A História da igreja primitiva: a igreja do primeiro século e sua expansão.
O
surgimento da Igreja
Os
primeiros anos da igreja podem ser considerados fundamentais para a sua história,
pois foi a ocasião em que a ela solidificou os seus escritos deixando um legado
inestimável para toda a posteridade eclesiástica. Podemos ver no livro de Atos,
nas epístolas e nos evangelhos, além, é claro, de vermos no livro de
apocalipse, uma quantidade significativa de informações que são extremamente
necessárias e importantes para àqueles que buscam uma compreensão do período
originário da igreja. Segundo Cairns entende, por exemplo, “Os focos do livro
de Atos são a ressurreição de Cristo, como o assunto da pregação apostólica, e
o Espírito Santo, como Capacitador e Guia da comunidade cristã a partir do Pentecoste. ” (CAIRNS, 1995.)
O
livro de atos é, portanto, um livro muito importante para a história da igreja
primitiva, pois logo no seu início, no segundo capítulo nos relata a origem da
igreja após a ressurreição e ascensão de Jesus Cristo quando houve o sermão do
apóstolo Pedro no dia de Pentecostes após o derramamento do Espírito Santo. Ocasião
em que aquelas pessoas receberam o Espírito e falaram em outras línguas, isto
é, outros idiomas, de maneira tal que os ouvintes que ali estiveram puderam presenciar
o fato de “ouvirem as grandezas de Deus em suas próprias línguas maternas”. Portanto,
o livro de atos nos mostra a fundação da igreja e a expansão de suas
comunidades primitivas e de seu ideário por meio da divulgação dos ensinamentos
cristãos. Nesta mesma direção Nichols afirmou que que desde então, “a Igreja
Cristã, como uma comunidade destinada a dar testemunho de Cristo, vem
proclamando o Evangelho e edificando o Reino de Deus na terra. ” (NICHOLS,
2000.)
Outra coisa que merece destaque no início de tudo é o fato
de a igreja ter sido perseguida justamente no lugar onde ela começou, a saber,
em Jerusalém. Os primeiros anos da igreja em Jerusalém foram de destaque até
que veio a perseguição e a fez expandir-se na direção de outras nações até se
espalhar pelo mundo através da pregação dos apóstolos, especialmente do
apostolo Paulo em suas viagens missionárias também descritas no livro de Atos. Deste
modo, a igreja primitiva surge e se expande pelo mundo antigo por meio do
trabalho abnegado de muitos cristãos anônimos que junto com os demais apóstolos
de Cristo e, segundo sua orientação doutrinária, desenvolveram o que viria a
ser a igreja primitiva. É importante frisar que no processo de estabelecimento
da igreja, há tarefas primordiais no que concerne a sua expansão e
desenvolvimento. Segundo concluiu Gonzalez,
A primeira tarefa do cristianismo – e a mais
importante – foi definir sua própria natureza em contraste com o judaísmo do
qual surgiu. Como se vê no Novo Testamento, boa parte do contexto em que essa
definição foi feita consistia na missão aos gentios. (Gonzalez,
2011.)
No
entanto, o centro primitivo da igreja foi Jerusalém e, como já se pôde perceber
anteriormente, o Império Romano havia
criado um ambiente político favorável
para a propagação do cristianismo nos primórdios de sua existência. Ou
seja, a construção de estradas, as experiências acumuladas da história antiga
na navegação, a expansão do comércio, a pax romana e uma série de outros fatores
importantes que contribuíram para o florescimento da igreja em seus primórdios. Segundo Gonzalez afirma “desde
bem cedo a igreja começou a abrir caminhos muito além dos limites do Judaísmo,
a ponto de, sem demora, tornar-se uma igreja com maioria gentia. ” (Gonzalez,
2011.)
Ainda
de acordo com o livro de atos, logo no seu primeiro capítulo, vê-se que o
Espírito Santo teve um papel preponderante após a ascensão de Cristo ao céu. E
já no segundo capítulo do livro somos informados da descida do Espírito Santo
descrevendo o início da igreja a partir do sermão do apóstolo Pedro. A igreja
se expandiu pelo mundo romano no primeiro século e a importância dos apóstolos
foi fundamental como instrumentos nas mãos de Deus para a fundamentação
doutrinária da igreja. Neste sentido, percebe-se que o crescimento da igreja
foi rápido após o primeiro número de três mil convertidos. Logo a seguir havia chegado
facilmente de acordo com o relato escriturístico a um número de cinco mil
pessoas conforme o capitulo quatro de Atos, além da menção facilmente
verificada no capítulo cinco de um crescimento significativo com o acréscimo de
multidões ao âmbito da igreja de Cristo. Segundo Cairns afirma,
“Parece paradoxal que o principal centro de
inimizade contra Cristo tenha sido a cidade onde a religião começou. Mas esta é
a realidade. Do ano 30 a aproximadamente 44, a igreja em Jerusalém manteve uma
posição de liderança na comunidade cristã primitiva. ” (CAIRNS, 1995.)
Deste
modo, o crescimento foi rápido, mas também a vida não foi fácil para os
primeiros irmãos na fé, pois a perseguição veio com força logo na sua origem.
A perseguição da Igreja
Segundo
se pode perceber dos relatos bíblicos em Atos, o Sinédrio foi o primeiro órgão
político a perseguir a igreja. Ele tinha permissão romana para tal feito e
supervisionava os aspectos mais relevantes da vida civil e religiosa do povo.
Logo no capítulo doze de Atos ficamos sabendo da morte de Tiago e da prisão de
Pedro sob o
comando de Herodes. A seguir vemos a morte de Estevão servindo ele mesmo como
uma espécie de primeiro mártir, fato este noticiado perante todos e de extrema
importância para expansão do cristianismo. Neste sentido, sabe-se que os
cristãos sofreram a princípio com uma espécie de perseguição no formato de
ostracismo social, mas logo se tornou uma espécie de perseguição mais robusta a
partir do imperador Nero, o qual perseguiu a igreja e matava os cristãos. E
sabido de todos que ele supostamente teria colocado fogo na cidade de Roma e
depois teria culpado os cristãos. Deste modo, os cristãos passavam a ser
odiados, acusados de ateus por não praticarem a religião romana condenando os
costumes dos pagãos no politeísmo grosseiro daqueles dias. Neste ponto Nichols
afirma,
A partir de Nero (54 a 68
d.C.), o governo romano começou a hostilizar o Cristianismo, tentando
eliminá-lo cruel e vigorosamente. Essa perseguição variava de intensidade
conforme quem estivesse no poder. (NICHOLS, 2000)
De
fato, Nero foi uma pessoa nefasta. Um insano! Um homem muito malvado com os
cristãos, um grande perseguidor dos crentes primitivos. Sabemos que os cristãos
sofreram uma perseguição atroz. Lançados às feras serviam de escarnio para um
mundo cheio de expectadores que se divertiam assistindo os animais devorarem violentamente
os corpos dos cristãos.
Entretanto, a perseguição também se tornou um
fator preponderante, como se pode perceber facilmente nas páginas do livro de
Atos, para que a igreja nascente pudesse se espalhar e espalhar a sua mensagem
por outras partes do mundo. Neste sentido, afirma Nichols,
A perseguição foi o meio pelo qual a
Igreja nascente chegou a uma compreensão mais segura do Evangelho que Jesus lhe
dera a pregar, e por ela alcançou uma visão mais ampla da obra que Jesus lhe
propusera. (NICHOLS, 2000)
Foi um
tempo em que os cristãos sofreram muito nas mãos de seus inimigos e essa
perseguição vinha do poder oficial. Esse tempo é conhecido como um período em
que houve muitos mártires, líderes anônimos e os apóstolos como Paulo, Pedro e
os demais apóstolos que foram coroados como mártires.
Sendo
assim, percebe-se que a perseguição teve um papel didático para a construção
teológica da igreja e contribuiu também para que a ela ultrapassasse os limites
das fronteiras de Jerusalém onde nascera expandindo-se pelo mundo romano vindo
a se tornar mais adiante numa igreja imperial.
A Expansão da igreja
A
expansão da igreja se deu por toda a vastidão do Império Romano. Sabe-se das
Escrituras Sagradas que o apóstolo Paulo fez viagens conhecidas como
missionárias as quais foram estratégicas para a expansão da igreja nascente
pelo mundo romano também entre os gentios.
Paulo
é chamado de apóstolo aos gentios, pois foi por meio dele que o evangelho e boa
parte dos escritos do Novo Testamento foram escritos e espalhados por todo o
mundo nos arredores do Mar Mediterrâneo. Neste ponto, afirma Nichols,
O Cristianismo espalhou-se, de sorte que, por
volta do ano 100 d.C., havia igrejas em inúmeras cidades da Ásia Menor e em
muitos lugares da Palestina, Síria, Macedônia e Grécia, em Roma e Puteoli, na
Itália, em Alexandria, e, provavelmente, na Espanha. (NICHOLS, 2000)
A
igreja primitiva era uma comunidade pequena de cristãos rodeada de toda sorte de
pagãos com suas práticas religiosas politeístas. Eram na maioria pessoas
pobres, muito embora houvesse também pessoas mais abastadas entre eles.
Contudo, o cristianismo lhes igualava e os mantinha em pé de igualdade.
Escravos, senhores e mulheres atingiam posição de honra nos pequenos grupos de
cristãos daqueles dias. Eles eram pessoas conhecidas como fervorosas e
destacadas no que concerne à moralidade no meio social. O fato é que o
politeísmo era amplamente imoral em suas práticas religiosas e os cristãos, por
sua vez, faziam exatamente o contrário em suas práticas, ou seja, viviam
naquele contexto fazendo um contraponto moral às práticas dos politeístas.
De
Jerusalém, conforme Jesus Cristo afirmou, para toda Judeia, Samaria e Galileia
e até os confins da terra. Assim a igreja de Cristo se espalhou pelo mundo. O
livro de atos mostra a morte de Estevam diante da presença de Saulo que veio a
se tornar o grande apostolo Paulo após a sua conversão, o qual se encarregou de
liderar as missões cristãs e espalhar igrejas pelo império romano. Ele, de
Antioquia da Síria, Atos 13.1-3, local onde fora escolhido ao lado de Barnabé
para fazer a primeira de três viagens missionárias relatadas no livro de atos,
espalhou igrejas pelo mundo antigo dominado pelo Império Romano. Vemos neste
contexto a igreja já em Antioquia da Síria, local em que “os discípulos de
Cristo foram chamados pela primeira vez de cristãos”. O fato é que a igreja primitiva,
após o concílio de Jerusalém, passou a se desvencilhar dos domínios da igreja
em Jerusalém. Conforme se pode verificar ela passa a abrir caminhos além das
suas fronteiras. Foi o que afirmou Nichols quando disse em seu livro sobre a
História a Igreja Cristã:
A decisão tomada no Concílio em Jerusalém, de
que os gentios não eram obrigados a obedecer a lei, abriu caminho para a
emancipação espiritual das igrejas gentílicas do controle judaico. (NICHOLS,
2000)
Portanto,
não seria uma igreja judaica, isto é, de práticas judaicas, mas uma igreja
puramente cristã. Ou seja, uma igreja que basearia suas práticas a partir dos
ensinamentos dos apóstolos. Logo, o cristianismo se espalhou pelo mundo antigo
e consolidou sua doutrina com os ensinamentos vindos dele mesmo e dos apóstolos
que estiveram com ele em seu ministério. Desta forma, a fé primitiva baseada
nas doutrinas dos apóstolos norteou toda prática cristã e se fortaleceu em meio
a perseguição que estes primeiros cristãos sofreram naqueles dias. Novos
lugres, novos líderes e assim a igreja se espalhava pelo mundo. Sobre este
tempo, afirma ainda Nichols,
A liderança espiritual da Igreja Cristã se
centralizou, então, em outras cidades, especialmente em Antioquia. Isto evitou
o perigo de que o cristianismo jamais se libertasse dos quadros do judaísmo.
Foi assim que a igreja se libertou do judaísmo
tornando-se a segunda religião monoteísta do planeta com discurso próprio
oriundo do judaísmo, mas distinta dele. O fato é que os judeus rejeitaram Jesus
rejeitando o “Evangelho do Reino”[1]. O Rei foi rejeitado, o
Messias não foi reconhecido. Entretanto, o plano de Deus continuaria por meio
do “Evangelho da Graça”[2] e todos os que seriam
salvos pelo mundo seriam salvos por meio deste discurso apresentado pela igreja
aos homens do mundo inteiro. Deus continuaria amando o mundo e este amor
revelado em Cristo seria apresentado ao mundo inteiro por meio de seus
discípulos. Os evangelhos e as cartas foram sendo escritos durante primeiro
século e um compendio de livros próprios chamados de Novo Testamento foram
sendo produzidos como um centro de tradição que nutriria o cristianismo e
fundamentaria e nortearia as suas ações.
Ao
final do primeiro século encontramos os escritos do apóstolo João, ou seja, o
Evangelho, as suas três cartas e o livro de apocalipse. Escritos estes
produzidos com o fim de preservar as verdades ensinadas por Cristo por meio de
uma testemunha ocular contra toda sorte de ensinamentos heréticos que se
espalharam pelo mundo antigo. João, o apóstolo, teve um papel importante na
igreja e preservaria as tradições cristãs contra uma espécie de
proto-gnosticismo[3]
que já assolava a igreja durante o primeiro século. Logo, seus escritos
contribuiriam muito para que a igreja se mantivesse pura na verdade dos fatos
transcorridos e firme na crença de que Cristo é o Filho de Deus que veio ao
mundo, morreu e ressuscitou para a salvação de todo aquele que crê no evangelho
da graça. (Jo. 3.16)
A vida em comum dos cristãos da primitiva
Igreja
A vida
comum da comunidade de discípulos na igreja primitiva trouxe uma das
características mais marcantes da igreja cristã, a saber: o serviço social. Isto mesmo, coube a igreja
primitiva o papel fundamental de assistir aos pobres. Viúvas e órfãos em
especial padeciam de toda sorte de necessidades, logo, ao chegarem a igreja
eram atendidos de modo que a igreja acabou por criar um sistema de atendimento
que, por meio de reuniões diárias, na expectativa da volta de Jesus, eles
compartilhavam seus bens enquanto compartilhavam os relatos acerca de quando
Jesus esteve por três anos entre eles, o que realizou, como viveu sem pecado, esperançosos
de sua volta a qualquer momento ainda naqueles dias do primeiro século.
Deste
modo, ficamos sabendo que houve logo no início da igreja primitiva, por meio da
criação do ministério dos diáconos, conforme atos 6, o tipo de serviço de Deus no
meio comunitário que promovia a igreja e apoiava os apóstolos numa situação
favorável ministerialmente para que eles pudessem se dedicar ao estudo das
Escrituras Sagradas, a pregação e o ensino da palavra de Deus e a atividade de espalhar
a mensagem do evangelho de Jerusalém para o mundo, enquanto os diáconos
cuidavam das demais necessidades entre eles. Sobre este ponto, Gonzalez afirma
que,
A criação de um grupo de homens para tomar
conta das necessidades foi outro acontecimento de relevância social ocorrido
ainda nos primeiros anos do nascimento da Igreja. A caridade deveria ser administrada por diáconos. (Gonzalez, 2011.)
Com
isso os apóstolos ficavam livres para o exercício da oração e do estudo da
Palavra de Deus como prioridade no papel de sua liderança espiritual primeva. Algumas
passagens no livro de atos sugerem e confirmam que haviam práticas sociais bem
no início da igreja, pois “todos os que creram estavam juntos, tinham tudo em
comum, vendiam suas coisas e repartiam os haveres entre os demais irmãos”.
(Atos 2.44). Contudo, não se deve esquecer que este tipo de feito é temporário,
é provisório, apenas para suprir demandas emergenciais, servindo apenas para
satisfazer as necessidades imediatas dos irmãos da comunidade inicial de
cristãos em Jerusalém. Pode se perceber que a medida que a igreja crescia
cresciam as necessidades dos pobres que estavam reunidos em comunhão com todas
as suas mazelas e o serviço diaconal ao que tudo indica foi bastante utilizado
como manifestação de cuidado dos pobres. Mais tarde, no entanto, vemos na
história da igreja primitiva o apostolo Paulo levantando a coleta de uma oferta
para ajudar os irmãos pobres em Jerusalém que estavam passando por
necessidades. O apóstolo Paulo prescreve regras para o cuidado das viúvas ao
escrever a sua primeira carta a Timóteo 5.3-16. Neste texto o apóstolo
prescreve as ações adequadas para o trato com as pessoas que realmente tinham
reais necessidades na igreja primitiva evitando assim os comportamentos
levianos e aproveitadores das “tagarelas e intrigantes” no meio do grupo. Ele
também destaca no o contexto a importância de os familiares atenderem as
necessidades das viúvas primeiramente a fim de que a igreja não ficasse
sobrecarregada. Segundo ele, “Se alguém não cuida de seus parentes, e
especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente.
” Vemos
com isso, portanto, que o cristianismo da igreja primitiva promoveu uma certa
mudança social no estado de coisas daqueles dias e na forma como se viam os
pobres que adentravam a igreja e começavam a fazer parte dela com todas as suas
necessidades sendo amados e ajudados naquela koinonia[4]. Um grande alerta para nós
em nossos dias está implícito nesta afirmação, a saber: a igreja não o ignorava
os pobres.
O
primeiro livro do Novo Testamento, Tiago, foi que primeiro afirmou que “a
religião pura e sem mácula para com o nosso Deus era cuidar dos órfãos e das
viúvas cuidando também de guardar uma moralidade sadia em relação ao mundo politeísta
profundamente depravado daqueles dias mantendo-se incontaminado dele. Outro
detalhe importante da igreja nascente naqueles dias foi a atenção especial em
termos de igualdade que a igreja de Jerusalém deu para o papel e a importância
da mulher na igreja. Sabemos das Escrituras Sagradas que as mulheres tiveram um
papel importante no ministério de nosso Senhor Jesus Cristo, e de igual modo,
também tiveram um papel fundamental no ministério eclesiástico missionário
durante os dias primitivos da igreja. González, em sua história ilustrada do
Cristianismo, afirma que “A igreja de
Jerusalém insistiu sobre a igualdade espiritual dos sexos e deu muita
importância às mulheres na igreja”.
(Gonzalez, 2011.) De modo que, homens, mulheres,
pobres, ricos, crianças e adultos, judeus e gentios, isto é, pessoas de toda
sorte, passaram a fazer parte da igreja e puderam aprender das grandezas de
Deus através dos ensinamentos dos apóstolos neste processo lento e gradativo de
crescimento e expansão da igreja primitiva. E, por meio desta vida em comum dos
primeiros cristãos que sofreram e foram ultrajados com toda sorte de
perseguições, a igreja se espalhou e ficou conhecida por meio da vida de homens
comuns que, transformados pelo evangelho, puderam sair pelo mundo espalhando a
mensagem de Cristo e estabelecendo igrejas por onde quer que estivessem indo.
Este modelo de igreja trouxe para nós desde o princípio um legado que de tempos
em tempos na história será revisitado com o intuito de reorientar a igreja e
seus destinos. De fato, a igreja primitiva será a base para todos movimentos
reformadores, como a reforma protestante, os reformadores radicais, os
puritanos e todos aqueles movimentos cristãos que se propuseram a reviver os
ideais neotestamentários na história. Sendo assim, sempre que a igreja precisa
de uma reforma ela a buscará no modelo de pureza e santidade deixado pelos
apóstolos como saúde para a igreja de todos os tempos.
Portanto,
pode se inferir deste conteúdo sobre a igreja primitiva apresentado nas asseverações
acima que, o início da igreja foi em Jerusalém no dia de Pentecostes. Esta
primeira igreja recebeu de seu Senhor após a sua ressurreição a missão de
espalhar-se pelo mundo pregando o evangelho da graça e estabelecendo igrejas
locais, o que de fato aconteceu nas localidades estratégicas de toda vastidão
do Império Romano. Ou seja, as pessoas iam se espalhando pelo império levando a
mensagem e compartilhando o testemunho de nosso Senhor Jesus Cristo aos homens.
Assim a igreja, mesmo em meio a perseguição, se estabeleceu, cresceu e se
fortaleceu historicamente desenvolvendo e espalhando a sua influência. Contudo,
a vida na Igreja primitiva era simples, as pessoas se relacionavam em pé de
igualdade, homens, mulheres, escravos, livres, gentios e judeus. Gente de todo
tipo, todos na igreja aprendendo a servir e a amar assim como Jesus amou. O
Culto na Igreja na igreja também era simples. Não havia estrutura patrimonial
sofisticada. A simplicidade implicava em se reunir para ler as Escrituras, orar
e cantar canções. Portanto, desde a sua mais tenra idade o culto da igreja era
de comunhão, adoração, instrução e oração. A Crença da Igreja, por sua vez, se
desenvolveu com o tempo por meio de sua literatura baseada no testemunho dos
discípulos próximos de Cristo, testemunhas oculares dos fatos ocorridos durante
os dias de Jesus aqui na terra. Além disso, deve-se notar também que o Governo
da Igreja primitiva era congregacional com pastores e diáconos escolhidos para
servir como oficiais da igreja.
BIBLIOGRAFIA
CAIRNS, Earle C. O Cristianismo através dos Séculos: uma
história da Igreja cristã. 3ed. São Paulo: Vida Nova, 2009.
FERREIRA,
Franklin. A Igreja cristã na história. São
Paulo, 2013.
GONzalez,
Justo. História Ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 2011.
NICHOLS, Robert
Hastings História da Igreja Cristã. 11ª ed. São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 2000.
WALKER,
Wiliston. História da igreja cristã.
Tradutor: Paulo Siepierski. 4ª ed. São Paulo: ASTE, 2015.
WILLIAMS,
Terri. Cronologia da História
Eclesiástica em Gráficos. Tradução de Paulo Siepierski. São Paulo, Edições
Vida Nova, 1993.
[1] Evangelho do Reino foi aquele
apresentado por Jesus em que Ele, como Rei, estabeleceria o seu Reino na terra
sendo recebido pelos seus. Mas os judeus não o reconheceram e o rejeitaram.
[2] Evangelho segundo o qual Jesus, Messias
Judeu, veio ao mundo, morreu e ressuscitou tornando-se a base da mensagem do
Evangelho para a salvação de todos os homens.
[3] Gnosticismo – O gnosticismo é um conjunto de correntes filosófico-religiosas
sincréticas oriundas da região do mediterrâneo durante os séculos I e II d.C.,
alicerçado em interpretações de relatos bíblicos e apócrifos pelo viés
filosófico médio-platônico e de cultos de mistérios greco-romanos e orientais.
[4] Koinonia
é uma palavra de origem grega e significa “comunhão”. Este termo se tornou
muito comum entre os cristãos, sendo utilizado no sentido de companheirismo,
participação, compartilhamento e contribuição com o próximo e com Deus.
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