25 de novembro de 2021

SANTOS TRANSFIGURADOS



Lemos, em Mateus 17:2, que nosso Senhor "foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz". A palavra aqui traduzida como "transfigurado" se compõe de dois outros termos gregos, um dos quais se refere à manifestação exterior que alguém demonstra de sua natureza interior, e o outro se refere à mudança de atividade. Poderíamos traduzir "Seu modo de expressão se alterou perante eles". 


O modo usual de expressão de nosso Senhor, enquanto Ele esteve nesta terra, em Sua humilhação, era o de um servo. Ele "não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Marcos 10:45). Naqueles momentos, entretanto, foi alterado o Seu modo de expressão. Nosso Senhor expressava no monte a glória de Sua deidade. A palavra "transfigurado", nesse caso, portanto, significa que Ele alterou Sua forma externa de expressão, a saber, de servo para Deidade.


Em II Coríntios 11:13-15 temos outra palavra grega que tem o sentido diretamente oposto, a saber, o ato de alterar a expressão externa daquilo que internamente permanece inalterável, pois a expressão externa não representa verdadeiramente a natureza íntima do indivíduo. Satanás, seus falsos apóstolos e ministros usam uma expressão externa que não corresponde às suas verdadeiras naturezas. Antes de mascarar se (e isso é o que o vocábulo grego realmente significa) como anjo de luz, Satanás deu expressão externa sobre sua natureza interna. Porém, a fim de enganar a raça humana e adquirir seguidores, ele teve de fazer-se de anjo de luz. Assim sendo, alterou a sua expressão externa e adquiriu outro modo de expressão, que não corresponde à sua natureza íntima e verdadeira. Satanás se mascara de anjo de luz, ao mesmo tempo que durante o tempo todo não passa de um anjo das trevas.


Em Romanos 12:2 encontramos ambas essas palavras sendo usadas. Paulo exorta os santos a não se conformarem ou amoldarem a este mundo. Nesse passo ele emprega a palavra encontrada em nossa passagem de I Coríntios. Os crentes não devem alterar sua expressão externa (a que expresse verdadeiramente suas naturezas internas) para uma expressão fingida que não está de conformidade com seu novo ser regenerado, uma expressão padronizada segundo o mundo. 


Pelo contrário, o apóstolo exorta os crentes a serem transformados (e aqui temos a mesma palavra grega que é usada em nossa passagem de Mateus e traduzida como "transfigurado"). Os santos devem alterar sua expressão externa daquela que era a verdadeira mente sua, antes da salvação, quando então expressavam o que havia em sua íntima natureza pecaminosa, a fim de agora darem expressão ao seu ser interior. Então serão santos transfigurados.


Assim sendo, Paulo exorta os santos a que não assumam como expressão externa as modas, os hábitos, as expressões de linguagem e a artificialidade desta geração má, pois assim estariam escondendo aquela expressão de si mesmos que deveria demonstrar o que são intrinsecamente como filhos de Deus.


Como algumas vezes os crentes gostam de revestir-se de um pouquinho do mundo, para não se parecerem muito diferentes do mundo! Como uma capa de mundanismo pode encobrir o Cristo interior!


Pelo contrário, aos crentes cumpre transformarem-se, isto é, dar expressão àquilo que realmente são, como participantes da natureza divina e como quem tem o Espírito morando no seu íntimo. Cumpre que façam isso permitindo que sua vida interior seja renovada pelo Espírito Santo, a fim de que o Senhor Jesus possa ser visto. Assim serão santos transfigurados. E assim como nosso Senhor foi contemplado pelos discípulos, a brilhar resplandecentemente na glória da Sua deidade, semelhantemente os santos brilharão com uma radiância celestial que permeará seus pensamentos, palavras e ações, mesmo nesta sua peregrinação terrestre, iluminando o caminho para o lar celestial a muitos perdidos que vagueiam nas sombras escuras deste mundo. 


Jóias do Novo Testamento Grego, Kenneth S. Wuest - janeiro de 1996, Propriedade Literária da Moody Press, páginas 22-24.