29 de novembro de 2022

 A História da igreja primitiva: a igreja do primeiro século e sua expansão.

O surgimento da Igreja

Os primeiros anos da igreja podem ser considerados fundamentais para a sua história, pois foi a ocasião em que a ela solidificou os seus escritos deixando um legado inestimável para toda a posteridade eclesiástica. Podemos ver no livro de Atos, nas epístolas e nos evangelhos, além, é claro, de vermos no livro de apocalipse, uma quantidade significativa de informações que são extremamente necessárias e importantes para àqueles que buscam uma compreensão do período originário da igreja. Segundo Cairns entende, por exemplo, “Os focos do livro de Atos são a ressurreição de Cristo, como o assunto da pregação apostólica, e o Espírito Santo, como Capacitador e Guia da comunidade cristã a partir do Pentecoste. ” (CAIRNS, 1995.)

O livro de atos é, portanto, um livro muito importante para a história da igreja primitiva, pois logo no seu início, no segundo capítulo nos relata a origem da igreja após a ressurreição e ascensão de Jesus Cristo quando houve o sermão do apóstolo Pedro no dia de Pentecostes após o derramamento do Espírito Santo. Ocasião em que aquelas pessoas receberam o Espírito e falaram em outras línguas, isto é, outros idiomas, de maneira tal que os ouvintes que ali estiveram puderam presenciar o fato de “ouvirem as grandezas de Deus em suas próprias línguas maternas”. Portanto, o livro de atos nos mostra a fundação da igreja e a expansão de suas comunidades primitivas e de seu ideário por meio da divulgação dos ensinamentos cristãos. Nesta mesma direção Nichols afirmou que que desde então, “a Igreja Cristã, como uma comunidade destinada a dar testemunho de Cristo, vem proclamando o Evangelho e edificando o Reino de Deus na terra. ” (NICHOLS, 2000.)

Outra coisa que merece destaque no início de tudo é o fato de a igreja ter sido perseguida justamente no lugar onde ela começou, a saber, em Jerusalém. Os primeiros anos da igreja em Jerusalém foram de destaque até que veio a perseguição e a fez expandir-se na direção de outras nações até se espalhar pelo mundo através da pregação dos apóstolos, especialmente do apostolo Paulo em suas viagens missionárias também descritas no livro de Atos. Deste modo, a igreja primitiva surge e se expande pelo mundo antigo por meio do trabalho abnegado de muitos cristãos anônimos que junto com os demais apóstolos de Cristo e, segundo sua orientação doutrinária, desenvolveram o que viria a ser a igreja primitiva. É importante frisar que no processo de estabelecimento da igreja, há tarefas primordiais no que concerne a sua expansão e desenvolvimento. Segundo concluiu Gonzalez,

A primeira tarefa do cristianismo – e a mais importante – foi definir sua própria natureza em contraste com o judaísmo do qual surgiu. Como se vê no Novo Testamento, boa parte do contexto em que essa definição foi feita consistia na missão aos gentios. (Gonzalez, 2011.)

No entanto, o centro primitivo da igreja foi Jerusalém e, como já se pôde perceber anteriormente, o Império Romano havia criado um ambiente político favorável para a propagação do cristianismo nos primórdios de sua existência. Ou seja, a construção de estradas, as experiências acumuladas da história antiga na navegação, a expansão do comércio, a pax romana e uma série de outros fatores importantes que contribuíram para o florescimento da igreja em seus primórdios. Segundo Gonzalez afirma “desde bem cedo a igreja começou a abrir caminhos muito além dos limites do Judaísmo, a ponto de, sem demora, tornar-se uma igreja com maioria gentia. ” (Gonzalez, 2011.)

Ainda de acordo com o livro de atos, logo no seu primeiro capítulo, vê-se que o Espírito Santo teve um papel preponderante após a ascensão de Cristo ao céu. E já no segundo capítulo do livro somos informados da descida do Espírito Santo descrevendo o início da igreja a partir do sermão do apóstolo Pedro. A igreja se expandiu pelo mundo romano no primeiro século e a importância dos apóstolos foi fundamental como instrumentos nas mãos de Deus para a fundamentação doutrinária da igreja. Neste sentido, percebe-se que o crescimento da igreja foi rápido após o primeiro número de três mil convertidos. Logo a seguir havia chegado facilmente de acordo com o relato escriturístico a um número de cinco mil pessoas conforme o capitulo quatro de Atos, além da menção facilmente verificada no capítulo cinco de um crescimento significativo com o acréscimo de multidões ao âmbito da igreja de Cristo. Segundo Cairns afirma,  

“Parece paradoxal que o principal centro de inimizade contra Cristo tenha sido a cidade onde a religião começou. Mas esta é a realidade. Do ano 30 a aproximadamente 44, a igreja em Jerusalém manteve uma posição de liderança na comunidade cristã primitiva. ” (CAIRNS, 1995.)

Deste modo, o crescimento foi rápido, mas também a vida não foi fácil para os primeiros irmãos na fé, pois a perseguição veio com força logo na sua origem.

 

A perseguição da Igreja

Segundo se pode perceber dos relatos bíblicos em Atos, o Sinédrio foi o primeiro órgão político a perseguir a igreja. Ele tinha permissão romana para tal feito e supervisionava os aspectos mais relevantes da vida civil e religiosa do povo. Logo no capítulo doze de Atos ficamos sabendo da morte de Tiago e da prisão de Pedro sob o comando de Herodes. A seguir vemos a morte de Estevão servindo ele mesmo como uma espécie de primeiro mártir, fato este noticiado perante todos e de extrema importância para expansão do cristianismo. Neste sentido, sabe-se que os cristãos sofreram a princípio com uma espécie de perseguição no formato de ostracismo social, mas logo se tornou uma espécie de perseguição mais robusta a partir do imperador Nero, o qual perseguiu a igreja e matava os cristãos. E sabido de todos que ele supostamente teria colocado fogo na cidade de Roma e depois teria culpado os cristãos. Deste modo, os cristãos passavam a ser odiados, acusados de ateus por não praticarem a religião romana condenando os costumes dos pagãos no politeísmo grosseiro daqueles dias. Neste ponto Nichols afirma,

A partir de Nero (54 a 68 d.C.), o governo romano começou a hostilizar o Cristianismo, tentando eliminá-lo cruel e vigorosamente. Essa perseguição variava de intensidade conforme quem estivesse no poder. (NICHOLS, 2000)

De fato, Nero foi uma pessoa nefasta. Um insano! Um homem muito malvado com os cristãos, um grande perseguidor dos crentes primitivos. Sabemos que os cristãos sofreram uma perseguição atroz. Lançados às feras serviam de escarnio para um mundo cheio de expectadores que se divertiam assistindo os animais devorarem violentamente os corpos dos cristãos.

                https://aventurasnahistoria.uol.com.br

   Entretanto, a perseguição também se tornou um fator preponderante, como se pode perceber facilmente nas páginas do livro de Atos, para que a igreja nascente pudesse se espalhar e espalhar a sua mensagem por outras partes do mundo. Neste sentido, afirma Nichols,

A perseguição foi o meio pelo qual a Igreja nascente chegou a uma compreensão mais segura do Evangelho que Jesus lhe dera a pregar, e por ela alcançou uma visão mais ampla da obra que Jesus lhe propusera. (NICHOLS, 2000)

Foi um tempo em que os cristãos sofreram muito nas mãos de seus inimigos e essa perseguição vinha do poder oficial. Esse tempo é conhecido como um período em que houve muitos mártires, líderes anônimos e os apóstolos como Paulo, Pedro e os demais apóstolos que foram coroados como mártires.

 https://www.elevados.com.br/artigo/520/morrer-por-cristo:-os-martires-da-igreja-primitiva.html

Sendo assim, percebe-se que a perseguição teve um papel didático para a construção teológica da igreja e contribuiu também para que a ela ultrapassasse os limites das fronteiras de Jerusalém onde nascera expandindo-se pelo mundo romano vindo a se tornar mais adiante numa igreja imperial.

 

A Expansão da igreja

A expansão da igreja se deu por toda a vastidão do Império Romano. Sabe-se das Escrituras Sagradas que o apóstolo Paulo fez viagens conhecidas como missionárias as quais foram estratégicas para a expansão da igreja nascente pelo mundo romano também entre os gentios.

 https://www.a12.com/redacaoa12/historia-da-igreja/viagens-missionarias-de-sao-paulo-apostolo

Paulo é chamado de apóstolo aos gentios, pois foi por meio dele que o evangelho e boa parte dos escritos do Novo Testamento foram escritos e espalhados por todo o mundo nos arredores do Mar Mediterrâneo. Neste ponto, afirma Nichols,

O Cristianismo espalhou-se, de sorte que, por volta do ano 100 d.C., havia igrejas em inúmeras cidades da Ásia Menor e em muitos lugares da Palestina, Síria, Macedônia e Grécia, em Roma e Puteoli, na Itália, em Alexandria, e, provavelmente, na Espanha. (NICHOLS, 2000)

A igreja primitiva era uma comunidade pequena de cristãos rodeada de toda sorte de pagãos com suas práticas religiosas politeístas. Eram na maioria pessoas pobres, muito embora houvesse também pessoas mais abastadas entre eles. Contudo, o cristianismo lhes igualava e os mantinha em pé de igualdade. Escravos, senhores e mulheres atingiam posição de honra nos pequenos grupos de cristãos daqueles dias. Eles eram pessoas conhecidas como fervorosas e destacadas no que concerne à moralidade no meio social. O fato é que o politeísmo era amplamente imoral em suas práticas religiosas e os cristãos, por sua vez, faziam exatamente o contrário em suas práticas, ou seja, viviam naquele contexto fazendo um contraponto moral às práticas dos politeístas.

De Jerusalém, conforme Jesus Cristo afirmou, para toda Judeia, Samaria e Galileia e até os confins da terra. Assim a igreja de Cristo se espalhou pelo mundo. O livro de atos mostra a morte de Estevam diante da presença de Saulo que veio a se tornar o grande apostolo Paulo após a sua conversão, o qual se encarregou de liderar as missões cristãs e espalhar igrejas pelo império romano. Ele, de Antioquia da Síria, Atos 13.1-3, local onde fora escolhido ao lado de Barnabé para fazer a primeira de três viagens missionárias relatadas no livro de atos, espalhou igrejas pelo mundo antigo dominado pelo Império Romano. Vemos neste contexto a igreja já em Antioquia da Síria, local em que “os discípulos de Cristo foram chamados pela primeira vez de cristãos”. O fato é que a igreja primitiva, após o concílio de Jerusalém, passou a se desvencilhar dos domínios da igreja em Jerusalém. Conforme se pode verificar ela passa a abrir caminhos além das suas fronteiras. Foi o que afirmou Nichols quando disse em seu livro sobre a História a Igreja Cristã:

A decisão tomada no Concílio em Jerusalém, de que os gentios não eram obrigados a obedecer a lei, abriu caminho para a emancipação espiritual das igrejas gentílicas do controle judaico. (NICHOLS, 2000)

Portanto, não seria uma igreja judaica, isto é, de práticas judaicas, mas uma igreja puramente cristã. Ou seja, uma igreja que basearia suas práticas a partir dos ensinamentos dos apóstolos. Logo, o cristianismo se espalhou pelo mundo antigo e consolidou sua doutrina com os ensinamentos vindos dele mesmo e dos apóstolos que estiveram com ele em seu ministério. Desta forma, a fé primitiva baseada nas doutrinas dos apóstolos norteou toda prática cristã e se fortaleceu em meio a perseguição que estes primeiros cristãos sofreram naqueles dias. Novos lugres, novos líderes e assim a igreja se espalhava pelo mundo. Sobre este tempo, afirma ainda Nichols,

A liderança espiritual da Igreja Cristã se centralizou, então, em outras cidades, especialmente em Antioquia. Isto evitou o perigo de que o cristianismo jamais se libertasse dos quadros do judaísmo.

 Foi assim que a igreja se libertou do judaísmo tornando-se a segunda religião monoteísta do planeta com discurso próprio oriundo do judaísmo, mas distinta dele. O fato é que os judeus rejeitaram Jesus rejeitando o “Evangelho do Reino”[1]. O Rei foi rejeitado, o Messias não foi reconhecido. Entretanto, o plano de Deus continuaria por meio do “Evangelho da Graça”[2] e todos os que seriam salvos pelo mundo seriam salvos por meio deste discurso apresentado pela igreja aos homens do mundo inteiro. Deus continuaria amando o mundo e este amor revelado em Cristo seria apresentado ao mundo inteiro por meio de seus discípulos. Os evangelhos e as cartas foram sendo escritos durante primeiro século e um compendio de livros próprios chamados de Novo Testamento foram sendo produzidos como um centro de tradição que nutriria o cristianismo e fundamentaria e nortearia as suas ações.

Ao final do primeiro século encontramos os escritos do apóstolo João, ou seja, o Evangelho, as suas três cartas e o livro de apocalipse. Escritos estes produzidos com o fim de preservar as verdades ensinadas por Cristo por meio de uma testemunha ocular contra toda sorte de ensinamentos heréticos que se espalharam pelo mundo antigo. João, o apóstolo, teve um papel importante na igreja e preservaria as tradições cristãs contra uma espécie de proto-gnosticismo[3] que já assolava a igreja durante o primeiro século. Logo, seus escritos contribuiriam muito para que a igreja se mantivesse pura na verdade dos fatos transcorridos e firme na crença de que Cristo é o Filho de Deus que veio ao mundo, morreu e ressuscitou para a salvação de todo aquele que crê no evangelho da graça. (Jo. 3.16)

 

A vida em comum dos cristãos da primitiva Igreja

A vida comum da comunidade de discípulos na igreja primitiva trouxe uma das características mais marcantes da igreja cristã, a saber:  o serviço social. Isto mesmo, coube a igreja primitiva o papel fundamental de assistir aos pobres. Viúvas e órfãos em especial padeciam de toda sorte de necessidades, logo, ao chegarem a igreja eram atendidos de modo que a igreja acabou por criar um sistema de atendimento que, por meio de reuniões diárias, na expectativa da volta de Jesus, eles compartilhavam seus bens enquanto compartilhavam os relatos acerca de quando Jesus esteve por três anos entre eles, o que realizou, como viveu sem pecado, esperançosos de sua volta a qualquer momento ainda naqueles dias do primeiro século.

  https://www.esbocosermao.com/2011/02/vida-crista-na-igreja-primitiva.html

Deste modo, ficamos sabendo que houve logo no início da igreja primitiva, por meio da criação do ministério dos diáconos, conforme atos 6, o tipo de serviço de Deus no meio comunitário que promovia a igreja e apoiava os apóstolos numa situação favorável ministerialmente para que eles pudessem se dedicar ao estudo das Escrituras Sagradas, a pregação e o ensino da palavra de Deus e a atividade de espalhar a mensagem do evangelho de Jerusalém para o mundo, enquanto os diáconos cuidavam das demais necessidades entre eles. Sobre este ponto, Gonzalez afirma que,

A criação de um grupo de homens para tomar conta das necessidades foi outro acontecimento de relevância social ocorrido ainda nos primeiros anos do nascimento da Igreja. A caridade deveria ser administrada por diáconos. (Gonzalez, 2011.)

Com isso os apóstolos ficavam livres para o exercício da oração e do estudo da Palavra de Deus como prioridade no papel de sua liderança espiritual primeva. Algumas passagens no livro de atos sugerem e confirmam que haviam práticas sociais bem no início da igreja, pois “todos os que creram estavam juntos, tinham tudo em comum, vendiam suas coisas e repartiam os haveres entre os demais irmãos”. (Atos 2.44). Contudo, não se deve esquecer que este tipo de feito é temporário, é provisório, apenas para suprir demandas emergenciais, servindo apenas para satisfazer as necessidades imediatas dos irmãos da comunidade inicial de cristãos em Jerusalém. Pode se perceber que a medida que a igreja crescia cresciam as necessidades dos pobres que estavam reunidos em comunhão com todas as suas mazelas e o serviço diaconal ao que tudo indica foi bastante utilizado como manifestação de cuidado dos pobres. Mais tarde, no entanto, vemos na história da igreja primitiva o apostolo Paulo levantando a coleta de uma oferta para ajudar os irmãos pobres em Jerusalém que estavam passando por necessidades. O apóstolo Paulo prescreve regras para o cuidado das viúvas ao escrever a sua primeira carta a Timóteo 5.3-16. Neste texto o apóstolo prescreve as ações adequadas para o trato com as pessoas que realmente tinham reais necessidades na igreja primitiva evitando assim os comportamentos levianos e aproveitadores das “tagarelas e intrigantes” no meio do grupo. Ele também destaca no o contexto a importância de os familiares atenderem as necessidades das viúvas primeiramente a fim de que a igreja não ficasse sobrecarregada. Segundo ele, “Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente. ” Vemos com isso, portanto, que o cristianismo da igreja primitiva promoveu uma certa mudança social no estado de coisas daqueles dias e na forma como se viam os pobres que adentravam a igreja e começavam a fazer parte dela com todas as suas necessidades sendo amados e ajudados naquela koinonia[4]. Um grande alerta para nós em nossos dias está implícito nesta afirmação, a saber: a igreja não o ignorava os pobres.

O primeiro livro do Novo Testamento, Tiago, foi que primeiro afirmou que “a religião pura e sem mácula para com o nosso Deus era cuidar dos órfãos e das viúvas cuidando também de guardar uma moralidade sadia em relação ao mundo politeísta profundamente depravado daqueles dias mantendo-se incontaminado dele. Outro detalhe importante da igreja nascente naqueles dias foi a atenção especial em termos de igualdade que a igreja de Jerusalém deu para o papel e a importância da mulher na igreja. Sabemos das Escrituras Sagradas que as mulheres tiveram um papel importante no ministério de nosso Senhor Jesus Cristo, e de igual modo, também tiveram um papel fundamental no ministério eclesiástico missionário durante os dias primitivos da igreja. González, em sua história ilustrada do Cristianismo, afirma que “A igreja de Jerusalém insistiu sobre a igualdade espiritual dos sexos e deu muita importância às mulheres na igreja”. (Gonzalez, 2011.) De modo que, homens, mulheres, pobres, ricos, crianças e adultos, judeus e gentios, isto é, pessoas de toda sorte, passaram a fazer parte da igreja e puderam aprender das grandezas de Deus através dos ensinamentos dos apóstolos neste processo lento e gradativo de crescimento e expansão da igreja primitiva. E, por meio desta vida em comum dos primeiros cristãos que sofreram e foram ultrajados com toda sorte de perseguições, a igreja se espalhou e ficou conhecida por meio da vida de homens comuns que, transformados pelo evangelho, puderam sair pelo mundo espalhando a mensagem de Cristo e estabelecendo igrejas por onde quer que estivessem indo. Este modelo de igreja trouxe para nós desde o princípio um legado que de tempos em tempos na história será revisitado com o intuito de reorientar a igreja e seus destinos. De fato, a igreja primitiva será a base para todos movimentos reformadores, como a reforma protestante, os reformadores radicais, os puritanos e todos aqueles movimentos cristãos que se propuseram a reviver os ideais neotestamentários na história. Sendo assim, sempre que a igreja precisa de uma reforma ela a buscará no modelo de pureza e santidade deixado pelos apóstolos como saúde para a igreja de todos os tempos.

Portanto, pode se inferir deste conteúdo sobre a igreja primitiva apresentado nas asseverações acima que, o início da igreja foi em Jerusalém no dia de Pentecostes. Esta primeira igreja recebeu de seu Senhor após a sua ressurreição a missão de espalhar-se pelo mundo pregando o evangelho da graça e estabelecendo igrejas locais, o que de fato aconteceu nas localidades estratégicas de toda vastidão do Império Romano. Ou seja, as pessoas iam se espalhando pelo império levando a mensagem e compartilhando o testemunho de nosso Senhor Jesus Cristo aos homens. Assim a igreja, mesmo em meio a perseguição, se estabeleceu, cresceu e se fortaleceu historicamente desenvolvendo e espalhando a sua influência. Contudo, a vida na Igreja primitiva era simples, as pessoas se relacionavam em pé de igualdade, homens, mulheres, escravos, livres, gentios e judeus. Gente de todo tipo, todos na igreja aprendendo a servir e a amar assim como Jesus amou. O Culto na Igreja na igreja também era simples. Não havia estrutura patrimonial sofisticada. A simplicidade implicava em se reunir para ler as Escrituras, orar e cantar canções. Portanto, desde a sua mais tenra idade o culto da igreja era de comunhão, adoração, instrução e oração. A Crença da Igreja, por sua vez, se desenvolveu com o tempo por meio de sua literatura baseada no testemunho dos discípulos próximos de Cristo, testemunhas oculares dos fatos ocorridos durante os dias de Jesus aqui na terra. Além disso, deve-se notar também que o Governo da Igreja primitiva era congregacional com pastores e diáconos escolhidos para servir como oficiais da igreja.

 

BIBLIOGRAFIA  

 

CAIRNS, Earle C. O Cristianismo através dos Séculos: uma história da Igreja cristã. 3ed. São Paulo: Vida Nova, 2009.

 

FERREIRA, FranklinA Igreja cristã na história. São Paulo, 2013.

 

GONzalez, Justo. História Ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 2011.

 

NICHOLS, Robert Hastings História da Igreja Cristã. 11ª ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2000.

 

WALKER, Wiliston. História da igreja cristã. Tradutor: Paulo Siepierski. 4ª ed. São Paulo: ASTE, 2015.

 

WILLIAMS, Terri. Cronologia da História Eclesiástica em Gráficos. Tradução de Paulo Siepierski. São Paulo, Edições Vida Nova, 1993.

 



[1] Evangelho do Reino foi aquele apresentado por Jesus em que Ele, como Rei, estabeleceria o seu Reino na terra sendo recebido pelos seus. Mas os judeus não o reconheceram e o rejeitaram.

[2] Evangelho segundo o qual Jesus, Messias Judeu, veio ao mundo, morreu e ressuscitou tornando-se a base da mensagem do Evangelho para a salvação de todos os homens.

[3] Gnosticismo – O gnosticismo é um conjunto de correntes filosófico-religiosas sincréticas oriundas da região do mediterrâneo durante os séculos I e II d.C., alicerçado em interpretações de relatos bíblicos e apócrifos pelo viés filosófico médio-platônico e de cultos de mistérios greco-romanos e orientais.

[4] Koinonia é uma palavra de origem grega e significa “comunhão”. Este termo se tornou muito comum entre os cristãos, sendo utilizado no sentido de companheirismo, participação, compartilhamento e contribuição com o próximo e com Deus.

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