O FIM DA IDDE MÉDIA E OS PRE-REFORMADORES
JONH WICLYFF – JAN HUSS – JERÔNIMO SAVONAROLA
Introdução
“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de
gigantes.”
Esta é uma afirmação atribuída a ninguém menos que Isaac
Newton. E, de acordo com o site o Pensador, este é um “trecho de uma carta de Isaac
Newton para Robert Hooke, em 5 de Fevereiro de 1676, baseado numa metáfora
atribuída a Bernardo de Chartres”.
O que se compreende desta afirmação é que para que alguém
consiga alcançar voos mais altos, precisará, necessariamente, estar alicerçado
sobre aqueles “gigantes” que enxergaram longe com base em suas estaturas e bem trilharam
os seus caminhos. Estes gigantes, naturalmente, servem de base para que os
“simples mortais” consigam ainda maior notoriedade.
O caso de reformadores famosos como Lutero, Zwinglio e
Calvino é bem semelhante, pois alcançaram grande notoriedade em seus dias e
deixaram suas marcas registradas na história do cristianismo. Contudo, para que
estes reformadores protestantes da igreja tivessem tal notoriedade, eles
estiveram sobre os ombros de seus antecessores, aqueles que lhes precederam, os
quais enfrentaram grandes tormentas no
contexto da igreja medieval nos quais viveram e morreram.
Deste modo, os pré-reformadores, Jonh Wycliffe, Jan Hus e
Salvonarola, são os gigantes sobre os quais nos debruçaremos neste trabalho com
o fim de esquadrinhar suas vidas verificando a importância deles com seus
precedentes para o sucesso daquele movimento que viria a ser chamado de Reforma
Protestante.
1. O FIM DA IDADE MÉDIA
O final da Idade Média foi um tempo de decadência,
adversidade e instabilidade. Ouve naqueles dias uma série de movimentos
reformadores que contribuíram significativamente para o surgimento dos grandes
reformadores. Grandes e belíssimas catedrais no estilo gótico, além das
influências das sumas teológicas advindas produzidas através de uma série de
centenas de anos de harmonizações entre a filosofia e a teologia. Era uma época
de excepcional ansiedade espiritual e expectativas religiosas. Um mundo sedento
por Deus. Foi um tempo em que, conforme se pode perceber facilmente, pelos
escritos da época, havia muito desânimo e melancolia. É comum se afirmar sobre
o período medieval que teria sido “uma noite escura de mil anos”. Entretanto,
não é razoável afirmar que a Idade Média foi um período de densas trevas como
se nada de relevante tivesse acontecido. Pois há um misto de grandes coisas
acontecendo no mundo daqueles dias. Na verdade, esta afirmação feita de que a
“Idade Média foi uma noite escura de mil anos” está sobrecarregada das
concepções preconceituosas daqueles que viveram no período renascentista[1],
os quais saltaram sobre a época medieval fazendo uma releitura das concepções
clássicas greco-romanas produzindo um novo tipo de pessoa antropocêntrica e
hedonista. É como entende Timothy George quando afirma,
Mas longe de ser uma época de decadência vazia,
os dois séculos anteriores a Reforma Protestante, mostraram-se singularmente
vitais em face de desafios e mudanças sem precedentes. (George, 1993)
O final da Idade Média foi um
tempo de fome e peste. No início do século XIV, a crise agrária era muito
intensa, houve muitas revoltas camponesas nas quais eles lutavam por se verem
livres das correntes do feudalismo e a igreja se comportava como “senhora
feudal. Este sistema econômico feudal entrou em uma crise prolongada e houve
muitas consequências nefastas. A peste bubônica[2],
conhecida também como peste negra, arrasou pelo menos um terço da população de
toda Europa. Foram muitas mortes. Diante
de tal quadro, a morte era um tema recorrente nos sermões e nas pinturas da
época. Foi nesta época que surgiu a dança da morte, aquela caveira dançante
procurando as suas vítimas para tragar. Timothy George, ao descrever o cenário
macabro e sombrio daqueles dias afirma neste em sua Teologia da Reforma
Protestante sobre ponto que,
João Capistrano levou uma caveira para o
púlpito e advertiu sua congregação: “olhem e vejam o que resta de tudo aquilo
que uma vez lhes deu prazer, ou que outrora levou-os a pecar. Os vermes comeram
tudo”. (GEORGE, 1993)
Foi um período em que, de fato, se o pecador tivesse
condições de pagar por sua salvação, ele pagaria. Muitos, de fato, pagaram por
isso. Os pagamentos eram feitos de diversas formas. Eram feitos em forma de
doações para a igreja a qual realizava missas em favor dos que haviam morrido e
pagaram por isso. O fato é que os cristãos carregavam naqueles dias em seus
ombros um peso gigantesco do pecado e queriam se purificar a qualquer custo deste
insuportável sentimento de culpa e condenação. Havia um ativismo religioso
muito grande, um apetite enorme pelas coisas divinas, esta fome espiritual pode
ser vista, dentre outras coisas, através do comércio de indulgências e de toda
sorte de práticas com o fim de comprar o favor de Deus. A igreja daqueles dias
precisava de uma reforma, pois estava repleta de maus hábitos, havia se
afastado dos ideais neotestamentários.
2. JONH WYCLIFFE
O primeiro destes nomes dos pré-reformadores a ser estudado
é chamado de Jonh Wycliffe. Tão famoso que também é conhecido metaforicamente como
“ESTRELA DA MANHÃ. Esta metáfora é uma referência ao planeta vênus, aquela
estrela que aparece brilhando no céu algumas horas antes do sol nascer logo
pela manhã e por esta razão é conhecida com este nome. Logo, compreende-se de
maneira ilustrativa que antes do sol da Reforma brilhar trazendo luz aos
homens, esteve brilhando no céu este belíssimo teólogo pré-reformador.
Nascido na cidade de Yorkshire, Inglaterra, em 1329.
Atendeu à Universidade de Oxford e terminou o doutorado em Teologia em 1372.
Ele foi um iminente professor da Universidade de Oxford. Ao que se sabe, esta
seria a principal Universidade da Europa naqueles dias. Logo, ele era nada menos
que o principal professor da principal Universidade da Europa. Sabe-se que
também foi um dos grandes mestres da Universidade de Balliol.
Sabe-se dele que foi “reformador e Tradutor da primeira
Bíblia para o inglês. ” Quanto a tradução da Bíblia, ele fez a tradução no Novo
Testamento e, juntamente com seus associados fez a tradução do Velho
Testamento. Isto fizeram a partir do texto da Vulgata em Latim de São Gerônimo para
o Inglês, pois a tradução do grego se daria mais adiante durante o período da
Reforma Protestante. Deste modo, afirma-se que os seus discípulos o ajudaram a
concluir a tradução do Velho Testamento da Vulgata Latina de são Gerônimo para
a língua inglesa.
A sangrenta história das
traduções da Bíblia Harry Freedman https://www.bbc.com/portuguese/geral-48403194
Por ser o mais eminente teólogo de seus dias, teve a
oportunidade de ser o capelão do rei Ricardo II com acesso ao Parlamento.
Também não era para menos, pois o seu discurso teológico em nada agradava a
igreja e era significativamente agradável aos ouvidos da nobreza política de
sua época. Ele era um nacionalista, logo, defendia que o Estado teria o direito
de tomar os bens de uma igreja corrupta. Ele defendia que o exercício do
ministério sacerdotal exigia uma base moral esta doutrina extremamente
agradável aos nobres de sua época. Deste modo, as opções que lhe restavam não
estavam na igreja, mas na nobreza e na universidade nas funções acadêmicas e ao
lado da corte do rei.
O contexto em que se deram os acontecimentos de sua vida
foram o século XIV, logo, ele nasceu, viveu e morreu dentro do contexto do
terrível século XIV. Este foi o tempo da peste negra que matou um terço da
população da Europa, do cativeiro babilônico da igreja, ocasião em que o papado
esteve em Avinon na França. E, também, do grande cisma da igreja no Ocidente. Era
um período de grande desânimo e desilusão das pessoas com respeito a fé e a
religião católica, a saber, eram dias de desespero por falta de perspectiva, tempo
de profunda insegurança quanto a salvação porque o sistema de salvação era por
meio de obras, as quais não podiam salvar. Alguém disse que esse período era
“um verdadeiro inferno na terra”.
Quanto as suas influências, sabe-se que Wycliffe foi muito
influenciado por Thomas Bradwardine (1295-1349). Este viveu pouco, mas escreveu
um livro “sobre a causa de Deus” contra os pelagianos. A causa da sua morte
prematura foi a Peste Negra e isso aconteceu pouco tempo depois de assumir suas
funções como Bispo de Cantuária. Contudo, os seus escritos influenciaram
ardentemente a Wycliffe. Pode-se perceber ainda nitidamente, por seus conceitos
teológicos, que, naturalmente, há uma nítida influência do famoso monge Santo
Agostinho.
Quanto a sua teologia percebe-se com clareza que Jonh
Wycliffe queria reformar a igreja católica diante da tamanha corrupção de seus
dias. Para ele, o papa era “o principal vigário do demônio e os mosteiros eram
antros de ladrões, ninhos de serpentes, lares de demônios vivos”. (GEORGE, 1993) Ele opunha-se à venda de indulgências tão
comum em seus dias e queria abolir as ordens religiosas. Ele negava a
transubstanciação crendo na presença real/espiritual de Cristo durante a
cerimônia. Essa crença, na verdade, era
um ataque ao fato que a salvação não estava nas mãos dos sacerdotes. Em sua
crença ele afirmava ainda que a Bíblia era autoridade única para a vida do
crente e que a igreja medieval, corrompida em seu processo histórico deveria se
amoldar tão somente a igreja do NT. Pois segundo se podia verificar com
facilidade no contexto daqueles dias, “Era possível estar na igreja sem ser da
igreja, pois mesmo os papas podiam estar entre os réprobos, e nesse caso não
deveriam ser obedecidos.”
As suas ideias foram condenadas em 1382 no que ficou
conhecido como o “concílio do terremoto” e ele foi obrigado a se retirar em
exílio para sua paróquia em Lutterworth. Segundo ficamos sabendo de Timothy
George, “Ao final de sua vida Wyclife rejeitou o sistema papal como um todo e
exigiu sua abolição” (GEORGE, 1993) Contudo, suas ideias continuaram a serem
propagadas por seus discípulos e o seu trabalho gerou um grupo de pregadores
leigos chamados lolardos os quais pregaram por toda Inglaterra. Alguns
afirmaram que era difícil encontrar entre três pessoas uma que não tivesse sido
influenciada pelas doutrinas de Wycliffe. Os lolardos tiveram um papel
importante na divulgação das doutrinas de Wycliffe. Sabe-se que ele valorizava
muito a pregação. Deste modo, as ideias de Wycliffe influenciaram muito na
preparação do caminho para a Reforma na Inglaterra.
A sua morte se deu em 1384. Ele teve um derrame e morreu
algum tempo depois. Jonh Wycliffe mesmo
depois de morto, também foi condenado como herege pelo Concílio de Constança, e
45 de seus ensinamentos foram tidos como heresias. Por causa disso, a Igreja
Romana deu ordem para escavar sua sepultura, exumar o seu corpo, queimar os
seus ossos, e lançar suas cinzas no rio Swift em 1428.
John Wycliffe foi o principal expoente de medidas
reformadoras, e por isso é chamado de “Estrela d'Alva da Reforma”.
3 JAN HUSS
O segundo personagem importante entre os pré-reformadores
que também brilhava no céu nebuloso do fim da
idade medieval e antes da Reforma Protestante chama-se Jan Huss. Este brilhante
teólogo que fora também influenciado pelos ensinos de Wycliffe, muito embora
afirmasse que as doutrinas que seguia, eram de bíblicas, isto é, era de Jesus Cristo.
O fato é que estudantes que foram estudar em Oxford, na Inglaterra, trouxeram
as ideias, as doutrinas e os livros de Wycliffe de modo que esta influência se
espalhou pela Boêmia.
Sabe-se que Jan Huss nasceu e viveu na Boêmia, região atualmente
conhecida como República Tcheca. Estudou na Universidade de Praga, virou
professor da mesma universidade e depois tornou-se ainda reitor deste mesmo centro
de ensino. Ele também era pastor na capela de Belém em Praga onde a Palavra era
pregada na língua do povo periodicamente. Na verdade, a capela em que
costumeiramente pregava havia sido construída por uma nobre que financiara a
obra com o fim de que centenas de pessoas o ouvisse pregar seus sermões na
própria língua materna. Muitos se aglomeravam entusiasmados para ouvir Jan Huss
pregar a Palavra de Deus.
Os dias de Huss não eram dais fáceis para a igreja cristã,
pois era o tempo chamado e conhecido pelos historiadores como “cativeiro
babilônico”, isto é, um tempo em que o papado da igreja esteve cativo em Avinon
na França e que a igreja tinha mais de um Papa rivalizando quanto a questões de
poder. Contudo, para Huss, não importava quantos cabeças a igreja tinha, isto
é, quantos papas comandavam a igreja, desde que o fato solidamente estabelecido
e de inteira relevância para a cristandade, é que Cristo é o cabeça da igreja.
Suas doutrinas incluíam uma forte ênfase na autoridade da
Palavra de Deus, palavra esta, traduzida para a língua que as pessoas pudessem
compreender. Ele também enfatizava a salvação somente pela graça de Deus. Em um
tempo de indulgências, onde as pessoas compravam a salvação, ou seja, ocasião
em que a igreja cobrava para conceder salvação as pessoas, Huss se opunha ferozmente
em sua teologia. Logo, por estas e outras razões sofreu a excomunhão da igreja e
Praga sofreu interdição, isto é, todas as igrejas foram fechadas e as pessoas
foram proibidas de irem as reuniões.
Porém, ele abandonou a cidade para minimizar os efeitos da interdição
sobre a cidade. Ainda por este tempo foi convocado ao Concílio de Constança,
Concílio este, com grande autoridade e representatividade para decisões
importantes com respeito a questões relevantes com referência à igreja naqueles
dias. Na ocasião, lhe foi prometido pelo rei Sigismundo salvo conduto para que
comparecesse ao Concílio para defender sua causa debaixo do poder do rei, mas mesmo
diante de tal proteção real, como recusara retratar-se, foi condenando pelo Concílio
e queimado publicamente na fogueira como uma demonstração de poder da parte da
igreja e para servir de exemplo do que se faz com hereges.
Seus escritos também foram queimados, porém houve um livro
escrito por ele que sobreviveu. O livro dos seus escritos que sobreviveu
chama-se “De Ecclesia”. A verdade é que ninguém consegue segurar um homem como
este, pois o impacto de sua morte consegue espalhar suas convicções. Seus
discípulos mais radicais ficaram conhecidos na história da igreja como
Taboritas, os quais rejeitaram tudo na fé e na prática católica que não
estivesse na Bíblia. Deles surgiram os irmãos Boêmios, também chamados de
irmãos unidos. Deles também, ainda, se sabe que surgiu a igreja Morávia, aquela
conhecida como fortemente missionária na história da igreja cristã.
A importância dele é inestimável, pois sabe-se que Huss
teve um grande impacto na vida de Martinho Lutero e que também foi de enorme influência
para Jonh Wesley.
Quanto a sua morte Jan
Huss foi condenado como herege, despido queimado na estaca fora da cidade no
dia 6 de julho de 1415. Destaca-se que na ocasião, enquanto Huss era queimado,
morreu cantando o hino em grego “Kyrie eleeson” (Senhor, tem misericórdia). O
local de sua morte é marcado até hoje com uma pedra memorial. Ficou fortemente
marcado na história da igreja e promoveu um impacto gigantesco, pois com o sua
coragem e forte convicção enfrentou a todos e mesmo sendo traído não abril mão
de suas convicções.
4 JERÔNIMO SAVONAROLA
O último dos pré-reformadores alistados aqui é Savonarola. A
vida deste pré-reformador se deu mais próximo do período da Reforma, pois os
acontecimentos da sua vida se deram durante o período do início do movimento
renascentista ocorrido a partir de Florença. Ele nasceu em Ferrara na Itália e
viveu nos idos de 1452 a 1498. Ele era o terceiro dos sete filhos da sua
família. Tinha pais cultos e mundanos, mas de grande influência. Seu avô
paterno era um médico de renome na corte da cidade onde ele nasceu. Deste modo,
foi fortemente influenciado pelo seu avô que tinha crenças fortemente voltadas
para a fé genuína na Palavra.
Tornou-se MONGE dominicano em 1474 e foi designado para
Florença. Ele em seu fervor queria reformar a Igreja e o Estado. Pelo que se
sabe ele teve uma desilusão amorosa porquê a moça com quem se relacionou, que
era de família nobre e natural de Florença, mostrou ser desonroso para ela casar-se
com um Salvonarola. Então ele abandonou a ideia de casar-se abraçando a vida
monástica destacando-se por sua vida de oração, devoção, contemplação, jejum e
de humildade. Sabe-se que por ser diligente e habilidoso pensador lecionou
filosofia a convite do convento até o final de sua estadia no convento.
Era uma pessoa de vida simples e sabe-se que em seus
escritos escreveu sobre a simplicidade cristã e tornou-se um grande pregador na
cidade de Florença, coração da Renascença tendo influenciado muitos artistas
renomados. Pensa-se neste sentido que possivelmente influenciou o grande
artista Michelangelo em sua obra na Capela Sistina, pois segundo se diz, ele
apreciava muito os seus sermões e sentava-se com o fim de ouvi-lo sempre.
Os sermões de Savonarola provocaram grande repercussão no
meio do povo de Florença, na Itália. Logo, influenciados pelos seus ardentes
ensinamentos contra o luxo e a ostentação, as pessoas largaram os livros
obscenos e as publicações torpes e mundanas e com isso voltavam-se para servir
a Deus. Largaram também as máscaras carnavalescas e os objetos supérfluos que
serviam plenamente a vaidade e os reuniram numa enorme fogueira com cerca de 20
metros de altura e atearam-lhe fogo, no que ficou conhecido naqueles dias como
episódio da “fogueira das vaidades”.
Sabe-se que Savonarola tentou reformar a igreja e a cidade
de Florença a qual tornou-se uma espécie de TEOCRACIA. E, neste sentido,
Salvonarola foi o seu líder tendo um impacto significativo sobre as vidas das
pessoas em seus dias. Ele pregava os seus sermões contra toda sorte de VÍCIOS,
CRIMES, CORRUPÇÃO E DECADÊNCIA GENERALIZADA na igreja do século XV. Digno de
nota também é o fato que ele pregava contra a vida desregrada do Papa e por
essa razão foi condenado e enforcado. Por pregar contra a corrupção da igreja,
Salvonarola foi ameaçado, excomungado e, por ordem do papa, foi queimado em
praça pública.
Savonarola foi um instrumento nas mãos de Deus naqueles
dias para fazer ataques a igreja corrupta e aos desmandos do Estado. O que se
sabe é que o ambiente político também não era bom e este fato trouxe uma série
de complexidades para sua vida. Este foi mais um dos grandes nomes antes da
reforma protestante que tentou reformar a igreja, mas que não obteve o sucesso
dos grandes reformadores dos anos seguintes a sua história de vida. De fato, esta foi mais uma das vozes a pedir a reforma da
igreja romana. E pelo que se percebe, foi um dos mais importantes a antecipar e
influenciar mais de perto a obra dos reformadores.
5 CONCLUSÃO
Estes homens foram grandiosos e tiveram papeis importantes
para o que viria a ser a grande Reforma Protestante no século XVI promovida por
Lutero e Calvino dentre outros. Eles ousaram enfrentar a igreja católica num
tempo de grandes dificuldades e tiveram suas vozes silenciadas. Porém, os seus
escritos impactaram a muitos. Percebe-se que, a eles, poderíamos usar aquela
hipérbole conhecida das Escrituras porque realmente eram “homens dos quais o
mundo não era digno”, isto posto que fizeram das suas vidas instrumentos
valiosíssimos para a história da humanidade. Na verdade, Deus os usou
grandiosamente como instrumentos para exortar o mundo dos seus dias e o seu
legado deve ficar marcado na história.
Deve-se notar neste ponto que Wyclifffe, Huss e Salvonarola
não tiveram a notoriedade dos grandes reformadores do protestantismo. Porém,
conforme disse Isaac Newton, citado no início deste trabalho: “Se
eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes. ” Deste
modo, acredito que a história tem uma dívida para com estes pré-reformadores,
pois pouco se sabe sobre ele e seus escritos. Quando se examina a Reforma
Lutero e Calvino aparecem como gigantes, e de fato, foram grandes escritores de
tal forma que uma mudança significativa foi patrocinada no seio do cristianismo
a partir da influência marcantes destes e de outros reformadores. Entretanto, cabe
a nós aprofundar a nossa compreensão por meio de pesquisa que possa trazer mais
luz sobre os tempos dos pré-reformadores e do grandioso papel que desenvolveram
no meio da igreja, mesmo pagando com as suas próprias vidas por isto. De modo
que pagaram com suas próprias vidas por suas convicções doutrinárias e por seu
amor sincero e até ingênuo, como percebe-se no caso de Jan Huss ao aceitar
comparecer perante o Concílio de Constança.
Deste modo, somos devedores de Wyclyffe, Huss e Salvonarola
e devemos aprofundar o nosso conhecimento sobre estes gigantes, pois se Lutero,
Calvino, Zwinglio e outros viram mais longe é porque de fato estiveram sobre os
ombros de gigantes e estes gigantes motivaram a realização entusiasmada deste
trabalho. De modo que somos gratos a Deus pelas vidas destes homens e esperamos
aprofundar nosso conhecimento sobre eles e apresenta-los em um artigo futuro.
BIBLIOGRAFIA
CAIRNS,
Earle E. O Cristianismo através dos
Séculos: uma história da igreja cristã. 2ª Edição São Paulo: editora Vida
Nova 1995, p. 420-436.
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https://www.youtube.com/watch?v=gPHA0nN051U
Acesso: 17/05/2020 às 21:43min.
https://www.youtube.com/watch?v=-U1QPQ2do5w Acesso: 22/05/2020 às16:37min
[1] Renascimento,
ou Renascimento Cultural, é o período da História europeia em que houve a
retomada de temas, ideais e técnicas utilizadas durante a Antiguidade greco-romana,
nos campos da arte, da ciência e da filosofia.
[2] A
peste negra foi uma pandemia que acometeu a Europa no século XIV provocada pelo
bacilo Yersinia pestis e deflagrada a partir do ano de 1348. Esse acontecimento
figurou entre aqueles que caracterizaram a crise da Baixa Idade Média, sendo os
outros as revoltas camponesas no século XIV e a crise do feudalismo.
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