste sentido que possivelmente influenciou o grande artista Michelangelo em sua obra na Capela Sistina, pois segundo se diz, ele apreciava muito os seus sermões e sentava-se com o fim de ouvi-lo sempre.

Os sermões de Savonarola provocaram grande repercussão no meio do povo de Florença, na Itália. Logo, influenciados pelos seus ardentes ensinamentos contra o luxo e a ostentação, as pessoas largaram os livros obscenos e as publicações torpes e mundanas e com isso voltavam-se para servir a Deus. Largaram também as máscaras carnavalescas e os objetos supérfluos que serviam plenamente a vaidade e os reuniram numa enorme fogueira com cerca de 20 metros de altura e atearam-lhe fogo, no que ficou conhecido naqueles dias como episódio da “fogueira das vaidades”.

Sabe-se que Savonarola tentou reformar a igreja e a cidade de Florença a qual tornou-se uma espécie de TEOCRACIA. E, neste sentido, Salvonarola foi o seu líder tendo um impacto significativo sobre as vidas das pessoas em seus dias. Ele pregava os seus sermões contra toda sorte de VÍCIOS, CRIMES, CORRUPÇÃO E DECADÊNCIA GENERALIZADA na igreja do século XV. Digno de nota também é o fato que ele pregava contra a vida desregrada do Papa e por essa razão foi condenado e enforcado. Por pregar contra a corrupção da igreja, Salvonarola foi ameaçado, excomungado e, por ordem do papa, foi queimado em praça pública.

Savonarola foi um instrumento nas mãos de Deus naqueles dias para fazer ataques a igreja corrupta e aos desmandos do Estado. O que se sabe é que o ambiente político também não era bom e este fato trouxe uma série de complexidades para sua vida. Este foi mais um dos grandes nomes antes da reforma protestante que tentou reformar a igreja, mas que não obteve o sucesso dos grandes reformadores dos anos seguintes a sua história de vida. De fato, esta foi mais uma das vozes a pedir a reforma da igreja romana. E pelo que se percebe, foi um dos mais importantes a antecipar e influenciar mais de perto a obra dos reformadores.

 

5 CONCLUSÃO

 

Estes homens foram grandiosos e tiveram papeis importantes para o que viria a ser a grande Reforma Protestante no século XVI promovida por Lutero e Calvino dentre outros. Eles ousaram enfrentar a igreja católica num tempo de grandes dificuldades e tiveram suas vozes silenciadas. Porém, os seus escritos impactaram a muitos. Percebe-se que, a eles, poderíamos usar aquela hipérbole conhecida das Escrituras porque realmente eram “homens dos quais o mundo não era digno”, isto posto que fizeram das suas vidas instrumentos valiosíssimos para a história da humanidade. Na verdade, Deus os usou grandiosamente como instrumentos para exortar o mundo dos seus dias e o seu legado deve ficar marcado na história.

Deve-se notar neste ponto que Wyclifffe, Huss e Salvonarola não tiveram a notoriedade dos grandes reformadores do protestantismo. Porém, conforme disse Isaac Newton, citado no início deste trabalho: “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes. ” Deste modo, acredito que a história tem uma dívida para com estes pré-reformadores, pois pouco se sabe sobre ele e seus escritos. Quando se examina a Reforma Lutero e Calvino aparecem como gigantes, e de fato, foram grandes escritores de tal forma que uma mudança significativa foi patrocinada no seio do cristianismo a partir da influência marcantes destes e de outros reformadores. Entretanto, cabe a nós aprofundar a nossa compreensão por meio de pesquisa que possa trazer mais luz sobre os tempos dos pré-reformadores e do grandioso papel que desenvolveram no meio da igreja, mesmo pagando com as suas próprias vidas por isto. De modo que pagaram com suas próprias vidas por suas convicções doutrinárias e por seu amor sincero e até ingênuo, como percebe-se no caso de Jan Huss ao aceitar comparecer perante o Concílio de Constança.

Deste modo, somos devedores de Wyclyffe, Huss e Salvonarola e devemos aprofundar o nosso conhecimento sobre estes gigantes, pois se Lutero, Calvino, Zwinglio e outros viram mais longe é porque de fato estiveram sobre os ombros de gigantes e estes gigantes motivaram a realização entusiasmada deste trabalho. De modo que somos gratos a Deus pelas vidas destes homens e esperamos aprofundar nosso conhecimento sobre eles e apresenta-los em um artigo futuro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos Séculos: uma história da igreja cristã. 2ª Edição São Paulo: editora Vida Nova 1995, p. 420-436.

 

GEORGE, Timoty. Teologia dos Reformadores, tradução de Gérson Dudus e Valéria Fontana, São Paulo: Vida Nova, 1993.

 

NICHOLS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã. 11ª Edição. São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 2000.

 

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WILLIAMS, Terri. Cronologia da História Eclesiástica em Gráficos. Tradução de Paulo Siepierski. São Paulo, Edições Vida Nova, 1993.


WALKER, W. História da Igreja Cristã. 3ª Edição. São Paulo: ASTE, 2006, p. 442-453.

https://www.youtube.com/watch?v=gPHA0nN051U Acesso: 17/05/2020 às 21:43min.


https://www.youtube.com/watch?v=-U1QPQ2do5w Acesso: 22/05/2020 às16:37min


[1] Renascimento, ou Renascimento Cultural, é o período da História europeia em que houve a retomada de temas, ideais e técnicas utilizadas durante a Antiguidade greco-romana, nos campos da arte, da ciência e da filosofia.

[2] A peste negra foi uma pandemia que acometeu a Europa no século XIV provocada pelo bacilo Yersinia pestis e deflagrada a partir do ano de 1348. Esse acontecimento figurou entre aqueles que caracterizaram a crise da Baixa Idade Média, sendo os outros as revoltas camponesas no século XIV e a crise do feudalismo.