25 de dezembro de 2024

 

UNIB

UNIVERSIDADE IBIRAPUERA

 

 

ALMIR DE SOUZA CRUZ

 

 

 

 

 

                                                                  

O IMPACTO DA MODERNIDADE LÍQUIDA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SÃO PAULO

2024

ALMIR DE SOUZA CRUZ

 

 

 

 

O IMPACTO DA MODERNIDADE LÍQUIDA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

 

 

 

 

 

 

 

Pesquisa apresentada ao Programa Stricto Sensu da UNIB, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Educação, Cultura e Subjetividade.

                Orientador (a):  Prof. Dr. Diego Moreira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SÃO PAULO

2024


 

BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE – UNIB

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TERMO DE APROVAÇÃO

 

 

 

ALMIR DE SOUZA CRUZ

 

 

 

 

 

O IMPACTO DA MODERNIDADE LÍQUIDA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

 

 

 

 

 

Dissertação submetida e apresentada ao Programa Stricto Sensu da UNIB, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Educação, Cultura e Subjetividade, e aprovada pela seguinte banca examinadora em 07/012/2024:

 

 

 

 

 

_____________________________________

Prof. Dr. Diego Moreira

(Orientador)

 

 

 

 

_____________________________________

Dr. Bruno Gomes Pereira

 

 

 

 

 

__________________________________

Dr. Vagner Aparecido Marques

 

 

 

 

 

 

 

São Paulo, 07 de dezembro de 2024.




AGRADECIMENTOS

 

 

Aos nossos pais e irmãos pelo exemplo e pela amizade. Sempre solícitos!

 

Ao orientador Professor Dr. Diego Moreira pela orientação e estímulo. Um amigo e irmão! Um professor humilde que é apto para ensinar e que é um estímulo para os seus alunos.

 

Ao Coordenador do Curso de Educação, Cultura e Subjetividade pelas infinitas contribuições.

 

Aos professores do Curso de Educação, Cultura e Subjetividade nosso eterno agradecimento pelas preciosas contribuições e estímulos em classe durante as aulas do curso.

 

Aos funcionários da Unib pela paciência e presteza em suas atividades. Cada um no seu tempo contribuindo à sua maneira.

 

Aos colegas de turma que, de uma forma geral, durante o processo, contribuíram com esta pesquisa. Amigos chegados como irmãos.

 

A minha querida esposa e parceira com quem divido apaixonadamente a vida e momentos como estes. Juntos nesta grande responsabilidade de educar a próxima geração.

 

Aos meus filhos queridos a quem deixo este legado como exemplo e desafio.

 

Ao meu Deus, a quem amo e continuamente sirvo com todo meu coração.

 

 

 

 

RESUMO

 

 

Esta pesquisa aborda os impactos da modernidade líquida, conforme o conceito de Zygmunt Bauman, na formação continuada de professores da educação básica no estado de São Paulo, Brasil, considerando os desafios e as transformações percebidas e impostas por uma sociedade caracterizada por incertezas, instabilidades e pela superfluidez. Partindo de uma fundamentação teórica que explora a transição da modernidade sólida para a modernidade líquida, o estudo analisa como a volatilidade das relações sociais e a rápida obsolescência do conhecimento afetam diretamente as práticas pedagógicas e os processos formativos dos docentes na contemporaneidade. A pesquisa se utiliza de dados recentes de plataformas como o Ministério da Educação (MEC) e da CAPES para identificar as tendências, as lacunas e as oportunidades nas políticas públicas educacionais voltadas à formação continuada docente. Os resultados revelam que, embora tenham ocorrido avanços nas últimas décadas no que concerne a qualificação docente, como o aumento de professores com pós-graduação, muitos desafios persistem, incluindo a precarização do trabalho docente, o acesso desigual às oportunidades de formação e a dificuldade de acompanhar as demandas tecnológicas e pedagógicas dessa era líquida. Além disso, evidencia-se a necessidade de estratégias educacionais que combinem competências técnicas e formação crítica, permitindo aos professores lidarem com as demandas de um mundo cada vez mais dinâmico e digitalizado. Por fim, o estudo destaca a importância de políticas públicas que reconheçam a complexidade do cenário educacional contemporâneo e promovam formações continuadas mais integradas, reflexivas e contextualizadas. Com isso, busca-se contribuir para um sistema educacional mais inclusivo, que atenda às necessidades dos educadores e favoreça uma educação de maior qualidade para os alunos da educação básica.

 

 

Palavras-chave: Pós-modernidade. Modernidade Líquida. Fluidez. Educação. Impacto. Pós-graduação. Formação continuada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ABSTRACT

 

 

This research addresses the impacts of liquid modernity, according to the concept of Zygmunt Bauman, on the continuing education of basic education teachers in the State of São Paulo, Brazil, considering the challenges and transformations perceived and imposed by a society characterized by uncertainties, instability and for the superfluidity. Starting from a theoretical foundation that explores the transition from solid modernity to liquid modernity, the study analyzes how the volatility of social relations and the rapid obsolescence of knowledge directly affect pedagogical practices and the formative processes of teachers in contemporary times. The research uses recent data from platforms such as the Ministry of Education (MEC) and CAPES to identify trends, gaps and opportunities in educational public policies aimed at teaching training. The results show that although advances in recent decades have occurred in terms of teaching qualification, such as increasing teachers with graduate school, many challenges persist, including the precariousness of teaching work, unequal access to training opportunities and difficulty opportunities and the difficulty. to accompany the technological and pedagogical demands of this liquid era. In addition, the need for educational strategies that combine technical skills and critical formation are highlighted, allowing teachers to deal with the demands of an increasingly dynamic and digitized world. Finally, the study highlights the importance of public policies that recognize the complexity of the contemporary educational scenario and promote continuous more integrated, reflective and contextualized formations. With this, it seeks to contribute to a more inclusive educational system that meets the needs of educators and favors a higher quality education for students of basic education.

 

Keywords: Postmodernity. Liquid modernity. Fluidity. Education. Impact. Postgraduate. Continuing background.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

 

MEMORIAL ACADÊMICO

 

INTRODUÇÃO 11

 

CAPÍTULO 1: DISCUSSÕES SOBRE MODERNIDADE LÍQUIDA 15

1.1 Bauman e a Teoria da Modernidade Líquida...............................................15

1.2 Problematizando a ideia de cultura, identidades e consumo.......................17

1.3 A Fragilidade dos Laços Humanos..............................................................19

 

CAPÍTULO 2: IMPACTOS DA ERA LÍQUIDA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE. 20

2.1 Problemas e desafios para a Educação na Era da Globalizada..................20

2.2  Formação Continuada do Professor............................................................26

2.3  Iniciativas para a formação docente............................................................30

2.4  Mapeamento de Pesquisas sobre Modernidade Líquida na Formação Continuada Docente.....................................................................................34

 

CAPÍTULO 3: PERCURSO METODOLÓGICO 66

3.1 Tipo e Abordagem de Pesquisa...................................................................66

3.2 Instrumento e Técnica de Pesquisa.............................................................66

3.3 Universo de Pesquisa. .................................................................................67

3.4 Critérios para Recorte dos Dados. ..............................................................68

3.5 Categorias de Análises. ...............................................................................68

 

 CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO 69

4.1 Progressão de carreira. ...............................................................................70

4.2 Desempenho do conhecimento....................................................................70

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS .71

 

REFERÊNCIAS 76

 

MEMORIAL ACADÊMICO

 

O início de minha trajetória acadêmica se deu na área teológica onde eu me graduei como bacharel em teologia. Assumi duas pequenas igrejas Batistas conservadoras na Região Metropolitana do Recife onde trabalhei com afinco servindo aquelas comunidades em seus contextos sociais como sacerdote enquanto o Brasil passava por grandes mudanças na área de educação durante os anos de 1990, 2000, 2010 e 2020. Neste ínterim, por questão de interesses na área de história que contribuíam significativamente para a minha carreira como pastor, comecei a minha graduação na área de História licenciando-me e tornando-me professor. Como teólogo, me especializei mestrando em ministério pelo Seminário Batista Logos de São Paulo, antigo Sebarsp.  

Curioso, cheio de expectativas boas ao conhecer a maior metrópole do Brasil, mudei-me para São Paulo e continuei estudando. Especializei-me em História da Igreja na Faculdade Teológica Batista de São Paulo realizando um sonho antigo. Entusiasmado com os meus estudos teológicos e todo legalismo proposto pela religião, enveredei pelo caminho do Direito e busquei formação nesta área tornando-me Bacharel para compreender melhor as leis brasileiras, os precedentes e as jurisprudências que estimulam as produções de novas leis no contexto social.

Enquanto concluía a minha terceira graduação, aproveitei para fazer uma nova pós-graduação pela PUCRS, na área de Ciências Humanas, tendo mais intimidade acadêmica com a história, filosofia e sociologia, ocasião em que tive contato mais de perto com o teórico Bauman que despertou o meu espírito para pesquisar sobre o impacto da Modernidade Líquida na Educação, especialmente na formação continuada de professores. Concluí o curso com a produção de um artigo sobre a temática e logo parti para o Mestrado em Educação, Cultura e Subjetividade da Unib, o qual me despertou para a ampliação dos horizontes acadêmicos da sociedade líquida despertando-me mais ainda para que produzisse algo que fosse relevante e que mostrasse os impactos da era líquida na formação continuada de professores e, consequentemente, no trabalho destes professores no âmbito da educação básica da cidade de São Paulo.

Portanto, como homem que chegou a casa dos 50 anos de idade, tendo vivido 26 anos no milênio passado e 24 anos no milênio atual, esta pesquisa é resultado do meu contato pessoal e consciente com as últimas décadas como testemunha ocular dos fatos que se descortinaram diante dos meus olhos, os quais foram traduzidos e explicados por Bauman e me trouxeram ao nível do espanto, da curiosidade, do apreço e da consciência crítica para um melhor entendimento do meu trabalho como pastor, professor e operador do direito no contato com as pessoas, objetivando contribuir com as pessoas a minha volta deixando um legado de consciência crítica como sujeito ativo no exercício da minha cidadania.

A escolha da investigação sobre a modernidade liquida e seus impactos na educação continuada a partir da ótica de Zygmunt Bauman vem do fato que a descrição da contemporaneidade feita por ele trouxe-me grande entusiasmo desde que diante do exposto por ele, pode-se entender o mundo a volta e ter-se explicações fundamentais da era líquida. A pesquisa, portanto, se deu a partir da visão de Bauman que descreveu a contemporaneidade e, muito embora não seja um teórico da educação, ao ser questionado, por vezes opinou sobre suas impressões dos efeitos e consequências da era líquida na educação. Por tanto, investigou-se o que ele disse e as implicações perceptíveis no âmbito da formação continuada conforme define em sua obra sobre formação continuada a doutora Alda Junqueira Marin.

A pesquisa, no entanto, foi desenvolvida com base em dados fornecidos pelas plataformas do Ministério da Educação (MEC) atualizados do ano 2023 e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), os quais permitiram uma análise criteriosa e aprofundada sobre os impactos da modernidade líquida na formação continuada de professores da educação básica em São Paulo no Brasil. Essas bases de dados foram fundamentais para a identificação de tendências, desafios e oportunidades no campo educacional, possibilitando a construção de um panorama atualizado e consistente como se poderá percebe


1 INTRODUÇÃO

 

Mudanças sociais não são novidade na história da humanidade. Em cada época, a humanidade vive tempos contínuos de transição que implicam em profundas mudanças sociais. Na historiografia eurocêntrica, por exemplo, percebem-se mudanças que receberam nomes diversos tais como, Idade da Pedra, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Nota-se, portanto, que os nomes atribuídos aos períodos de tempo em foco, são oriundos do fato que eles apresentaram certas características que implicaram em mudanças culturais significativas com processos transicionais em relação ao período precedente.

Eruditos como Michel Maffesoli, sociólogo francês, conhecido sobretudo pela popularização do conceito de tribo urbana, nas últimas décadas, perceberam mudanças significativas na estrutura da sociedade, as quais chamaram de pós-modernidade. Ele percebeu que a perspectiva pós-moderna molda cada vez mais o comportamento dos homens em nossa sociedade. Segundo Maffesoli, “O que faz a cultura é a opinião, o pensamento do espaço público, que constituem o cimento emocional da sociedade. ” (MAFFESOLI, 2006). Neste sentido, a pós-modernidade, é uma cultura que tendo emergido nas últimas décadas estabelece uma visão de verdade distinta da época precedente. Ela, portanto, é compreendida como uma estrutura sociocultural caracterizada pela globalização e pelo sistema capitalista e nela, verificaram-se consideráveis mudanças. Logo, a consciência pós-moderna implica necessariamente num tipo radical de pluralismo e relativismo. Deste modo, ela constitui uma ruptura em relação às suposições do passado moderno que a precedeu. Charles Jenks, um destes escritores mais antigos que procurou definir a pós-modernidade, afirmou que,

 

A pós modernidade é fundamentalmente, a mistura eclética de uma tradição qualquer com a tradição do passado imediato: é, a um só tempo, a continuação do modernismo e sua transcendência. Suas melhores obras têm como característica a duplicidade de códigos e a ironia, a padronização de um amplo espectro de opções, o conflito e a descontinuidade das tradições, porque é a heterogeneidade que capta com maior clareza nosso pluralismo. (JENKS, 1989.)

 

Ademais, outras questões relevantes puderam ser percebidas no contexto da sociedade pós-moderna, tais como o foco social mudado do indivíduo para a comunidade, ou seja, a tribo urbana em que o indivíduo está inserido passa a ter o foco principal. Já no contexto do conhecimento, a mudança se deu passando-se da verdade objetiva para a subjetiva, na qual se deu mais espaço culturalmente às questões subjetivas e a subjetividade. Sendo assim, passou-se na pós-modernidade da primazia das palavras para a importância fundamental das sensações produzidas pelas imagens, nas quais se observa a prioridade da imagem em relação ao texto. Além disso, percebeu-se uma mudança contextual da meta-narrativa do período precedente para momento de prevalência da micronarrativa. Deste modo, os pós-modernistas, sentem-se bem confortáveis em suas produções sociais ao misturarem questões tradicionalmente incompatíveis. Pós-modernidade, portanto, foi o termo utilizado para definir e explicar o comportamento social da contemporaneidade. 

No entanto, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, após ter mergulhado nas questões referentes a pós-modernidade, abandonou este conceito, preferindo a utilização do termo “Modernidade Liquida”[1] para explicar estas mudanças profundas em diversas áreas da sociedade seja no campo sociológico ou filosófico. O termo modernidade liquida está associado metaforicamente ao fato que os líquidos não possuem forma e podem deslizar facilmente de um canto para outro num certo recipiente. Eles se amoldam a todo e qualquer ambiente em que estiverem colocados, logo, esta condição traz a ideia metafórica de adequação e adaptação constante no que concerne a vida humana nos seus mais diversos aspectos.

Ao ser entrevistado no livro Educação e Juventude Bauman afirmou que:

 

Um espectro paira sobre os cidadãos do mundo líquido-moderno em todos os seus esforços e criações: o espectro da superfluidez. A modernidade líquida é uma civilização do excesso, da redundância, do dejeto e do seu descarte. (Bauman, 2013).

 

Nesta pesquisa, portanto, exploraremos o impacto da modernidade líquida na formação continuada de professores. Abordaremos as mudanças ocorridas na sociedade em relação ao conhecimento e à informação nas duas últimas décadas, a necessidade de atualização constante dos professores e os desafios e dificuldades enfrentados pelos professores nesta era líquida. Também discutiremos as novas abordagens e ferramentas na formação continuada de professores, pois não resta dúvida que a utilização de recursos tecnológicos e as novas formas de comunicação social têm sido utilizadas de maneira a poderem contribuir com o processo educacional. O uso de celulares e das redes sociais, por exemplo, proporcionam espaços interessantíssimos de compartilhamento de ideias e recursos entre os professores e alunos, permitindo a troca de experiências e o acesso a vários conteúdos relevantes. Entretanto, torna-se necessário observar que o seu mau uso pode interferir drasticamente no desenvolvimento acadêmico.

É relevante considerar ainda na era líquida, que a atualização constante é essencial e se faz necessária para os professores, pois o conhecimento nesta nova era se torna obsoleto rapidamente. Em sua análise sobre a Modernidade Liquida, mergulhado em Bauman, Luiz Felipe Pondé afirmou que,

 

...na busca de sua própria emancipação, a economia líquida-moderna focada no consumidor se baseia no excesso de ofertas, seu envelhecimento acelerado e a rápida dissipação de seu poder de sedução, o que, aliás, a torna uma economia do desperdício. (Pondé, 2011).

 

Os profissionais da educação, portanto, precisam se manter atualizados para atender às demandas de um mundo em constante mudança. Nele, os professores enfrentam desafios adicionais, dentre os quais pode-se destacar a questão de como lidar com a sobrecarga de informações existentes e disponíveis para uso imediato em suas salas de aulas.

A hipótese que norteou esta pesquisa foi a de que a modernidade líquida, caracterizada pela instabilidade e fluidez das relações e estruturas sociais, impactou a quantidade e a qualidade da formação continuada dos professores da educação básica, resultando em práticas formativas fragmentadas, que não trouxeram de forma eficaz o desenvolvimento e atualização profissional adequadas aos docentes. A fluidez e a rapidez das mudanças se constituíram em elementos fundamentais que impuseram sobre os professores a necessidade de desenvolverem competências que supriram as novas demandas exigindo adaptações contínuas. A pesquisa, portanto, tem relevância diante do fato que aborda a questão da formação continuada do docente da Educação Básica no período definido como Modernidade Líquida.

O problema norteador desta pesquisa surgiu quando foi percebido que a “modernidade líquida” trouxe determinadas mudanças na sociedade, como a rápida difusão do conhecimento e a informatização dos seus diversos setores. Isto, naturalmente, afetou consideravelmente a forma como os professores adquirem e compartilham conhecimento. Deste modo, o advento da internet trouxe consigo nas últimas décadas, uma série de oportunidades, dificuldades e desafios, os quais demandaram necessariamente, a formação continuada dos professores frente as mudanças ocorridas na contemporaneidade. Deste modo, analisou-se a questão sobre de que forma a modernidade líquida, caracterizada pela instabilidade e fluidez das relações e das estruturas sociais, impacta na formação continuada dos professores da educação básica afetando a consistência e a eficácia deste processo formativo? Como consequência natural desta primeira questão, outra pergunta foi feita, a saber: quais os desafios e as limitações enfrentadas pela formação continuada de professores da educação básica em um contexto de modernidade líquida e como esses fatores influenciam no desenvolvimento profissional docente? Desta maneira, investigou-se nesta pesquisa como as condições da era líquida abordam a continuidade e a eficácia da formação dos docentes, permitindo explorar a complexidade e os obstáculos que surgem nestes tempos líquidos.

Portanto, a justificativa da pesquisa está justamente na investigação acerca de como o conceito de modernidade líquida, conforme desenvolvido por Zygmunt Bauman, influenciou um dos aspectos fundamentais da prática docente, a saber a formação continuada. Deste modo, em meio a uma sociedade marcada por mudanças rápidas e constantes, a formação continuada dos docentes se tornou essencial para que eles pudessem se adaptar aos novos critérios, as novas práticas pedagógicas e as novas tecnologias a fim de que se tornassem mais bem-sucedidos no trabalho docente.

Todos os motivos acima citados objetivam compreender os impactos da contemporaneidade na formação continuada docente da Educação Básica. Logo, identificou-se os principais conceitos da modernidade líquida e as suas implicações no contexto educacional, especialmente na formação continuada de professores. Também, examinou-se os desafios específicos enfrentados pelos professores da educação básica na formação continuada em um contexto de modernidade líquida. Outrossim, analisou-se como as políticas e programas de formação continuada para docentes da educação básica respondem às demandas e pressões da modernidade líquida. E por fim, propusemos recomendações para a elaboração de políticas e práticas de formação continuada docente que levem em conta os desafios da modernidade líquida.

Para que se possa atingir os objetivos desta pesquisa, torna-se essencial a delimitação do assunto a ser trabalhado. Deste modo, o impacto da modernidade líquida na formação continuada docente da educação básica.

 

CAPÍTULO 1: DISCUSSÕES SOBRE MODERNIDADE LÍQUIDA.

 

1.1        Bauman e a Teoria da Modernidade Líquida

 

A Modernidade Liquida é uma expressão metafórica usada para descrever os tempos líquidos atuais. Consideramos também que se chama líquido, porque os líquidos não têm formas e se moldam a qualquer forma de recipiente. Neste sentido, Bauman, descreve as transformações sociais pelas quais a sociedade contemporânea tem passado nos mais diversos aspectos da vida, apresentando as consequências nos relacionamentos humanos por meio da metáfora de um mundo “fluido e liquidificado” em contraposição à modernidade sólida e estática do período moderno precedente. Trata-se de um tempo de transformações sociais aceleradas, de desapego ao passado e da provisoriedade das coisas. Da individualização e do desprendimento das redes de pertencimento e da tribalização social. Neste sentido, portanto, as relações sociais não passam de meros contratos superficiais e temporários. Percebem-se, nestes tempos líquidos, relacionamentos voláteis e fluidos como manifestação da liberdade individual. E, como consequência desta individualidade própria da vida liquida, depressão, solidão e individualismo.

Em seu livro “modernidade líquida”, Bauman analisou a sociedade em suas relações desde quando começou a modernidade até os dias de hoje. Ele dividiu a modernidade em duas fases, a saber: a Modernidade Sólida e a Modernidade Líquida. Na modernidade sólida, as mudanças eram ordenadas, previsíveis e estáveis. A Modernidade Líquida, por outro lado, segundo ele, é caracterizada pela fluidez, incerteza e fragmentação impactando profundamente os seres humanos e, por conseguinte a educação. Nestes tempos de liquidez social, o conhecimento se torna cada vez mais fragmentado e efêmero, exigindo constante atualização e adaptação. As tecnologias digitais revolucionam as formas de aprender e ensinar, criando novas oportunidades e desafios. O modelo educacional tradicional, com seu foco em conteúdos estáticos e métodos rígidos, tem se tornado cada vez mais inadequado e inoportuno para a realidade complexa e dinâmica da era líquida. Neste sentido, no contexto da Modernidade Líquida é necessário um novo paradigma educacional que valorize a autonomia, a flexibilidade e a capacidade de adaptação.

A vida na modernidade líquida, portanto, se percebe fluida. A velocidade de informação disponível trazida a todos os cantos pela internet e o acesso a informação cada vez maior a um maior número de pessoas proporcionaram excessos informacionais que requerem um continuado processo de atualização e revisão de conteúdos com novas informações que, constantemente, atualizam os conhecimentos a partir de novas perspectivas. O surgimento da internet, por sua vez, com sua contribuição mais do que significativa, pressionou a humanidade e aquiesceu-lhe trazendo-lhe mudanças impressionantes, as quais, obrigaram a sociedade no caminho da velocidade da informação e da superfluidez. Logo, a globalização trouxe um estado de coisas fluido no qual mudanças e incertezas passaram a caracterizar o mundo liquido em que a sociedade está inserida. Portanto, a visão metafórica da modernidade liquida pressupõe que tudo se dissolve e se desfaz no caminho e pode tomar qualquer forma e isto tem impacto direto na forma de ver e aprender as coisas. Neste sentido, observa-se um novo contexto em que valores, crenças e tradições tornam-se mutáveis e voláteis. As coisas rígidas e sólidas do passado não fazem mais sentido num mundo liquido moderno com toda sua volatilidade. As perguntas a serem respondidas são diferentes das que se faziam necessárias anteriormente, logo, não se produzem respostas para o passado mas para o agora e o ali então.

Entretanto, percebe-se que, mesmo diante da liquidez social em que a contemporaneidade vive, o único propósito invariável da educação era, é e continuará a ser a preparação dos educandos para a vida segundo as realidades que invariavelmente enfrentarão no decorrer da caminhada. Portanto, o ensino, neste sentido, precisa ser de conhecimento prático, concreto e imediatamente aplicável, de tal maneira que seja provocativo devendo produzir no educando uma mentalidade crítica, aberta as novas concepções que se forem forjando através dos novos tempos e que se fizerem necessárias no decorrer da caminha educacional. Ademais, o que se espera e se requer de um educador num contexto como este é que ele seja um contínuo aprendiz, capaz de atualizar-se sempre para que possa obter os melhores resultados acadêmicos em sua vida pessoal e nas vidas de seus alunos. Ainda que, em sua carreira profissional, tenha que lidar com as questões implícitas advindas do sistema de capital.

O Elemento chave da vida contemporânea, portanto, conforme se pode perceber das alegações feitas pelo próprio Bauman em diferentes ocasiões de sua obra por meio de leituras e entrevistas, é o excesso de padrões e valores para orientações de vida e a pluralidade de ofertas.  Portanto, logo se percebe que “o individualismo é vítima da pluralidade de sentidos”. Logo, na ambivalência da vida[2], segundo Bauman, ao mesmo tempo uma pessoa solitária está numa multidão de solitários. Neste sentido, estamos todos numa multidão e ao mesmo tempo numa solidão. (Bauman, entrevista 2019)

Por fim, há dois valores essências e indispensáveis nestes tempos líquidos a serem considerados para uma vida satisfatória, recompensadora e relativamente feliz segundo a conclusão de Bauman, um é a liberdade o outro é a segurança. Você não consegue ser feliz e ter uma vida digna sem uma delas. Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é um completo caos. Entretanto, ninguém neste mundo conseguiu a formula perfeita entre liberdade e segurança. Ou seja, cada vez que você tem mais segurança tem menos liberdade e vice-versa, cada vez que você tem mais liberdade, tem menos segurança. Logo, você ganha algo e perde algo. (Bauman, entrevista 2019)

 

1.2        Problematizando a ideia de cultura, identidades e consumo.

 

O que se observa na modernidade líquida, é que as identidades se tornam cada vez mais maleáveis e dependentes do consumo. Isto implica em dizer que neste tempo, as pessoas moldam sua autoimagem e buscam status social por meio da aquisição de bens e serviços, construindo identidades efêmeras e superficiais. Outra coisa que se pode perceber ainda é que na era líquida, a identidade deixa de ser uma construção sólida e unificada como no contexto anterior da modernidade sólida para se tornar um projeto contínuo e mutável, pois as coisas logo perdem o seu poder de encanto e sedução.

Em entrevista à TV Cultura da cidade de São Paulo, Bauman propôs que as pessoas assumem diferentes papéis e performances sociais, transitando entre múltiplas identidades de acordo com o contexto em que estão inseridas. Segundo ele, “essa fluidez identitária reflete a aceleração dos ritmos de vida, a pluralidade de opções e a demanda por constante adaptação”. Neste cenário, portanto, “a busca por uma identidade coesa e estável torna-se um desafio, dando lugar a identidades fragmentadas, híbridas e em constante reconstrução”. Deste modo, assim como os produtos de consumo, as identidades também se tornam descartáveis e sujeitas à rápida obsolescência. (Bauman, entrevista 2019). Portanto, nota-se que há uma necessidade constante de atualização e renovação das identidades refletindo a lógica do consumismo na sociedade contemporânea.

Ademais, a diversidade cultural presente na modernidade líquida expõe os indivíduos a uma ampla gama de referências indenitárias, permitindo a construção de identidades híbridas e a incorporação de diferentes elementos culturais.

Essa sociedade, segundo Bauman percebe,

 

...é uma sociedade de consumidores, e assim como o resto do mundo visto e vivido pelos consumidores, a cultura se transforma em um armazém de produtos destinados ao consumo, cada um competindo pela atenção inconstante de consumidores em potencial na esperança de atraí-lo e segurá-lo por um pouco mais do que um momento fugaz (Bauman, 2010).

 

Logo, num ambiente como este, ampliam-se as possibilidades de experimentação identitária, permitindo aos indivíduos a adoção de múltiplas personalidades e a performance de diferentes identidades, quais sejam muitas vezes dissociadas da realidade física. Também, acrescente-se a isto o fato que os meios de comunicação e as representações midiáticas exercem grande influência na construção de identidades, modelando os padrões de consumo e as aspirações sociais, bem como os modelos de "normalidade" e "aceitabilidade" dos indivíduos.

Ainda em entrevista à TV Cultura da cidade de São Paulo, explicando a realidade atual, Bauman pontuou que “a análise marxista não corresponde mais com a realidade atual, ou seja, segundo analisou, nós, no contexto atual da modernidade liquida, “somos vítimas não da sociedade de classes, mas da sociedade de consumo. Diante disto, o mais importante na contemporaneidade não é o trabalho, mas sim o consumo. O pode sedutor do consumo”. E isto, naturalmente, também impacta a educação como um produto de consumo para atender a diversidade identitária. (Bauman, entrevista 2019).

 

1.3        A Fragilidade dos Laços Humanos.

 

Na era líquida em que vivemos, há dúvidas, incertezas, liberdade e fragilidade nos laços que constituem as relações humanas. Percebem-se vários aspectos da maneira como os homens estão se comportando em sociedade e os diversos problemas oriundos a partir desta forma de viver. Como se pôde observar com clareza, para Bauman,

 

No mundo líquido-moderno, a solidez das coisas, assim como a solidez dos laços humanos, é ressentida como uma ameaça: qualquer juramento de fidelidade, qualquer compromisso de longo prazo (quanto mais atemporal), pressagia um futuro sobrecarregado com obrigações que restringem a liberdade de movimento e reduzem a capacidade de assumir novas oportunidades, ainda desconhecidas, à medida que elas (inevitavelmente) surgem (Bauman, 2015).

 

Na era líquida, portanto, o amor foi substituído ou confundido pelo prazer e trivializado dentro dos relacionamentos humanos. Ao reduzir-se o amor ao mero prazer afetou-se drasticamente os relacionamentos humanos levando-se as pessoas ao individualismo. Deste modo, o que se consegue com a fragilização dos laços humanos é a banalização do sexo e a busca doentia apenas por lucro. No entanto, para Bauman, “O amor próprio é uma questão de sobrevivência, e a sobrevivência não precisa de mandamentos. ” (BAUMAN, 2004, p 46)

Sobre a fragilidade dos laços humanos, Bauman escreve em seu livro Amor Líquido que os relacionamentos são como que investimentos. Para ele, “Se você pensa que os juros de seu investimento em companhia seriam pagos na moeda forte da segurança, parece que sua iniciativa se baseou em falsos pressupostos” (BAUMAN, 2004, p. 30). Logo, neste tempo de liquidez, os relacionamentos são voláteis e inseguros quanto a sua durabilidade. No entanto, segundo ele, a melhor maneira de não ter prejuízos nos relacionamentos é a comunicação adequada entre os sujeitos.

A ideia de Bauman em Amor Líquido, enfatiza que hoje em dia os indivíduos estão o tempo todo buscando trocar mensagens com novas interações virtuais e que o modo de proceder tem tornado cada vez mais as relações humanas fluidas e liquidificadas como vemos na contemporaneidade. Ademais, ele a firma, que “no amor, o eu é, pedaço por pedaço, transplantado para o mundo. ” Daí se compreende que “amar diz respeito à auto sobrevivência através da alteridade” (BAUMAN, 2004, p 24) Neste sentido, percebe-se que as condutas e os relacionamentos humanos nesta era líquida são cada vez mais guiados por meio dos impulsos. “Amar”, portanto, segundo Bauman, “significa abrir-se ao destino, a mais sublime de todas as condições humanas, em que o medo se funde ao regozijo num amalgama irreversível” (BAUMAN, 2004, p. 21)

A fragilidade dos laços humanos, portanto, reflete como podemos perceber a fluidez das relações desta era líquida que são marcadas pela efemeridade e instabilidade das coisas nos relacionamentos humanos. Neste contexto, os vínculos humanos tornam-se superficiais, frequentemente moldados na direção da busca da satisfação imediata e pela significativa aversão ao comprometimento de longo prazo. Pode-se notar que a pressão pela liberdade individual, unida a lógica consumista acabaram por relegar as conexões interpessoais a um estado precário de coisas, onde o outro é percebido, mas como um meio para um fim do que como um fim em si mesmo. Essa fragilidade nos laços interpessoais revela não apenas a solidão e o isolamento crescentes entre os seres, mas uma crise ética e social que enfraquece o sentido de comunidade e de solidariedade. Deste modo, pode-se perceber que Bauman, com sua visão sociológica, alerta a contemporaneidade para a necessidade de se repensar os valores que regem as relações humanas buscando formas de fortalecer o pertencimento e a responsabilidade mútua num mundo cada vez mais líquido e fragmentado.

 

CAPÍTULO 2: IMPACTOS DA ERA LÍQUIDA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE.

 

2.1                 Problemas e desafios para a Educação na Era da Globalizada.

 

Diante do exposto sobre a sociedade na modernidade líquida, conforme conceitua o teórico Bauman, seguimos adiante com o diagnóstico de suas ideias observando os principais pontos que estão mais relacionados e impactam a área de educação, em especial, a formação continuada docente. Torna-se necessário dizer ainda que, muito embora ele não seja um teórico da área de educação, notaremos e extrairemos de sua vasta obra sociológica e em suas muitas entrevistas quais são os principais desafios que estão intimamente relacionados com a educação e que demonstram este impacto proposto da modernidade líquida na formação continuada de professores da Educação Básica.

O primeiro problema diagnosticado é o desafio de lidar com a instabilidade dos vínculos humanos, isto é, a completa fragmentação dos indivíduos, que pode ser percebida na modernidade líquida, no fato concreto de os indivíduos construírem suas identidades a partir da lógica do consumo. Neste sentido, percebe-se que a experiência fragmentada da sociedade atrapalha o processo lento e gradual de se passar conhecimentos de uma geração para outra geração. Logo, isto implica em dizer que o caráter imprevisível das transformações contemporâneas, nas questões sociais, políticas, econômicas e tecnológicas trazem sérias dificuldades para a transmissão de conhecimentos dentro deste contexto de descarte instantâneo dos objetos praticado pela sociedade de consumo.

Um segundo problema apresentado por Bauman é o comportamento alterado dos homens do nosso tempo. Eles praticam a falta de paciência em aprender e manter o foco, detalhar e aprofundar conhecimentos, aquilo que é tão necessário no processo de aprendizagem. Ele entende que um dos principais problemas dos homens do nosso tempo e que traz sérias consequências para a Educação é a capacidade de se concentrar e dedicar, esmiuçar um assunto e disseca-lo até o fim. Neste sentido, a educação, segundo afirmou Bauman, é vítima da cultura do imediatismo. Contudo, isto é uma séria crise, pois educação e imediatismo são termos contraditórios e a tecnologia da informação é exemplo disso.

Ele fez a seguinte afirmação em entrevista à TV Cultura:

 

O contexto da tecnologia da informação, é um exemplo disso, pois que é uma “biblioteca de fragmentos”, com um fluxo enorme sem um elemento que os reúna e transforme em atenção, concentração e consistência e o chamado pensamento linear onde você aprofunda um assunto e o esgota indo até o fim. (Bauman, entrevista 2019)

 

Portanto, esse problema coloca, como se pode perceber facilmente, os educadores numa situação muito difícil onde se torna necessário repensar muitas coisas no processo educacional cuja necessidade concreta se dá na busca por formações continuas onde novos procedimentos adequados aos novos tempos passem conhecimentos que estimulem e impactem as novas gerações de alunos impacientes.

Uma terceira questão importante a se considerar na visão de Bauman é a de que a Educação na era líquida traz o desafio de educar em um mundo saturado de informações. Deste modo, o professor deve ajudar os seus alunos a serem seletivos com quais informações eles precisam de fato se preocupar diante do excesso de informações de todo tipo que estão disponíveis. Logo, o professor tem como principal papel nessa era líquida da qual tem se falado, ensinar a pensar e promover uma cultura de aprendizagem educacional que perdure por toda vida produzindo competência social. Pois, na modernidade líquida sugerida por Bauman, os indivíduos devem perseguir seus “objetivos fragmentários”. Sendo assim, no mundo liquido descrito por ele, os professores precisam desenvolver seus trabalhos de ensino de modo a considerarem o contexto contemporâneo em que seus alunos estão inseridos, sendo maleáveis, de muito bom senso e prontos para fazerem concessões e adaptações constantes para poderem obter bons resultados sobre seus alunos sendo relevantes num mundo saturado de informações. Por esta razão, o grande desafio para o professor na Modernidade Líquida é o de estar em constante construção, em constante aperfeiçoamento para prender a atenção de seus alunos, provocando neles a curiosidade necessária para o desenvolvimento da aprendizagem pessoal no meio da coletividade. O professor, no entanto, para que consiga êxito em seu trabalho nesta era líquida, precisa necessariamente buscar aperfeiçoamento prático, aprimoramento contínuo e adaptação constante. Aperfeiçoamento este que, pode ser observado facilmente no esforço perceptível, ainda que insuficiente para atingirem-se as metas estabelecidas, da parte de muitos docentes que se pós graduaram e continuaram suas formações com o intuito de adequarem-se aos novos tempos e melhor servirem aos seus alunos cumprindo com maestria o seu papel social.

Uma quarta questão que é uma das soluções em resposta aos problemas apresentados a ser considerada na análise de Bauman no que concerne à educação, é o fato interessantíssimo que ele afirmou quando disse que “...num cenário líquido, rápido e de mudanças imprevisíveis, a educação deve ser pensada durante a vida inteira. (BAUMAN, ENTREVISTA em o GLOBO,). Com base neste pano de fundo, Bauman em ”Educação e Juventude, de maneira impressionante, propõe a metáfora dos mísseis balísticos versus mísseis inteligentes. Segundo ele, a Educação na Modernidade solida, comparava-se aos mísseis balísticos que tinham alvos fixos e predeterminados a serem atingidos. Por outro lado, a Educação na Modernidade Líquida é comparada aos mísseis inteligentes, ou seja, aqueles que são preparados para aprenderem enquanto perseguem o alvo, o qual não é mais fixo, como no período precedente, estando em constante movimento. (Bauman, 2013). Logo, sendo que o alvo está mudando de direção, o míssil deve ser criado com inteligência artificial para aprender durante o percurso e mudar de direção enquanto persegue o alvo. Semelhantemente, segundo entende Bauman, a Educação deve ser focada em preparar o educando para as mudanças que ele terá que encarar no decorrer de sua vida. Portanto, uma das perspectivas mais significativas do pensamento de Bauman está exatamente no tipo conhecimento que ele sugere que se adquira na Modernidade Líquida. Ou seja, para ele o conhecimento adequado é aquele para uso instantâneo, aquele que facilmente se descarta, pois, o fato é que nós vivemos em uma sociedade do descarte, em que as coisas perdem rapidamente o seu poder de sedução e encanto. Neste sentido, portanto, ele afirmou que,

 

O consumismo de hoje é sobre não acumulação de coisas, mas o seu prazer "único". Então, por que o ‘pacote de conhecimento’ obtido durante a permanência na escola ou na faculdade está isenta dessa regra universal? No turbilhão da mudança, conhecimento adequado para uso instantâneo e destinado a uso “único”, conhecimento pronto para uso instantâneo e conhecimento de descarte instantâneo do tipo prometido por programas de software que entram e saem da loja prateleiras em uma sucessão cada vez mais acelerada, parece muito mais atraente (Bauman, 2015).

 

Deste modo, observa-se que segundo ele propõe em sua obra, uma das características fundamentais deste tempo consumismo, é a capacidade de aprender e descartar o que se aprendeu selecionando por meio de saberes críticos, o que deve seguir no processo de conhecimento em atualização ao que se conheceu, descobriu no processo de aprendizagem. Para ele, “aprender depressa, é a capacidade de esquecer instantaneamente o que foi aprendido antes”. (Bauman, 2013). Portanto, pode-se depreender das palavras dele que o descarte de informações se faz necessário diante da quantidade, da velocidade e das novas perspectivas informacionais. Assim, afirma ele: "mudar de ideia ou revogar decisões anteriores é algo que deve ocorrer no processo sem remorsos nem reconsiderações”. (Bauman, 2013)

Uma quinta questão relevante que deve ser considerada como proposição para o pensamento de Bauman sobre a Educação, está na apresentação do seu livro “Os desafios da educação na Modernidade Líquida” onde se encontra a síntese dele sobre formação técnica e a educação para a cidadania. Lá encontra-se a seguinte afirmação:

 

[...] a formação continuada não deve dedicar-se exclusivamente ao fomento de habilidades técnicas e à formação centrada no trabalho, mas, sobretudo, a formar cidadãos que recuperem o espaço público do diálogo e seus direitos democráticos, pois um cidadão ignorante das circunstâncias políticas e sociais nas quais está inserido será totalmente incapaz de controlar o futuro destas circunstâncias e o futuro de si mesmo (Bauman, 2007. Contracapa do livro).

 

Logo, para ele, a formação continuada deve produzir cidadãos que desenvolvem saberes críticos, conscientes de seus direitos e capazes de recuperarem o espaço público por meio do diálogo. Deste modo, a Educação, na perspectiva de Bauman deve produzir cidadãos conscientes para o exercício da cidadania, isto é, prontos para o exercício pleno de seus direitos democráticos.

Uma sexta questão muito importante a ser observada na Modernidade Líquida segundo Bauman, é a de que o mundo, na área educacional, tem adotado novas metodologias de ensino que tem exercido um papel importantíssimo e de impacto no exercício da profissão docente. No entanto, há um questionamento significativo sobre a relevância da ciência e do papel do educador. Ou seja, diante do fato que os alunos têm a sua disposição todo um pano de fundo de conteúdos em toda sorte de banco de dados da internet com inteligências artificiais, qual seria o papel real do professor? A este problema, a solução proposta por Bauman a ser considerada é a de que o papel do professor passa por profundas transformações e necessidades de adequações. Já vimos que ele definiu a Modernidade Líquida como uma fase em que tudo é incerto, volátil e sujeito a mudanças constantes. Logo, as instituições, os valores e certezas são líquidos e estão em constante transformação, o que gera instabilidade, insegurança e volatilidade. Neste contexto, já faz tempo que o professor deixou de ser visto como aquele que detém o conhecimento particularmente em si e que o transmite aos seus alunos que o recebem como aprendizes passivos. Mas, em vez disso, ele se torna um importante facilitador da aprendizagem, ou seja, um guia que ajuda os alunos a navegarem pelo mundo das informações fluidas e complexas desenvolvendo habilidades críticas e adaptando-se aos seus alunos em constantes transformações. (Bauman, 2001). Além disso, é necessário ainda que o professor desenvolva continuamente o papel de autonomia em seus alunos, ampliando a capacidade de aprender continuamente e criticamente, em um processo de aprendizagem que não se encerra no contexto da escola, mas que se estenderá por toda sua vida. Deste modo, é papel do professor nesta era líquida, estimular seus alunos a capacidade de filtrar, criticar e refletir sobre uma vasta quantidade de informações e pontos de vistas disponíveis a todo momento, ajudando-os na busca de seu próprio caminho em meio as incertezas da contemporaneidade.

Por fim, ao ser questionado sobre o seu livro “A riqueza de poucos beneficia todos nós?", Bauman refletiu sobre as desigualdades sociais considerando que a educação foi incorporada pela economia de mercado. Logo, segundo ele entende,

 

O sistema universitário de hoje foi incorporado pela economia de mercado capitalista. Ele serve como um outro mecanismo na reprodução de privilégios e aprofundamento das desigualdades sociais. (Bauman, 2007b, p. 21).

 

Como se pode observar, a incorporação do sistema universitário pela lógica do mercado capitalista transformou a educação superior em um mecanismo de reprodução de desigualdades sociais e privilégios econômicos. O acesso gratuito igualitário a educação de qualidade passou a ser um modelo que impõe barreiras significativas aos mais pobres. Sendo assim, muitas famílias experimentam dificuldades para o acesso à educação de qualidade e a formação continuada neste contexto em que se reforça um ciclo de exclusão que beneficia naturalmente uma elite economicamente privilegiada da sociedade trazendo impacto também na formação continuada destes mesmos estudantes que com muitas dificuldades se graduaram. Entretanto,

no que concerne a esperança que se atribui a educação, em seu livro Vida Líquida, Bauman afirmou:

 

A finalidade da educação nesses casos é contestar o impacto das experiências do dia-a-dia, enfrentá-las e por fim desafiar as pressões que surgem do ambiente social. Mas será que a educação e os educadores estão à altura dessa tarefa? Serão eles capazes de resistir à pressão? Conseguirão evitar ser arregimentados pelas mesmas pressões que deveriam confrontar? Essa pergunta tem sido feita desde sempre e repetidamente respondida de forma negativa pelas realidades da vida social. E ressurge, no entanto, igualmente forte, após cada calamidade que se sucede. As esperanças de usar a educação como uma alavanca com força suficiente para desestabilizar e finalmente desalojar as pressões dos “fatos sociais” parecem tão imortais quanto vulneráveis [...] De qualquer modo, a esperança está viva e passa bem (Bauman, 2007b, p. 21).

 

Logo, conforme ele observa, o objetivo essencial da educação é desafiar e confrontar as pressões impostas pelo ambiente social transformando as experiências do dia a dia e questionando as normas estabelecidas. Em outro momento de sua vasta obra, neste mesmo sentido, ele ainda afirma que:

 

Embora os poderes do atual sistema educacional pareçam limitados, e ele próprio seja cada vez mais submetido ao jogo consumista, ainda tem poderes de transformação suficientes para ser considerado um dos fatores promissores para esta revolução, a revolução cultural. (Bauman, 2013, p. 31)

 

Assim, a esperança de que a educação possa ser uma ferramenta poderosa de transformação social persiste e deve resistir às adversidades mesmo diante das crises contextuais. Embora seja vulnerável, ela continua a sobreviver forçando a sua importância como agente fundamental de mudança, mesmo diante das limitações e desafios que se apresentam nesta era líquida.

 

2.2                 Formação Continuada do Professor.

 

Nos últimos 30 anos, após a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) em 1996, várias políticas educacionais importantes de diferentes governos surgiram no Brasil. Essas políticas buscaram promover a qualidade, a equidade e a inclusão na educação. Algumas das mais importantes inciativas governamentais das últimas décadas podem ser citadas como PNE, FUNDEB, BNCC, PNAIC, PROUNI, ENEM E SISU, PRONATEC, Novo Ensino Médio, e sobretudo, aquele programa que é mais importante para esta pesquisa, a saber: o plano nacional de formação de professores. Estas foram todas políticas educacionais que, mesmo sendo insuficientes, mudaram e moldaram o sistema educacional brasileiro nos últimos anos com foco na ampliação do acesso, melhoria da qualidade e valorização dos profissionais da educação.

Quanto a formação docente, durante a elaboração da LDBEN, muitos defenderam que os docentes de todas as etapas de ensino deveriam possuir graduação, o que de fato ocorreu no decorrer do tempo.  Este era um grave problema, pois o fato é que isso ainda era uma realidade muito distante para o Brasil dos anos de 1990, pois em muitos lugares, o magistério era muito mais difundido e bem mais utilizado do que o curso de Pedagogia ou mesmo do que as próprias licenciaturas. Ou seja, como se observava naqueles dias, em muitos lugares a realidade era que os professores tinham apenas o curso de magistério em nível para lecionarem aos seus alunos, não atingindo a graduação de nível superior, muito menos de pós-graduação. Deste modo, em 1990, o que se sabe daquele período é que apenas um em cada cinco professores tinha feito algum tipo de faculdade. No entanto, o tema foi sendo desenvolvido e atualizado no texto, conforme essa realidade mudava. Como resultado, pôde se perceber que em 2011, este quadro havia mudado, pois já eram três graduados a cada cinco. Um grande avanço a ser considerado.

No entanto, muito embora, a educação por vezes, conforme já foi observado, seja utilizada para a perpetuação de privilégios, uma das coisas mais importantes que ainda se observa no decorrer do processo histórico através das mudanças que ocorreram com a nova LDB no Brasil, é exatamente o fato que a lei trouxe perspectivas esperançosas para a sociedade no que diz respeito à educação dos jovens. Muitos programas de diferentes governos ao redor dos anos trouxeram mudanças que impactaram a educação brasileira. Pois hoje, de uma forma geral, os jovens das camadas mais baixas no Brasil conseguiram acesso à educação, ao contrário do que acontecia anteriormente quando não tinham acesso livre a educação superior, sendo este um dos privilégios das camadas sociais mais abastadas. Desde a educação infantil até o ensino superior tinha-se pouco acesso à educação de qualidade no tempo de homologação da Lei. Isso fez com que no decorrer do tempo, por meio da lei, as camadas mais pobres da população brasileira tivessem esperança de que a situação social oriunda de um processo histórico de exploração e privilégios das elites poderia mudar a partir acesso à educação promovido pela lei que, por sua vez, proporcionou uma série de mudanças que trouxeram o desenvolvimento contínuo fazendo com que os jovens avançassem no desenvolvimento do conhecimento agora também em nível superior. Isto, portanto, trouxe brasileiros de outras camadas sociais a um patamar social de acesso à educação. Segundo afirmam Marcelo Soares e Nairim Bernardes, em seu artigo sobre a LDB e como a lei mudou a Educação”,

 

Para se manter viva e ativa até hoje, a LDB precisou ultrapassar barreiras governamentais e contou com o reforço de mecanismos como o Plano Nacional de Educação (PNE), que define metas e objetivos a serem alcançados a cada 10 anos. Soares; Bernardes, 2016)

 

 Não resta dúvida que nas últimas décadas, após o advento da nova LDBN, houve depois de significativo tempo transicional maior acesso à educação por meio de programas educacionais que foram criados e abriram portas para o novo ensino, e este, por sua vez, trouxe uma série de oportunidades que alavancaram a carreira de muitas pessoas das classes mais baixas da população trazendo perspectiva e esperança de que a educação no futuro produziria seus efeitos e mudanças ainda mais profundas ocorreriam na sociedade. Segundo escrevem os pesquisadores Barbara Bruns, David Evans e Javier Luque no estudo Achieving World-Class Education in Brazil, publicado pelo Banco Mundial há alguns anos atrás, entre 1990 e 2010, a evolução na escolaridade da população do Brasil cresceu a um ritmo mais rápido que o da China. Estes avanços na educação brasileira alcançaram não apenas as graduações, mas também as pós-graduações, de forma que a formação continuada docente se expandiu no Brasil alinhada com o aprimoramento da lei e as mudanças proporcionadas pela visão de mundo líquido moderna. Isso pode ser observado no que afirmou Em Política Educacional, Eneida Oto, quando escreve o seguinte:

 

Nessas circunstâncias, percebem-se dois movimentos simultâneos e articulados: de um lado, a afirmação da ideia de educação continuada que rompe as fronteiras dos tempos e locais destinados a aprender. A educação torna-se processo para a vida inteira, a tão propalada long life education. Da família ao trabalho e à comunidade, todo lugar é lugar de aprendizagem. Difundem- se rapidamente as noções de organizações e empresas como learning places. Afinada aos novos tempos, a própria LDBEN estabelece que sejam reconhecidas e certificadas as aprendizagens realizadas em outros espaços que não o escolar e, antevendo os diferentes e não programados períodos de estudo, propõe o ensino, por módulos, que permite a alternância entre períodos de ocupação e de estudo. Sem dúvida, uma medida consensualmente aceita e apropriada a um mercado de trabalho cada vez mais restrito e excludente. (Eneida Oto, 2002 p. 11, 12)

 

Sobre estes avanços, neste último ano o MEC, Ministério da Educação e Cultura, e o INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, divulgaram os dados do censo escolar 2023[3]. De acordo com o censo há 2,4 dois milhões e quatrocentos mil professores na educação básica, destes, menos da metade têm pós-graduação ou formação continuada para atuar como docente em sala de aula. Embora a proporção de docentes com formação tenha aumentado nas últimas décadas, a meta estabelecida mais recente ainda não conseguiu ser atingida. Os dados do governo federal disponibilizados pelo censo escolar dão conta que, em 2023, 41,7% dos professores tinham alguma formação continuada. Isto é um avanço em comparação com anos anteriores, mas ainda é insuficiente para atingir a meta estabelecida.

Dados de anos anteriores deram conta que em 2020 do Censo Escolar da Educação Básica houve um crescimento no percentual de docentes com graduação e pós-graduação. No comparativo entre 2016 e 2020 houve um aumento de 34,6% para 43,4% no número de professores com pós-graduaçãoEssa elevação faz parte de uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que visa a aumentar o percentual de professores com pós-graduação e educação continuada para 50%. O resultado tem sido positivo, tendo em vista que na formação continuada o percentual também aumentou, partindo de 33,3%, em 2016, para 39,9%, em 2020. Contudo, uma das metas do Plano Nacional de Educação é que, até o final da sua vigência, 50% dos professores da educação básica tenham pós-graduação.

Sabe-se que a meta estabelecida pelo (PNE) Plano Nacional de Educação estabelecia que o pais deveria ter 100% dos profissionais da educação com cursos de formação continuada, pois esta é a estratégia para a melhoria da qualidade do ensino no Brasil diante do diagnostico que a qualidade da educação é baixa. Sendo assim, todos deveriam ter passado por algum curso com pelo menos 80h de carga horária com abordagens diversas no âmbito educacional. (Palhares, 2024)

O que se pode verificar como motivos para que as metas não tenham sido alcançadas ainda, é que há um número significativo de profissionais que trabalham em condições precárias, com baixíssimos salários, excessos de alunos, de modo que estão presos as demandas burocráticas e lhes faltam o tempo e os recursos necessários para uma formação continuada adequada. Muitos desistem no caminho, estão cheios de alunos os quais exigem demandas burocráticas sufocantes e geram a precarização da profissão docente, no sentido que os impede de ampliar seus horizontes acadêmicos. Portanto, a ausência de formação continua trazem consequências graves sobre os grupos mais marginalizados da sociedade.

A falta de formação e compreensão por parte dos professores é um drama institucional que pode aumentar os riscos de evasão escolar, desde que os professores não têm como debater muitas coisas necessárias no dia a dia do aluno na escola. Torna-se, portanto, necessário estabelecer cursos bem definidos pelas secretarias e instituições de educação que possam propor mudanças do quadro atual e alcançar as metas estabelecidas que possam melhorar os índices de educação.

Diante das exigências impostas pela era liquida em que vivemos, o professor apenas com sua formação acadêmica na área de graduação específica é insuficiente para atender as diversas demandas dos alunos cada vez mais imersos nas concepções da era líquida, isto porque, a docência na era líquida exige que o professor esteja se preparando o tempo todo para enfrentar os desafios constantes da sala de aula. Deste modo, no processo de formação continuada, o professor estará em constante contato com outros colegas encontrando soluções alternativas para resolver problemas e consolidar saberes que atenderão as necessidades observadas.

 

2.3                 Iniciativas para a formação docente[4]

 

     Sobre formação continuada, pode-se definir o conceito em conformidade com a doutora Alda Junqueira Marim, a qual propôs em sua obra como orientadora, escritora e professora deste tema. Segundo ela, “a concepção subjacente ao termo educação permanente é a de educação como processo prolongado pela vida toda, em contínuo desenvolvimento”. Ao ler os escritos dela é possível notar que a formação continuada é um processo permanente e necessário para o desenvolvimento profissional dos professores, sendo um componente essencial da profissionalização docente, pois conforme ela entende,

 

Trata-se de [...] de realizar e usar pesquisas que valorizem o conhecimento dos profissionais da educação e tudo aquilo que eles podem auxiliar a construir. É o conhecimento, ainda, estabelecido como fulcro das novas dinâmicas interacionistas das instituições para a valorização da educação e a superação de seus problemas e dificuldades. (MARIN, 2019 p. 112)

 

Ela distinguiu, dentre os modos de socialização a formação com duas categorias básicas de ações - as formais e as informais - que conforme entende tem função consciente de Transmissão de saberes e de saber fazer.

Para Marim, portanto, a formação continuada vai além de cursos e treinamentos pontuais, configurando-se como uma prática reflexiva e contextualizada, que considera as demandas do cotidiano escolar e as especificidades dos diferentes contextos educativos. Deste modo, segundo ela propõe a formação contínua guarda o significado fundamental de atividade conscientemente proposta, direcionada para a mudança.

 

Em minha perspectiva, a concepção de educação continuada pode acrescentar a ideia de outros modos de socialização [...] compõem visão mais completa, cada vez mais aceita e valorizada, sobretudo com a proposição e a implementação desses processos nos lócus do próprio trabalho cotidiano, de maneira contínua, sem lapsos, sem interrupções, uma verdadeira prática social de educação mobilizadora de todas as possibilidades e de todos os saberes dos profissionais. (MARIN, 2019 p. 113)

 

O que se percebe da obra de Marin sobre a formação continuada é que ela enfatiza a importância do processo formativo contínuo que articule teoria e prática, promovendo o crescimento pessoal e profissional dos professores e contribuindo para a significativa melhora da qualidade da educação.

Conforme se observou nas pesquisas acima, muito embora não se tenha alcançado as metas estabelecidas nos últimos anos, atualmente, ainda que sejam insuficientes para que se possam suprir as demandas docentes e atingir as metas estabelecidas pelo governo através do Ministério da Educação e Cultura, há iniciativas interessantes que contribuem para o processo de formação docente. Dentre elas podem-se mencionar o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu para Qualificação de Professores da Educação Básica (ProEB) Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu para Qualificação de Professores da Educação Básica o qual proporciona a formação continuada stricto sensu, em nível de mestrado e doutorado profissionais, aos professores em exercício na rede pública de educação básica.

Criado em 2011, o programa apoia as instituições associadas, responsáveis pela implantação e pela execução de cursos em todo o território nacional, com áreas de concentração e temáticas vinculadas diretamente à melhoria da educação básica. Ao todo, há 13 programas, sendo 12 de mestrado e 1 de doutorado. Outro programa é o de formação na educação profissional e tecnológica lançado pelo MEC. A iniciativa prevê a oferta, até 2025, de 25.625 vagas em cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu (especialização e mestrado), voltados, especialmente, a docentes, gestores educacionais e servidores dos sistemas de ensino público. Os cursos são promovidos em parceria com a Capes e têm investimento de R$ 66,7 milhões. Há ainda, conforme proposto, os cursos de pós-graduação lato sensu em docência na educação profissional e tecnológica (360 horas) começaram a ser ofertados. As oportunidades são oferecidas em 39 instituições de ensino que integram a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e a Universidade Aberta do Brasil (UAB).

Quanto a formação em temas de diversidade e relações étnico-raciais, o MEC estará disponibilizando o Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que tem por objetivo formar professores da educação básica que atuam em salas de aula comuns, promovendo práticas pedagógicas alinhadas com os princípios da educação inclusiva. O foco é o atendimento às necessidades coletivas e individuais dos estudantes, integrando a política de educação inclusiva no contexto dos direitos humanos. A formação vai oferecer 1,2 milhão de vagas, até 2026, e ocorrerá na modalidade de educação à distância, com atividades síncronas e assíncronas, realizada no Ambiente Virtual Colaborativo de Aprendizagem da Capes (Avacapes). As aulas já começarão em março de 2025.

Quanto a equidade e relações étnico-raciais, em parceria com a Capes, o MEC lançou o Programa Nacional de Fomento à Equidade na Formação de Professores da Educação Básica (Parfor Equidade). O objetivo do programa é formar professores em licenciaturas específicas para atender às redes públicas de educação básica e às redes comunitárias de formação por alternância que ofereçam educação escolar indígena, quilombola, do campo, especial inclusiva e bilíngue de surdos. Também em parceria com a Capes, em 2024 e 2025, o MEC ofertará cursos para mais de 216 mil professores e gestores escolares para formação da estrutura de governança da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (Pneerq). Deste modo, observa-se que a educação escolar quilombola será alvo de formação específica, que vai ofertar 205 mil vagas. O total de investimentos para formações que fazem parte da política é de R$ 18 milhões.

Já no que concerne à educação de jovens e adultos, a proposta é que o Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação da Educação de Jovens e Adultos (Pacto EJA), seja implementado través do Programa de Formação para a Docência na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do Programa Brasil Alfabetizado (PBA), que combina estratégias de formação inicial, continuada e em serviço. Deste modo, serão oferecidos cursos auto instrucionais pela Avamec, com suporte para formação em serviço nas escolas que oferecem EJA, além de material de suporte. O que está estabelecido, portanto, é que as formações serão realizadas por intermédio de instituições públicas de ensino superior que forem parceiras. Logo, o objetivo é que, até dezembro de 2026, 100% das equipes pedagógicas das secretarias estaduais, municipais e distrital de Educação, assim como 100% dos professores que atuam na EJA e no PBA tenham sido contemplados com propostas de formação. O Programa Brasil Alfabetizado prevê o cadastramento de 60.000 bolsistas alfabetizadores até 2027, que também serão atendidos pelo programa.

Ainda neste mesmo sentido, de maneira muito interessante e inclusiva, o governo propõe a educação bilíngue de surdos. Ou seja, por meio da Renafor, o MEC oferece cursos para professores e outros profissionais que atuam com o público-alvo da educação bilíngue de surdos em diferentes regiões do Brasil. O que se sabe é que, para esta iniciativa, cerca de R$ 2,5 milhões já foram repassados até o momento a 19 instituições federais de ensino superior a fim de custear o projeto, que atende 5.725 educadores. Já no âmbito do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), sabe-se que os investimentos que foram alocados são de R$ 200 mil para a formação específica dos professores da alfabetização para a alfabetização bilíngue de estudantes surdos.

Já no que concerne à educação ambiental, o MEC lançou o Curso de Formação Continuada em Educação Infantil Ambiental para Justiça Climática: crianças de um território, infâncias de um planeta. Voltado para professores da educação infantil e profissionais envolvidos com educação ambiental, a formação oferece mil vagas, em cinco polos: Rio Grande do Sul, Bahia, Rio de Janeiro, Tocantins e Distrito Federal. A carga horária será de 180 horas e as aulas serão presenciais e remotas, em ambiente virtual de aprendizagem.

E, por fim, quanto a expansão da formação docente o MEC, atendendo à Política Nacional de Formação de Profissionais para a Educação Profissional e Tecnológica, até 2025, estará ofertando 25 mil vagas em 3 cursos gratuitos de pós-graduação lato sensu, contribuindo para a democratização do ensino, da educação a distância e do letramento digital. Estas capacitações devem, portanto, beneficiar vários profissionais que atuam na educação profissional e tecnológica, com ênfase em docentes, gestores educacionais, servidores e funcionários dos sistemas de ensino público.   Em outubro deste ano, houve o início do curso de Pós-Graduação lato sensu em Docência na educação profissional e tecnológica. Os editais de seleção foram publicados em setembro de 2024. Já em março de 2025, serão implementados mais dois cursos de especialização: Gestão na educação profissional e tecnológica (7.800 vagas) e Educação a Distância na educação profissional e tecnológica (8.750 vagas).

Este conjunto de iniciativas recentes do governo atual, implicam em esperança para os diversos tipos de docentes que esperam por uma oportunidade de ampliar os horizontes profissionais para poderem oferecer um trabalho docente que atenda as demandas requeridas pela educação nestes tempos líquidos, mas também contribuam para prosperidade profissional e a quebra do paradigma antigo de que a educação serve para a perpetuação de privilégios daqueles são oriundos das classes mais bem-nascidas que no processo histórico foram privilegiadas com um modelo de educação voltado para atender aos seus interesses.

 

2.4                 Mapeamento de Pesquisas sobre Modernidade Líquida na Formação Continuada Docente.

 

Na busca por identificar a relevância da contribuição desta pesquisa no meio acadêmico são apontados alguns dados resultantes do levantamento feito no portal da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior – por meio do Catálogo de Dissertação e Teses, que disponibiliza todas as dissertações e teses defendidas desde 2009 até o ano de 2024, em todos os programas brasileiros cadastrados pela CAPES (https://catalogodeteses.capes.gov.br).

O objetivo deste levantamento é apresentar um balanço da produção acadêmica, no período de 2000 a 2024, tanto no nível de mestrado quanto no de doutorado, a partir do descritor educação na modernidade liquida.

Para melhor balizar as análises feitas serão apresentados dados quantitativos do levantamento do portal da CAPES com a seguinte organização textual: ano e local, sujeitos de pesquisa, objetivo e objetos de estudos e resultados. Alguns resumos são elaborados de maneira diferente o que demonstra uma pluralidade da forma de construção desse importante instrumento de divulgação para pesquisadores.

A análise dos dados colocados nos agrupamentos de teses e de dissertações revelam que os sujeitos de pesquisa, em sua maioria, são professores e o trabalho docente no processo educacional na era chamada Modernidade Líquida.

No que tange aos objetivos das pesquisas detectadas buscou-se, de modo geral, identificar o processo de mudanças na educação oriundas das mudanças sociais advindas do contexto descrito e desenvolvido pelo sociólogo Zygmunt Bauman conhecido como Modernidade Líquida. Outro objetivo norteador, mas que não foi identificado nas pesquisas foi a relação do apoio da LDBN e sua inter-relação com o tema da Modernidade Líquida.

No entanto, ao agrupar-se por foco geral e específico tornou-se possível perceber as seguintes semelhanças implícitas na pesquisa: a saber, dentre as 05 teses mapeadas, todas elas abordaram questões relativas à educação na Modernidade Líquida.

A primeira delas, tem por título “A Educação como Experiência Formativa na contemporaneidade”, a qual trata da educação como uma experiência formativa na contemporaneidade, logo, descreve justamente a Educação na modernidade líquida baseada em Bauman. Em seguida, foi encontrada a tese com o título Educação e mundo comum: da liquidez a uma possível solidez”, na qual se faz uma abordagem da educação no mundo comum e vai descrever os processos da modernidade para a modernidade líquida, ou seja, Da liquidez a uma possível solidez. Considerando o retorno possível da modernidade líquida para a modernidade sólida, reconsiderando a liquidez no contexto da Educação. Logo a seguir, muito embora esteja no âmbito da Educação formativa no Direito, o tema “o paradigma da subjetividade no ensino jurídico brasileiro e a possibilidade de uma transição para o paradigma da intersubjetividade”, defende a tese que trata da subjetividade do ensino jurídico e uma possível possibilidade de transição para o paradigma da intersubjetividade. Já a quarta tese tem por título “templos de consumo, ensino religioso e escola na contemporaneidade”. Nela, o autor faz uma abordagem acerca do consumo demonstrando a crise no uso da educação pela religião e da religião pela educação dentro do contexto da contemporaneidade, isto é, o impacto do ensino religioso dentro do contexto da educação contemporânea. E, por fim, a tese defendida trata-se da “Formação multiprofissional em serviço na atenção básica à saúde: processos educativos em tempos líquidos”. Nesta última tese pesquisada, ainda que no contexto multiprofissional de serviço de atenção básica da área de saúde, trata de processos educativos em tempos líquidos, ou seja, o impacto da modernidade líquida na formação de profissionais de educação da área básica de saúde.

Dentre as 10 dissertações mapeadas, nota-se que se assemelham na abordagem da temática educação na modernidade líquida. A primeira dissertação pesquisada tem por título “A cultura e a educação na modernidade líquida: os desafios para as potencialidades formativas. O objetivo central desta dissertação é discutir o lugar e alguns dos desafios da educação na Modernidade Líquida, bem como sua relação com a cultura.

A segunda dissertação pesquisada tem por título “A dimensão educacional do ser líquido”. Neste trabalho o autor pretende apresentar num primeiro plano a concepção de sujeito líquido na sua vertente exposta e refletida no atual momento, no mundo Ocidental, tendo como referencial teórico inicial Zygmunt Bauman, que foi, original e adjetivou em certos aspectos tanto a modernidade sólida e líquida e valendo-se de tais conceitos e sobretudo buscando relacioná-los com a educação e os frutos educacionais da era líquida.

A seguir a pesquisa encontrada tem a dissertação com o título “A educação a distância na modernidade líquida: uma análise descritiva. Nela o autor objetivou incorporar o conceito de modernidade líquida para analisar as transformações envolvidas na educação quando esta passa a se realizar a distância.

Já na quarta dissertação encontrada “O autor trata dos professores como intelectuais e intérpretes que enfrentam os desafios da prática educativa em tempos de modernidade líquida”. É um estudo que busca compreender o papel a ser desempenhado pelo professor como intelectual-intérprete na modernidade líquida. Assim, procura analisar o que configura os desafios de educar no contexto da contemporaneidade.

A quinta dissertação encontrada na pesquisa aborda “o currículo da educação infantil: a retomada da discussão em tempos de modernidade líquida. ” O tema desta investigação está focalizado na compreensão do que se tem produzido sobre o currículo da Educação Infantil, em tempos de modernidade líquida.

O tema da dissertação a seguir é “Liberdade, educação e modernidade líquida: contribuições do currículo escolar no processo de emancipação individual contemporânea. ” A pesquisa pretende contribuir com a compreensão do conceito de “modernidade líquida”, sublinhando a importância da necessidade de reflexão sobre o conceito de liberdade no contexto atual. Logo, os caminhos percorridos pela pesquisa ajudarão a ampliar as discussões relevantes sobre a educação escolar contemporânea.

Na sequência a pesquisa encontrada tem por título “o direito à educação plena em meio ao confronto entre a cidadania e a alienação social na modernidade líquida”. Nela autor demonstrou como as falhas na concretização integral do direito à educação estão intimamente ligados à exclusão social da grande massa de pessoas que compõem a sociedade brasileira. Muito embora trate de direito e cidadania, aborda a questão da educação demonstrando a exclusão social no contexto de modernidade líquida no Brasil.

Outra dissertação encontrada nesta pesquisa que tem muito a ver com o tema pesquisado, tem por título “Século XXI: da educação das certezas à educação na incerteza. ” Nela o autor objetivou investigar fenomenologicamente os desafios da Educação em contextos contemporâneos marcados pela fluidez e superficialidade características da modernidade líquida conceituada por Zygmunt Bauman.

A pesquisa encontrada a seguir tem por título “Discência líquida? Os processos formativos na perspectiva de formandos dos cursos superiores de tecnologia da informação do instituto federal catarinense do campus Camboriú”, que, muito embora trate do curso de tecnologia da informação, demonstra como eles experienciam os processos formativos e a relação educação e trabalho no suposto contexto da Modernidade Líquida.

Por fim, a última dissertação pesquisada tem por título “Pedagogia líquida: um caminho para a ciência da práxis. Neste trabalho o autor parte da sistematização de discussões antigas, algumas as quais datam da criação do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará, para compreender as incongruências entre campo político-ideológico, a legislação e campo prático-profissional, em meio às disputas de forças entre teóricos da educação e políticos legisladores. A autora propõe que a investigação seguiu a linha crítica em educação, fundamentando-se especialmente em Mészáros (2008), Saviani (2013), Frigotto e Ciavatta (2003), Libâneo (2001; 2006; 2010), Pimenta (2006), Franco (2006; 2008), Kuenzer e Rodrigues (2007) e Silva (2006) e no conceito sociológico de modernidade líquida de Bauman (2001; 2005).

A segunda observação refere-se aos procedimentos metodológicos adotados nas pesquisas: ao que parece claro, a maioria dos pesquisadores menciona a utilização de uma abordagem bibliográfica por meio de instrumentos como as entrevistas, a análise de documentos e documentação teórica escrita pelos autores mencionados.

Analisando o levantamento foi possível identificar o maior número de pesquisas focalizando os professores como agentes principais da Educação e os desafios encontrados por eles no processo de educar no contexto da Modernidade Líquida, o que nos revela um vácuo importante para pesquisar a consonância entre a lei de diretrizes e bases da educação nacional (LDBN) e o processo formativo de professores da educação básica no contexto da modernidade líquida com o advento da internet no Brasil que impactam diretamente na nobre tarefa de educar, a saber: a prática docente.

Também foram encontradas nos levantamentos, pesquisas realizadas em redes federais públicas e particulares, circunscrevendo o território e o segmento da preparação do professor para o enfrentamento dos desafios do ensino e da formação na era liquido moderna. Tal fato pode nos dar pistas de que a formação e atuação do professor tem se constituído numa temática relevante para o funcionamento da escola e para a formação dos educandos, no âmbito da prática profissional e na produção acadêmica.

O tema da pesquisa aqui relatada – o impacto da Modernidade Líquida na Educação – não é encontrado nos levantamentos, mas encontrou-se um crescente interesse na temática Educação na Modernidade Liquida, com vistas ao papel teórico e prático relevante que os conceitos da Modernidade Líquida desempenham e impactam na formação profissional continuada e na prática docente em conformidade com a Lei no espaço escolar.

Por essa razão, percebeu-se uma contribuição significativa da pesquisa para a definição da temática “Educação na Modernidade Líquida: o impacto da Modernidade Líquida na formação continuada docente da Educação Básica.

 

Quadro 01: Teses e Dissertações

 

TESES – Descritor: educação na modernidade liquida.

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

SILVA, ARIOVALDO FRANCISCO DA

 

 

A Educação como Experiência Formativa na contemporaneidade.

 

20/02/2020

 

A pesquisa foi desenvolvida no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação – PPGSSE, da Universidade São Francisco - USF, na linha de pesquisa: Educação, Sociedade e Processos Formativos.

Elegeu-se como objeto a educação, no contexto contemporâneo, na perspectiva de Zygmunt Bauman, abordando-a através dos movimentos de liquidez e fluidez, como definido pelo pensador; trata-se de estudar e analisar a modernidade líquida. É nesse contexto, caracterizado por constantes mudanças, que apontamos as inovações tecnológicas, culturais que nos são apresentadas a cada instante e que são inseridas nos processos industriais, educacionais, entre outros, e no nosso próprio jeito de nos relacionarmos com o outro. Diante desse panorama da realidade que impacta na educação, buscou-se como objetivo geral analisar as experiências formativas na contemporaneidade partindo dos elementos éticos, políticos e estéticos, no processo de troca, de percepção, de assimilação de saberes e na construção de conhecimentos, de maneira crítica, oportunizando a constituição de uma humanização. No que tange aos objetivos específicos, o intuito foi averiguar se a educação contemporânea atende às necessidades de constantes mudanças; compreender o papel da educação nesse contexto, possibilitando maior apreensão da realidade educacional no que tange aos sinais de transformações sociais.

Portanto, foi elencada uma metodologia bibliográfica em torno do pensador polonês Zygmunt Bauman, visando ao entendimento dos conceitos, tais como: modernidade líquida e educação e o diálogo com autores que tratam da educação e da experiência. Considerando a formação como momento de constituição do ser humano, procurou-se analisar os problemas levantados pela pesquisa: Qual o papel da educação contemporânea na perspectiva de Zygmunt Bauman? A educação, como experiência formativa, atende às necessidades do contexto contemporâneo?

Diante desses objetivos e desses problemas, a pesquisa justifica-se como necessidade que se tem de conhecer e analisar essas constantes mudanças e sua relevância para o campo da educação. Considerou-se que ela exerce papel preponderante na reestruturação cultural, social e humana, mediante um processo que gera as condições que auxiliam na constituição de seres humanos ávidos por uma sociedade menos injusta e com condições de posicionar-se, criticamente, para a reelaboração social. Em vista dessa realidade, na hipótese de pesquisa averiguou-se que as mudanças e as transformações, de fato, oportunizam repensar o processo educacional, tornando-o mais próximo das necessidades do ser humano no seu tempo, e, com isso, contribuindo para o seu processo de humanização e inserção social.

UNIV. REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

MATOS, EDEGAR SOARES DE.

 

 EDUCAÇÃO E MUNDO COMUM: DA LIQUIDEZ A UMA POSSÍVEL SOLIDEZ.

 

29/03/2015

 

Esta tese apresenta uma reflexão sobre a crise da educação atual a partir das obras de Zygmunt Bauman e Hannah Arendt.

O encontro reflexivo que liga esses autores é a questão da crise e dos desafios da educação na contemporaneidade. Também a busca de elaboração de uma interpretação do mundo presente em seus pressupostos e horizontes na perspectiva de que possa ser constituído como mundo comum. Assim, diante do diagnóstico do mundo atual como essencialmente líquido, segundo Bauman, a educação, assim como outros setores da sociedade, padece da precariedade de formar uma ideia clara e uma definição sobre seu sentido e seu papel. Se Bauman nos ajuda a compreender os termos dessa situação de liquidez, Arendt, por sua vez, nos fornece uma proposta teórica do que seja a educação, seu sentido e seu papel no todo da constituição do mundo humano. A tese arendtiana sobre a educação desenvolve-se a partir dos conceitos de tradição/conhecimento, da autoridade/diálogo, do amor mundi, do mundo comum e da política.

O centro da tese é que a liquidez não pode ser o pressuposto e o horizonte da educação, mas a tradição, a autoridade e o mundo comum, este que é a razão de ser da política. A educação é compreendida como o espaço/tempo de entrada no mundo por parte das novas gerações por meio da interpretação da tradição realizada num diálogo com os professores que se constituem em autoridade por serem os representantes legais e os responsáveis pelas mediações e pelas interlocuções dos saberes escolares. Dessa forma, tomamos a questão do pensamento/reflexão de Arendt como fio condutor para o enfrentamento dos problemas vividos pela educação na contemporaneidade, tomando como conceitos orientadores a tradição, a autoridade e a política.

Para Arendt, o pensamento/reflexão tem uma dimensão fundamental não apenas na educação escolar, mas na dimensão política como forma de enfrentar a sua funcionalização. E essa dimensão de reflexão se diferencia de uma racionalidade formal própria das estruturas que se fixam e se burocratizam em qualquer sistema político. Compreendemos que essa dimensão se torna fundamental para a educação atual, como forma de repensar seu sentido diante da sua situação, como descrita por Bauman, de uma liquidez do conhecimento, do mundo e de próprio ser humano. Para Arendt (1997), mesmo com a renovação das novas gerações, o que não deveria mudar na educação: a interpretação da tradição como conteúdo da aprendizagem; a autoridade do professor enquanto mediador do diálogo que acontece na escola, no sentido de uma interlocução entre gerações; e a finalidade da educação, de ser em perspectiva de um mundo público e não dos interesses privados.

UNIV. REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

PEREIRA, EVERTON MACHADO. 

 

O PARADIGMA DA SUBJETIVIDADE NO ENSINO JURÍDICO BRASILEIRO E A POSSIBILIDADE DE UMA TRANSIÇÃO PARA O PARADIGMA DA INTERSUBJETIVIDADE.

 

 05/08/2021 

Este trabalho tem como objetivo compreender a crise pela qual passa o ensino jurídico, mas, sobretudo, entender e situar-se na crise moderna, a qual se trata de uma crise cultural que afeta a educação como um todo. Para que se possam buscar alternativas em meio a esse lamaçal de incertezas que a contemporaneidade nos impõe, se faz necessário um mergulho teórico mais profundo. Primeiramente, nos cabe a inserção em um dos principais temas filosóficos, o conhecimento.

Precisamos entender como se deu a construção do conhecimento ao longo da história, sobretudo, compreender porque pensamos como pensamos. Nesse sentido, a filosofia nos mostra os paradigmas do conhecimento que regeram e ainda regem o processo cognitivo, desde o paradigma grego, passando pelo paradigma subjetivista moderno, até chegarmos à proposta habermasiana de um paradigma da intersubjetividade. Em um segundo momento se faz necessário averiguar os motivos da crise moderna, compreender as insuficiências do paradigma da razão instrumental frente à sociedade contemporânea, e ainda verificar se a expressão “pós-moderno” se traduz em uma ruptura real ou em uma vontade de ruptura frente à desilusão de uma razão monológica. Adiante visualizamos a influência do paradigma da razão dominadora na construção das ciências modernas, e nesse momento enxergamos o Direito cercado por teorias modernas, como o empirismo, o positivismo comteano e o positivismo jurídico que buscam no método a objetividade necessária para alcançar um saber mensurável. Frente a isso, apresentamos a teoria do agir comunicativo, trazendo a possibilidade de substituição do paradigma moderno pelo paradigma neomoderno, o que aparenta ser o busílis dessa crise.

Por fim, ao se constatar que o ensino jurídico absorve a ideia de uma pedagogia moderna, limitando o ensino ao estudo da legislação e a sua interpretação, e que isso vem acompanhado de um processo de aprendizagem em que o aluno apenas anota, memoriza e reproduz “verdades” prontas, se propõe como alternativa a pedagogia da interação intersubjetiva na linha da proposta de Mario Osorio Marques. Proposta que visa possibilitar ao aluno ter suas próprias experiências cognitivas, e, por meio da linguagem, interagir com os outros sujeitos do processo educativo e, assim, alcançar sua emancipação.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UERJ

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

 

Oliveira, Cassia Maria Baptista de.

 

TEMPLOS DE CONSUMO, ENSINO RELIGIOSO E ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE.

 

29/02/2008

Este trabalho examina em correlação com o fato inédito do retorno da obrigatoriedade do ensino religioso às escolas públicas estaduais do Rio de Janeiro, os desafios singulares do capitalismo contemporâneo que perpassam a educação.

Através do que acontece no ensino religioso; são destacadas as tensões políticas singulares entre escola pública; religião e contemporaneidade. Em busca dessa compreensão; tornou-se fundamental aventurar-se pela cidade; a Avenida Brasil e a Avenida das Américas foram escolhidas como elementos de referência e funcionaram como rastros que enunciam a modernidade pesada e a modernidade leve.

O que a religião poderá nos fornecer para pensar a atualidade? Que subjetividades singulares são produzidas na escola pública por meio da violação da Constituição? A importância de uma reflexão sobre o ensino religioso; sobretudo no campo educacional; se deve a uma preocupação em relação aos desafios; aos conflitos e às tensões gerados no âmbito da cultura brasileira; e provocados pelo fenômeno religioso.

Nosso principal apoio foi o livro Modernidade Líquida, de Bauman, em que ele examina a profunda mudança que este tipo de modernidade produziu na condição humana.

O principal apoio consistiu no livro Modernidade líquida; de Zygmunt Bauman; em que ele examina a profunda mudança que o advento deste tipo de modernidade produziu na condição humana.

(Bauman; 1998:226). Como suporte desta temática; buscou-se recursos na história e na sociologia; no intuito de refletir sobre os cinco conceitos em torno dos quais as narrativas da condição tendem a se desenvolver: emancipação; individualidade; tempo/espaço; trabalho e comunidade.

 

Através do ensino religioso, destacam-se as tensões políticas entre escola pública, religião e contemporaneidade.

Os templos de consumo atestam que a religião na educação deve ser analisada pela via da politização do ensino religioso.

Visou-se à reflexão sobre o conceito de tempo/espaço e emancipação em que as narrativas da condição tendem a se desenvolver.

Considera-se que os templos de consumo em que os citadinos vivem evidenciam que a religião na educação deve ser analisada pela via da politização do ensino religioso; reconhecendo que “os movimentos religiosos de hoje têm uma capacidade singular de revelar os males da sociedade; sobre os quais eles têm seu próprio diagnóstico.

 

UNIVERSIDADE FEDERL DO RIO GRANDEDO SUL

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

ROSSONI, ELOA.

 

Formação multiprofissional em serviço na atenção básica à saúde: processos educativos em tempos líquidos.

 

 31/08/2010

A residência multidisciplinar em atenção primária à saúde, objeto desta tese, insere-se em uma rede de formação em educação e saúde no Brasil. A formação em atenção à saúde tem como objetivo preparar profissionais para a atuação no Sistema Único de Saúde. O foco da pesquisa volta-se para o processo educativo vivenciado por residentes e preceptores no Programa de Residência Integrada em Saúde: Atenção Básica em Saúde Pública, desenvolvido predominantemente em unidades básicas de saúde pertencentes, em 2009, ao Centro-Escola de Saúde Murialdo, e vinculado à Faculdade de Saúde Pública. O programa busca formar profissionais para o planejamento, gestão e prática clínica da atenção primária em trabalho em equipe multiprofissional orientado pela integralidade do cuidado. Esta tese analisa como trabalhadores e residentes vivenciam os processos educativos em serviço, quais relações de poder-saber passam/passam por tal formação e alguns dos desafios que se colocam à instituição formadora.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa cujo percurso metodológico tem como insumo os estudos culturais na abordagem da etnografia pós-moderna. Esses estudos concebem a cultura como um campo de produção de sentidos, no qual diferentes grupos sociais situados em diferentes posições de poder disputam para impor seus significados à sociedade. O trabalho de campo foi realizado de março de 2007 a abril de 2008 e os dados empíricos incluíram documentos educacionais e administrativos das instituições, legislação pertinente à regulamentação dos programas de residência, relatos dos residentes, observação direta das equipes no local de trabalho e entrevistas com trabalhadores nos locais de formação. Para discutir as limitações e possibilidades dessa formação, utilizei especialmente os escritos de Bauman sobre as características culturais da “modernidade líquida”. As unidades de análise estruturadas para abordar esses pressupostos são: o enfrentamento cotidiano das incertezas por trabalhadores e residentes, os saberes e práticas constitutivos da formação sobre o trabalho na atenção primária, os desafios da rede de jornadas de formação em serviço; as relações de saber-poder no ensino/serviço/gestão, especialmente as implicações dos conflitos das corporações profissionais e da descentralização da assistência nos processos educativos da residência.

Essas relações produzem potencialidades e vulnerabilidades nos programas de residência no contexto estudado marcado pelo provisório e pelo incerto. A partir dessa análise foi possível apreender que em tempos de modernidade líquida, a criatividade e a solidariedade são importantes ferramentas de/sobre processos educativos que preparam para a vida (profissional).

DISSERTAÇÕES – Descritor: educação na modernidade liquida.

 

 

 

 

UNIV. REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

 

 

 

 

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

 

DENTI, CHANA FRANCINI BELTRAMIN

 

CULTURA E EDUCAÇÃO NA MODERNIDADE LÍQUIDA: Desafios para as potencialidades formativas.

 

2020

 

 

O objetivo central discutir o lugar e alguns dos desafios da educação na Modernidade Líquida, bem como sua relação com a cultura.

Optamos, na busca por cumprir tal objetivo, pela realização de um estudo teórico de cunho interpretativo utilizando como eixo central/transversal o contexto macro da Modernidade Líquida.

Professores e Coordenadores.

Assim, almejamos estabelecer um processo analítico a partir da teoria de Zygmunt Bauman e elaborar inferências e proposições a fim de responder às problematizações norteadoras de nossa pesquisa, são elas: em que medida a problemática da cultura tornou-se relevante para a educação na Modernidade Líquida, no sentido de ajudar a pensar e compreender o papel social da escola - educação formal — e das potencialidades formativas? Como os escritos de Zygmunt Bauman podem nos ajudar a pensar o sentido ambivalente do conceito de educação no âmbito da cultura? Quais desafios se colocam para professores e professoras na tarefa constante educar nos tempos em que vivemos?

Com base nessas problematizações nosso escrito está divido em três capítulos. No primeiro trazemos uma discussão “de horizonte” acerca da Modernidade Líquida (BAUMAN, 2001), juntamente com os conceitos de ambivalência, alteridade e o paradigma da complexidade em Morin (2015). Em nosso segundo capítulo, tematizamos o conceito de cultura e suas transformações (teóricas e práticas) através de uma resenha analítica da obra “Ensaios Sobre o Conceito de Cultura” (BAUMAN, 2012). Por fim, nosso terceiro atualizamos a discussão sobre a cultura na obra de Bauman a partir do livro “A Cultura no Mundo Líquido Moderno” (2013) e buscamos sintetizar alguns dos processos de fragilização da docência e da educação formal nesse contexto. Destacamos, por fim, a necessidade de repensar o lugar da escola — bem como da ação docente — na Modernidade Líquida e consideramos que o estudo de Bauman, entre outros pensadores contemporâneos, indica para as potencialidades da criação de um mundo mais justo e diverso por meio de uma transformação cultural que implique na edificação de uma educação capaz de reconhecer a ambivalência e que seja fundada na construção coletiva, no diálogo, na alteridade e, acima de tudo, na solidariedade.

FACULDADE DE INHUMAS

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

CRUZ, WEDSON FERREIRA DA

A DIMENSÃO EDUCACIONAL DO SER LÍQUIDO

 

 

 

2022

 

 

Este trabalho pretende apresentar num primeiro plano a concepção de sujeito líquido na sua vertente exposta e refletida no atual momento, no mundo Ocidental, tendo como referencial teórico inicial Zygmunt Bauman, que foi, original e adjetivou em certos aspectos tanto a modernidade sólida e líquida e valendo-se de tais conceitos e sobretudo buscando relacioná-los com a educação e os frutos educacionais da era líquida.

Esta pesquisa terá como elemento norteador, num segundo plano, a tentativa de buscar a compreensão dimensional do ser líquido contraposta à concepção de uma era sólida. O objetivo primordial deste trabalho também é compreender os frutos educacionais da era líquida e, sobretudo, analisar a dimensão que dela nos foi legada.

Docentes, Coordenadores e Diretores.

EDUCAÇÃO, CULTURA, TEORIAS E PROCESSOS PEDAGÓGICOS – ECTPP

O QUE FAZ DA ESCOLA, ESCOLA? EDUCAÇÃO, CULTURA, TEORIA E PROCESSOS PEDAGÓGICOS.

Temos como norte sempre a análise que nos traz Bauman. Além de outros teóricos consagrados e importantes que ajuda na caracterização e entendimento do momento exato do surgimento da dita modernidade, tais, como Jurgen Habermas, Hannah Arendt e Martin Heidegger e outros pensadores que refletiram a respeito do surgimento dela.

Sempre tendo como método dialético de pesquisa e de concepção, respeitando, o tradicional conceitos e percepções surgidas ao longo do tempo e ao mesmo tempo aberto para novas possibilidades que possam existir.

E dentro destas considerações iniciais haveremos de perceber na síntese reflexiva de fechamento deste trabalho que, o diálogo permanente, a ação reflexiva e crítica da realidade de educadores e educandos, além, de outras ações possam ser alguns possíveis caminhos de compreensão da dimensão educacional do ser líquido e do seu legado se existir algum.

 

 

 

 

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO (MARÍLIA)

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

 

BARONIO, JANDIRA.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA MODERNIDADE LÍQUIDA: uma análise descritiva

2015

 

A presente dissertação tem como objetivo incorporar o conceito de modernidade líquida para analisar as transformações envolvidas na educação no momento em que esta passa a se realizar a distância. O conceito de liquidez definido pelo autor polonês Zygmunt Bauman é aplicado em sua essência nos dias atuais seja na vida cotidiana, no trabalho, na vida pessoal de cada indivíduo, e interage diretamente na sociedade.

Descrevo como as políticas públicas e sua aplicabilidade acondicionaram as tendências desta sociedade liquido moderna.

A metodologia utilizada nessa dissertação é a pesquisa bibliográfica tendo como base as publicações do autor referenciado acima, bem como autores afins baseada no conceito de flexibilidade, individualidade e fluidez. A educação nos tempos liquido-moderno e suas inferências junto aos jovens estudantes, bem como novos modelos de ensino e de aprendizagem alcançando o aluno onde quer que se encontre.

Como acontece essa nova maneira de ensinar nos tempos atuais? Como estudar por conta própria sem estar em sala de aula, presencial, e atender toda a demanda que o curso oferece? Como estar capacitado para o mercado de trabalho que é o objetivo atual da economia de mercado, onde somos tratados como consumidores potenciais e alunos como produto para o mercado consumidor.

UNIV. REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

 

ZORZO, ROSINEIA IZAC

 

OS PROFESSORES COMO INTELECTUAIS-INTÉRPRETES: DESAFIOS NA PRÁTICA EDUCATIVA EM TEMPOS DE MODERNIDADE LÍQUIDA.

 

2015

 

 

Este é um estudo que busca compreender o papel a ser desempenhado pelo professor como intelectual-intérprete na modernidade líquida.

Assim, procura analisar o que configura os desafios de educar no contexto da contemporaneidade.

A partir das análises que Zygmunt Bauman faz da sociedade, num primeiro momento analisou-se a tarefa de educar na modernidade sólida em que a educação era proposta como responsável por realizar o projeto da razão.

Esse pensamento foi pautado na ideia de emancipação dos sujeitos, de libertá-los das opressões vividas na medievalidade. A educação ascendeu de forma disciplinadora, com propósito de regular a sociedade, uma ideia de sociedade administrada, marcada assim, na concepção do autor, pela ambivalência do projeto moderno. Num segundo momento da pesquisa buscou-se analisar os desafios de educar na modernidade líquida, que estão relacionados, na ótica de Bauman, aos desafios vivenciados pela própria sociedade: incertezas, consumismo, efemeridade vivida pelos sujeitos. Buscou-se ainda, num propósito interpretativo da própria sociedade, a compreensão do trabalho do professor como intelectual-intérprete e os caminhos a serem percorridos pela educação escolar.

Através da revisão literária de Bauman e das análises que o autor faz da sociedade é possível constatar que as crianças e jovens estão vulneráveis à liquidez da sociedade: às mídias, ao modo de vida das celebridades e, assim, muito precocemente expostas ao mundo do consumo, induzidos pelo mercado das facilidades. Nesse contexto, a escola acaba por ser atingida diretamente, pois vivencia, na tarefa diária de educar, uma geração do acúmulo de conhecimento, contudo, fragmentado. Partindo dessas análises, foi possível compreender que o texto sinaliza, em alguns momentos, que a forma de continuar acreditando no processo educacional, na educação como proposta transformadora de uma sociedade, seria uma postura diferente da praticada pelo professor que atuava na modernidade sólida (legislador). Exigindo hoje, do professor, uma postura interpretativa da sociedade, um professor capaz de dialogar com a tradição e ser um aprendiz da própria sociedade, portanto, a necessidade da aprendizagem vitalícia e permanente.

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS - PALMAS

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

ALMEIDA, ILDA NETA SILVA DE.

 

O CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: A RETOMADA DA DISCUSSÃO EM TEMPOS DE MODERNIDADE LÍQUIDA.

 

2019 

 

Esta pesquisa foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em educação, nível de Mestrado Profissional na linha de formação: Métodos e técnicas de ensinar e aprender na educação básica (LP2). Teve a orientação do professor, Dr. Eduardo José Cezari. O tema desta investigação está focalizado na compreensão do que se tem produzido sobre o currículo da Educação Infantil, em tempos de modernidade líquida. Tendo como base os aportes teóricos e documentos legais já produzidos sobre a temática. A metodologia utilizada é de natureza qualitativa, de cunho bibliográfico baseado no caminho metodológico dos Estudos Culturais. Pretendemos compreender as construções curriculares para Educação Infantil em tempos de modernidade líquida.

Nesse sentido o projeto dissertativo primeiramente se organiza a partir de uma apresentação geral em torno dos conceitos e processo histórico do currículo. Partindo então para três sessões, a primeira sobre as pesquisas realizadas relacionadas ao tema currículo da Educação Infantil nas dissertações e teses publicadas na BDTD, no período de 2007 a 2017. A segunda sobre a BNCC como resultado da concepção de que a educação é um ato político e de que o currículo é território de produção de políticas. E a terceira sobre o currículo da Educação Infantil em Palmas, Tocantins.

Assim, mais do que buscar respostas, procuramos ponderar considerações sobre o currículo da Educação Infantil. Notamos que o mesmo passou por reflexos das demandas sociais de cada época desde concepções assistencialistas, de escolarização, às propostas de práticas de experiências entre o binômio do cuidar e o educar. Essas concepções não são lineares e atemporais, atualmente acontecem de modo complexo e dinâmico nos espaços de Educação Infantil, onde ainda notamos lacunas entre as propostas dos documentos legais e a operacionalidade do fazer nas IEIs. Consideramos válido destacar a possibilidade de um currículo que supere os moldes do Ensino Fundamental e focalize a criança como sujeito histórico da infância e não como realizador de tarefas de aluno em miniatura, sugerindo a integração curricular baseada na triangulação fluída do cuidar, educar e brincar.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO, PUC-SP

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

ROBATINO, AURENI.

 

Liberdade, educação e modernidade líquida: contribuições do currículo escolar no processo de emancipação individual contemporânea.

 

2022

A modernidade se desenvolveu a partir das ideias de pensadores iluministas do século XVIII. Acreditava-se que a razão, além de libertar os seres humanos de situações de subordinação ao pensamento do outro, promoveria a organização de sociedades que pudessem proporcionar proteção e liberdade aos seus cidadãos.

Na segunda metade do século XX, teve início uma discussão sobre o fim da modernidade. Foi em meio aos debates sobre a pós modernidade que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman desenvolveu o conceito de “modernidade líquida”. Entre outros temas, ele chamou a atenção para o fato de que grande parte da humanidade estava experimentando uma liberdade sem precedentes. Esse foi o ponto de partida para a realização desta pesquisa, que tem como objetivo central apresentar uma reflexão teórico-crítica sobre as contribuições do currículo escolar no processo de emancipação individual contemporânea.

Para isso, buscou compreender o conceito de “modernidade líquida” a partir do qual se propôs a analisar a ideia de liberdade no início do século XXI e destacar a importância da educação no processo de emancipação individual para, por fim, refletir a respeito do papel do currículo escolar nesse processo, tendo em vista questões socioculturais brasileiras. O desenvolvimento da pesquisa se deu por meio de uma abordagem qualitativa. Por ter uma estrutura predominantemente teórica, o procedimento metodológico utilizado foi a análise bibliográfica. O estudo caracteriza-se como descritivo reflexivo do referencial teórico alicerçado por pensadores como Zygmunt Bauman, Jean-Paul Sartre, Jean-Jacques Rousseau, Michel Serres, José Gimeno Sacristán, Michael Apple, Miguel Arroyo, Sérgio Buarque de Holanda, Lilia Schwarcaz, entre outros.

No início do século XX, Freud chamou a atenção para o mal-estar causado nas sociedades que abriram mão da liberdade em troca de segurança.

 

A pesquisa pretende contribuir com a compreensão do conceito de “modernidade líquida”, ressignificar a obra “Emílio, ou da Educação” e ampliar o conhecimento sobre currículo escolar, além de sublinhar a importância da necessidade de reflexão sobre o conceito de liberdade no contexto atual. Os caminhos percorridos pela pesquisa ajudarão a ampliar discussões sobre a educação escolar contemporânea.

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BAURU

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

CORDEIRO, FABIANA APARECIDA MENEGAZZO.

 

O DIREITO À EDUCAÇÃO PLENA EM MEIO AO CONFRONTO ENTRE A CIDADANIA E A ALIENAÇÃO SOCIAL NA MODERNIDADE LÍQUIDA.

 

2018

O presente estudo se constrói com o objetivo de demonstrar como as falhas na concretização integral do direito à educação estão intimamente ligados à exclusão social da grande massa de pessoas que compõem a sociedade brasileira. Cabe à educação servir como porta de acesso para a formação plena das pessoas, tanto para o trabalho quanto para o exercício da cidadania, de forma a proporcionar a integração das crianças e dos jovens aos seus futuros papéis de cidadãos ativamente atuantes no seio social do qual são membros. Os desafios para efetivação do direito à educação são inúmeros durante toda a história do país.

A não superação de problemas macros como a utilização do sistema educacional para fins políticos, o despertar tardio para a finalidade maior do sistema educacional para a promoção da educação plena exigida pelo Constituinte somados às questões sociais de mudanças de paradigmas de estruturação social, potencializadas pelo individualismo, pela tecnologia e pelo capitalismo fazem com que, apesar da existência de uma vasta legislação, inclusive atualizada, a concretização deste direito permaneça falha. Por consequência, tem-se a educação como alimento para a exclusão em massa da sociedade que é usuária deste sistema, e que ao assumirem suas maioridades civis, pouco ou nada sabem sobre o importante papel dos cidadãos para a concretização do Estado Democrático de Direito.

Este estudo predomina-se como pesquisa bibliográfica e de legislação, tratando o problema com a mescla das formas quantitativa e qualitativa de abordagem.

A teorização de Zygmunt Bauman da modernidade líquida é utilizada para a ambientação do momento histórico e da realidade social tratada no trabalho. Já a Teoria da Integridade de Dworkin em relação à concatenação de todos os processos e sujeitos que envolvem a entrega de fato da educação plena e a Teoria dos Sistemas Sociais de Luhmann em relação aos acoplamentos estruturais entre os subsistemas sociais Direito-Escola-Família, atuam como vetores na construção de medidas que norteiem a concepção e o desenvolvimento das normas e dos processos que envolvem o direito à educação plena. A minuta de uma lei é desenvolvida consolidando a estruturação legal destas medidas sugeridas.

UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ - SC

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

SMANIOTTO, VANDERLEI.

 

Século XXI: da educação das certezas à educação na incerteza

 

2015

O objetivo desta pesquisa é investigar fenomenologicamente os desafios da Educação em contextos contemporâneos marcados pela fluidez e superficialidade características da modernidade líquida conceituada por Zygmunt Bauman.

Nesta condição de liquidez, a educação passa por vicissitudes decorrentes da perda referencial das estruturas materiais e simbólicas que marcaram os sujeitos e a educação moderna através da certeza e eliminação das contingências. A condição de crise social e paradigmática que advém em consequência da mutação de tempos, espaços e sujeitos, além dos saberes escolares, provoca ao questionamento sobre o que a educação estruturada sob certezas, teria a dizer na incerteza contemporânea.

Para tanto, buscou-se tratar das condições pelas quais a educação se situa frente a este desajuste, tentando articular alguns caminhos, marcados pela situação de uma educação que se encontra em condição de possibilidades ambivalentes e contingenciais decorrentes da incerteza.

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA CATARINENSE

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

CUNHA, MATEUS RODRIGUES DA. 

 

DISCÊNCIA LÍQUIDA? OS PROCESSOS FORMATIVOS NA PERSPECTIVA DE FORMANDOS (AS) DOS CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (TI) DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE (CAMPUS CAMBORIÚ)

 

30/11/2021

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (2010) afirma que hoje vivemos no contexto da Modernidade Líquida. Para o autor, neste arranjo social líquido-moderno consumista e individualista, a ideia de ‘educação para toda a vida foi preterida e dissipada. A narrativa atual é de que a educação possui como objetivo “preparar” o sujeito para atender às expectativas do mundo do trabalho, apoiando-se em uma perspectiva utilitarista do conhecimento. A partir dessa hipótese, este estudo, que faz parte da linha de pesquisa Processos Formativos e Políticas Educacionais, inserido no Grupo de Pesquisa GEPEFOPPE, do Programa de Pós-Graduação em Educação, do Instituto Federal Catarinense IFC - Campus Camboriú, partiu da seguinte questão-problema: Como os(as) formandos(as) dos cursos superiores de Tecnologia da Informação (TI), do IFC - Campus Camboriú, experienciam os processos formativos e a relação educação e trabalho no suposto contexto da Modernidade Líquida? De abordagem qualitativa, e perspectiva analítico-descritiva, com característica interpretativa, esta pesquisa apresentou o seguinte objetivo geral: Analisar como os (as) formandos (as) dos cursos superiores de Tecnologia da Informação (TI), do IFC - Campus Camboriú, experienciam os processos formativos e a relação educação e trabalho no suposto contexto da Modernidade Líquida. Os objetivos específicos foram: a) Caracterizar o perfil dos (as) formandos(as) dos cursos superiores de TI do IFC - Campus Camboriú; b) Descrever como se efetivou o processo de escolha do curso superior pelos formandos(as); c) Identificar os apontamentos dos formandos(as) acerca da organização curricular do curso e suas percepções sobre o 'bom' professor, a 'boa' aula e a relação teoria e prática; e d) Descrever as expectativas dos formandos(as) acerca do ‘trabalho’ e da atuação profissional.

Como instrumentos de pesquisa utilizou-se o questionário semiestruturado e o grupo focal. O procedimento de análise dos dados foi baseado na técnica de análise de conteúdo de Bardin (2016). A discussão teórica foi embasada, dentre outros, em Bauman (1999, 2000, 2005, 2007, 2008, 2009, 2010, 2013), Antunes (2007, 2020), Cunha (2010), Demo (2000) e Vanzuita (2018).

Os resultados apontam que, majoritariamente: os formandos(as) acreditam que a escolha pelos seus respectivos cursos foi uma decisão própria, sem influência de terceiros; que a formação na graduação, por si só, não apresenta um real alinhamento com sua atuação no mundo de trabalho; que a organização curricular e as disciplinas de seus cursos são, em sua maioria, pouco atualizadas para a prática profissional; que o ‘bom’ professor é aquele que apresenta características como a empatia, por exemplo; que a ‘boa’ aula é aquela que desenvolve-se a partir das práticas profissionais; e que, em relação à prática profissional, os formandos(as) se mostraram mais inclinados à preferência de uma atuação mais sólida. Por fim, destacamos que a teoria de Bauman (2010) acerca da suposta Modernidade Líquida foi formulada em um contexto eurocêntrico, bastante contrastante com o contexto em que esta pesquisa foi desenvolvida. Sendo assim, no que se refere aos processos formativos e a relação educação e trabalho, foi possível constatar que o grupo investigado não é tão ‘líquido’ assim, apresentando apenas de forma parcial as ditas características líquido-modernas.

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ

Autor, título e ano

 

Questões,

Objetivos e objeto

Sujeitos

Procedimentos

Resultados

Lima, Claudia de Medeiros

 

Pedagogia líquida: um caminho para a ciência da práxis.

 

2018.

A pedagogia, cuja identidade é contínuo objeto de discussão entre educadores, entra em cena mais uma vez, sob a pretensão de retomar sua relevância após 12 anos da regulamentação das diretrizes1 do curso.

Este trabalho parte da sistematização de discussões antigas, algumas das quais datam da criação do curso, para compreender incongruências entre campo político-ideológico, legislação e campo prático-profissional, em meio às disputas de forças entre teóricos da educação e políticos legisladores.

 

A proposta de analisar a ambiguidade e a flacidez da pedagogia em seus condicionantes estruturais, portanto, partirá de dois grandes eixos que buscarão fundamentar a existência de uma pedagogia líquida em detrimento das ciências da práxis. O primeiro eixo se sustenta na reforma educacional na América Latina e no Caribe dentro do contexto da modernidade líquida e o segundo na relação entre os interesses dos organismos internacionais e as últimas diretrizes do curso.

A perspectiva teórico-metodológica da investigação seguiu a linha crítica em educação, fundamentando-se especialmente em Mészáros (2008), Saviani (2013), Frigotto e Ciavatta

(2003), Libâneo (2001; 2006; 2010), Pimenta (2006), Franco (2006; 2008),

Kuenzer e Rodrigues (2007) e Silva (2006) e no conceito sociológico de modernidade líquida de Bauman (2001; 2005).

Quanto ao material utilizado, foram analisadas fontes primárias e bibliográficas. A pesquisa aponta para a superação da pedagogia como normatizadora e instrumentalizadora da atividade docente e sugere a apropriação dessa característica fluida como possibilidade de fortalecimento de sua identidade como ciência da práxis.

Fonte: Elaborado pelo pesquisador com base na leitura dos resumos das teses e dissertações selecionadas.

CAPÍTULO 3: PERCURSO METODOLÓGICO

 

3.1 Tipo e Abordagem de Pesquisa  

 

O método aplicado como procedimento desta pesquisa é qualitativo. E, a fim de encontrar respostas às questões norteadoras e atender aos objetivos propostos, os procedimentos metodológicos aplicados nesta dissertação serão a partir do modelo de pesquisa descritiva de análise bibliográfica, a qual está sendo elaborada a partir da consulta a publicações de Zygmunt Bauman e autores afins, baseada no conceito de Modernidade Líquida para entender os impactos da Modernidade Liquida na formação continuada docente da educação básica.

Quanto aos meios para a construção desta dissertação, seguir-se-á o molde da pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida a partir de materiais publicados em livros, revistas e artigos científicos, dissertações, teses, bem como outras fontes que possam contribuir para enriquecer os dados teóricos sobre os quais serão feitas as considerações sobre o tema da pesquisa.

 

3.2 Instrumento e Técnica de Pesquisa

 

Os dados levantados para esta pesquisa foram obtidos do MEC e INEP os quais estão disponíveis e podem ser analisados. As iniciativas na área de formação continuada de professores, promovidas pelo Ministério da Educação (MEC) por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), têm se destacado pelo foco na qualificação e atualização dos profissionais da educação. Essas ações visam atender às demandas das redes de ensino, oferecendo programas e cursos que alinhem as práticas pedagógicas às necessidades contemporâneas, como o uso de tecnologias educacionais e metodologias ativas. Segundo dados da Assessoria de Comunicação Social do MEC, os esforços têm sido direcionados para ampliar a abrangência e a acessibilidade das formações, garantindo a valorização e o fortalecimento do papel do professor na construção de uma educação de qualidade.

A pesquisa utilizou-se também da base de dados disponibilizados pela plataforma CAPS como um outro instrumento principal para a análise especificamente dos impactos da modernidade líquida na formação continuada de professores. A abordagem concentrou-se especificamente na identificação de tendências e desafios impostos pela fluidez e incerteza que são características notórias da modernidade líquida, conforme proposto por Zygmunt Bauman. A escolha da plataforma se deve à sua relevância como repositório de estudos acadêmicos e relatórios institucionais que oferecem subsídios teóricos e empíricos para compreender como essas transformações sociais influenciam as políticas e práticas de formação docente. A técnica de pesquisa envolveu a análise qualitativa dos dados coletados, visando estabelecer relações entre os conceitos teóricos e as práticas observadas.

 

3.3 Universo de Pesquisa

 

Quanto ao universo da pesquisa seguiu-se os dados disponibilizados pelo (MEC). Sabe-se, portanto, que o Ministério da Educação (MEC) obtém os seus dados por meio de sistemas informatizados de coleta e gestão de variadas informações educacionais, como o Censo Escolar, o Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (Sistec), e o Sistema de Gestão da Informação e do Conhecimento (SGIC). Essas plataformas integram informações enviadas pelas redes de ensino municipais, estaduais e privadas, sendo que a coleta é feita de forma sistemática e periódica, com a participação direta de escolas, gestores e secretarias de educação. Após a validação e tratamento dos dados, o MEC organiza e disponibiliza os resultados em portais públicos, como o Painel de Monitoramento, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a plataforma e-MEC, permitindo o acesso por pesquisadores, gestores e a sociedade em geral. Deste modo, essa infraestrutura assegura a transparência e a qualidade das informações, sendo uma fonte confiável para análises e estudos educacionais.

Já no que concerne à Plataforma CAPS, (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) a coleta e organização dos seus dados se dá por meio de diferentes fontes institucionais e acadêmicas, com o objetivo de monitorar, avaliar e planejar a pós-graduação no Brasil. Torna-se necessário frisar que esses dados obtidos pela CAPS, são principalmente obtidos através de informações variadas fornecidas pelas instituições de ensino superior (IES) durante processos regulares, como o preenchimento dos relatórios da Plataforma Sucupira. Sabe-se que esta plataforma é o principal sistema de coleta de informações, onde programas de pós-graduação registram dados sobre corpo docente, discente, produção acadêmica, indicadores de infraestrutura, financiamentos e demais aspectos relacionados ao desenvolvimento.

 

3.4 Critérios para Recorte dos Dados

 

Nesta pesquisa os dados selecionados respeitaram os seguintes critérios, a saber: temporalidade, ou seja, como o período de tempo estudado é compreendido como modernidade líquida, respeitou-se o tempo relativo aos anos 2000 até o presente momento em 2024, período em que esta conceituação ficou largamente conhecida impactando na formação docente.

Outro critério utilizado foi o demográfico, pois é nos profissionais de educação espalhados pelo território brasileiro que se encontram as informações mais relevantes a respeito dos impactos sofridos pelos docentes na educação básica no que concerne ao período descrito como modernidade líquida. Além disso, considerou-se o critério a adaptabilidade, pois é para o profissional da educação básica que se torna necessário o desafio da adaptabilidade diante deste mundo líquido.

 

3.5 Categorias de Análises

 

Categorias de Análise

Análise Descritiva

1.       A modernidade líquida e seus impactos na educação;

A construção da ideia de modernidade e seus impactos na educação. Saberes e práticas na emergência do mundo moderno.

2.       A flexibilidade e a incerteza como características da modernidade líquida;

A crescente convicção de que a mudança é a única coisa permanente e a incerteza é a única certeza.

As mudanças na sociedade em relação ao conhecimento e a informação.

3. O papel da educação na construção da identidade do indivíduo;

A identidade é construída no processo de socialização. Os grupos transitem modelos de identificação e os meios de comunicação social são fontes de identificação.

4. A educação como ferramenta de adaptação às constantes mudanças;

No contexto da modernidade liquida, adaptação, é muito mais que aceitar, é aproveitar os processos de mudanças.

A necessidade de atualização constante dos professores e os desafios enfrentados na era da Modernidade Liquida.

Pedagogia líquida: um caminho para a ciência da práxis educacional.

 

5.       Desafios e oportunidades da educação na modernidade líquida.

A arte de viver em um mundo saturado de informações;

Os efeitos das pressões da "privatização" e da "individualização" dos ambientes e situações de ensino-aprendizagem, bem como uma substituição gradual, da relação ortodoxa professor-aluno com o fornecedor-cliente.

Este é o cenário social em que os educadores de hoje se encontram obrigados a operar.

6. A formação do professor e o trabalho docente na Modernidade Liquida.

A necessidade de formação constante diante das constantes mudanças.

O trabalho do professor de preparar o aluno para a vida, ou seja, preparar os alunos como se fossem “mísseis inteligentes”, mudando de percurso enquanto o alvo se move, pois na Educação Contemporânea, o alvo está sempre se movendo.

 

CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

4.1 Progressão de carreira

 

Diante do verificado acima percebe-se uma grande questão que deve ser considerada no que concerne à formação continuada, a saber: a progressão da carreira docente. Hoje, a progressão da carreira docente enfrenta novos desafios como a precarização do trabalho, o aumento da exigência por resultados rápidos e as múltiplas demandas, como ensino, pesquisa, publicação e engajamento em atividades extracurriculares. Além disso, deve-se levar em consideração as demandas referentes ao trabalho com as burocracias e as famílias, o que requer muito esforço, dedicação e desgaste do docente em seu trabalho que é levado para casa impactando diretamente na sua vida emocional e familiar.

O que se consegue verificar dos dados apresentados, portanto, é que muito embora os professores tenham oportunidades disponibilizadas para aprimoramento profissional, o excesso de trabalho necessário em virtude das baixas remunerações impede que boa parte dos professores tenha disposição e recursos para continuar investido em sua carreira de estudos para que possa crescer profissionalmente e conseguir maiores salários, pois o excesso de trabalho e o desgaste com os diversos tipos de alunos oriundos de uma variedade de contextos familiares, acaba por desestimular o professor na direção da progressão de carreira, fazendo com que ele fique pelo caminho ou desista da profissão migrando para outra área que redunde em maiores salários e melhores condições de trabalho. Além disso, observou-se um significativo stress profissional oriundo do avanço de tecnologias e as mudanças variadas nos modelos educacionais que têm acelerado a necessidade de requalificação constante e produzido nos docentes novos tipos de enfermidades emocionais, criando um cenário de instabilidade profissional que os impacta sob a pressão continuada por adaptação.

A progressão da carreira docente, portanto, quando observada sob a ótica dos impactos da modernidade líquida, revela desafios significativos e características que refletem a volatilidade e a incerteza própria desse contexto.

 

4.2 Desempenho do conhecimento

A modernidade líquida apresenta desafios significativos para a educação, exigindo adaptações profundas em todos os níveis. O rápido avanço tecnológico, a fragmentação do conhecimento e a constante mudança no mercado de trabalho exigem que a educação se torne mais flexível, adaptável e centrada no desenvolvimento de habilidades essenciais para o século XXI. A crescente desigualdade social e o acesso desigual às tecnologias digitais também representam desafios importantes para a garantia de uma educação de qualidade para todos. A formação continuada dos professores precisa ser repensada para atender às demandas da modernidade líquida, com foco em desenvolver habilidades digitais, pensamento crítico, criatividade e capacidade de adaptação a novas realidades.

Outro desafio crucial reside na necessidade de garantir a qualidade da informação em um mundo inundado por dados e notícias falsas. As escolas precisam desenvolver habilidades de leitura crítica, discernimento e pesquisa responsável para que os alunos possam navegar com segurança no mar de informações e construir seu próprio conhecimento de forma autônoma e crítica. A educação também precisa se adaptar à constante mudança no mercado de trabalho, preparando os professores por meio de investimentos em formações e estímulos, e os alunos para lidarem com as incertezas, a precarização e a necessidade de constante atualização profissional advinda de um mercado cada vez mais exigente e pronto para novas mudanças cada vez mais profundas e surpreendentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Vimos que a modernidade líquida foi um conceito criado pelo sociólogo Zygmunt Bauman para descrever a sociedade contemporânea, caracterizada pela fluidez e instabilidade. Nessa era líquida, portanto, as relações e estruturas sociais são voláteis, o conhecimento é mutável e as ideias são efêmeras. Logo, o professor precisará, em seu processo de formação contínua, se adequar aos novos tempos para que possa realizar um tipo de trabalho que seja bem-sucedido e antenado com as novas formas de aprender e ensinar na era líquida.

Ademais, a modernidade líquida traz desafios únicos para a formação continuada de professores. No entanto, também abre oportunidades para o desenvolvimento de abordagens inovadoras e o uso de tecnologias educacionais. Adaptar-se a esse contexto fluido é fundamental para garantir uma educação de qualidade e preparar os alunos para um futuro em constante transformação.

Além disso, compreender e se adaptar à modernidade líquida na formação continuada de professores é essencial para manter a relevância e a qualidade do ensino. Os professores que abraçam as mudanças e utilizam as novas abordagens e ferramentas têm mais chances de preparar os alunos para os desafios do século XXI.

Nestes tempos líquidos, todos os tipos de conhecimento têm períodos de vida útil mais curtos, logo, tona-se necessária uma revisão constante dos materiais e das formações docentes para a obtenção de novas perspectivas que lancem luz para a solução dos novos problemas que surgem na mesma velocidade que outros desaparecem por entrarem em desuso e se tornarem desnecessários. Sobre isto, Bauman afirmou Educação e Juventude:

 

Um espectro paira sobre os cidadãos do mundo líquido-moderno e todos os seus esforços e criações: o espectro da superfluidez. A modernidade líquida é uma civilização do excesso, da redundância, do dejeto e do seu descarte. (BAUMAN, 2013)

 

A conclusão que chegamos, portanto, é a de que nestas últimas décadas o mundo mudou de maneira tão significativa de rápida, sendo conceituado como pós modernidade como uma preferência de Bauman modernidade líquida, que alterou profundamente o modo como se adquire e compartilha conhecimentos. O impacto foi tão grande nas vidas dos professores que eles tiveram que se adequar alterando drasticamente a maneira de pensar e de proceder quanto à sua carreira meu serviço que desempenho como docentes.

Outra conclusão que chegamos é a de que num mundo liquido como este, conforme se depreende das palavras de Bauman, somos todos compelidos também na educação e formação continuada a assumir a vida pouco a pouco, tal como ela nos vem, esperando que cada fragmento seja diferente dos anteriores, exigindo novos conhecimentos, perspectivas e habilidades que devem ser utilizadas ou descartadas à medida que se tornem necessárias ou desnecessárias.

A história da educação como um todo tem nos mostrado uma grande necessidade de adaptação, revisão e reforma de tempos em tempos em cada contexto em que ela está inserida. Desta maneira, a educação no passado assumiu muitas formas e provou ser capaz de se ajustar às mudanças, circunstâncias, estabelecendo novos objetivos e desenhando novas estratégias. Logo, em todas as épocas, o conhecimento foi avaliado com base em sua capacidade de representar fielmente o mundo. Mas como, segundo Bauman, fazer isso quando o mundo muda de uma forma que desafia constantemente a verdade do saber existente, pegando de surpresa até os mais “bem-informados”? (Bauman, 2010, p. 43).

Portanto a partir dos conceitos estabelecidos por Bauman conclui-se que o ensino, neste sentido, precisa ser de conhecimento prático, concreto e imediatamente aplicável, de tal maneira que seja provocativo devendo produzir no educando uma mentalidade crítica, aberta as novas concepções que se forem forjando através dos novos tempos e que se fizerem necessárias no decorrer da caminha educacional. Ademais, o que se espera e se requer de um educador num contexto como este é que ele seja um contínuo aprendiz, capaz de atualizar-se sempre para que possa obter os melhores resultados acadêmicos em sua vida pessoal e nas vidas de seus alunos. Ainda que, em sua carreira profissional, tenha que lidar com as questões implícitas advindas do sistema de capital.

Ademais, “essa fluidez identitária reflete a aceleração dos ritmos de vida, a pluralidade de opções e a demanda por constante adaptação”. Neste cenário, portanto, “a busca por uma identidade coesa e estável torna-se um desafio, dando lugar a identidades fragmentadas, híbridas e em constante reconstrução”. Deste modo, assim como os produtos de consumo, as identidades também se tornam descartáveis e sujeitas à rápida obsolescência. (Bauman, entrevista 2019). Portanto, nota-se que há uma necessidade constante de atualização e renovação das identidades refletindo a lógica do consumismo na sociedade contemporânea.

Deste modo conhecer os homens entender os homens na contemporaneidade é fundamental para se desenvolver um tipo de prática docente que atinge o âmago do ser, de forma que o trabalho docente, impactado pela variedade de formações continuadas e pós-graduações que produzem um profissional de qualidade e que produz uma educação de qualidade são maneiras eficientes de contribuir com o progresso do país a partir da educação básica.

O impacto advindo da pressa em aprender dos estudantes de nossos dias, traz sérias dificuldades para a transmissão de conhecimentos dentro deste contexto de descarte instantâneo dos objetos praticado pela sociedade de consumo. Logo, o professor, diante desse estado de coisas, precisa desenvolver competências que contribuam com o trabalho docente no sentido de poderia insistir no processo lento e gradual de transmissão de conhecimento adquiridos por estímulos oriundos da missão apaixonada de ser professor. A aprendizagem é oriunda a capacidade de se concentrar e dedicar, esmiuçar um assunto e dissecá-lo até o fim. Portanto, cabe ao professor estimular os alunos nesta direção com paciência, foco e determinação.

Já quanto ao impacto advindo de um mundo saturado de informações, o professor tem como principal papel nessa líquida da qual falamos, ensinar a pensar criticamente e promover uma cultura de aprendizagem educacional que perdure por toda vida produzindo competência social. Como resultado do seu preparo, portanto, o papel do professor na Modernidade Líquida é o de estar em constante construção, em constante aperfeiçoamento para prender a atenção de seus alunos, provocando neles a curiosidade necessária para o desenvolvimento da aprendizagem pessoal o meio da coletividade. Assim, verifica-se que o principal impacto da modernidade líquida na formação docente é que a educação deve ser pensada durante a vida inteira. Logo, o professor precisa ser um contínuo aprendiz, alguém que nunca parou de crescer e que prepara os seus alunos para as diferentes situações de vida que eles terão que enfrentar pelo caminho. Os alunos são como mísseis inteligentes, preparados para atingir um alvo em movimento, logo, devem aprender reaprender durante o percurso.

Outro impacto relevante nestes tempos de consumismo sobre a formação contínua do professor, advém justamente da necessidade que ele passa a ter de aprender e descartar o que se aprendeu selecionando o que deve seguir no processo de conhecimento e atualização dos conhecimentos adquiridos. O impacto que advém, percebido dos escritos de Bauman, da necessidade de mudar de Ideias, revogar decisões sem remorsos nem reconsiderações. Outrossim, a formação continuada neste contexto, deve produzir cidadãos que desenvolvem saberes críticos, conscientes de seus direitos e capazes de recuperarem o espaço público por meio do diálogo.

Um outro fator importante a ser considerado como impacto da Modernidade Líquida na formação continuada docente é a relevância da ciência e do papel do educador para as novas gerações. Observou-se que a ciência foi e tem sido utilizada no decorrer dos últimos tempos para fins destrutivos na humanidade como após a Bellé Epoque[5] com a Primeira Grande Guerra Mundial e após a Grande Depressão[6] com o surgimento do Fascismo[7] e do Nazismo[8] que tiveram culminância com a Segunda Guerra Mundial. Esses eventos trouxeram grande impacto sobre a humanidade e consequentemente suspeitas sobre a ciência trazendo impactos substanciais sobre o papel e a preparação do professor. Outrossim, diante do fato que os alunos têm a sua disposição todo um pano de fundo de conteúdos em toda sorte de banco de dados da internet com inteligências artificiais, observou-se também a questão sobre qual seria o papel real do professor? A estes problemas, a solução proposta por Bauman a ser considerada é a de que o papel do professor passou a experimentar profundas transformações e necessidades de adequações. Logo, os professores precisam desenvolver continuamente o papel de autonomia em seus alunos, ampliando a capacidade de aprender continuamente e criticamente, em um processo de aprendizagem que não se encerra no contexto da escola, mas que se estende por toda sua vida. Deste modo, é papel do professor nesta era líquida, é estimular seus alunos a capacidade de filtrar, criticar e refletir sobre uma vasta quantidade de informações e pontos de vistas disponíveis a todo momento, ajudando-os na busca de seu próprio caminho em meio as incertezas da contemporaneidade.

Quanto as pretensões futuras, certamente deve-se avançar no doutorado. Isto, tendo observado que em vários aspectos esta pesquisa não deu conta de abordar mais profundamente outros tópicos relevantes sobre o tema proposto no que concerne aos impactos da modernidade líquida na formação continuada de professores. Humildemente reconhece-se que há ainda um vasto campo científico a ser explorado em pesquisas futuras. Deste modo, será essencial ampliar o escopo da pesquisa para incluir novas perspectivas, de modo a contribuir para o fortalecimento de práticas mais consistentes e adaptativas frente às demandas contemporâneas desta era líquida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

ALMEIDA, F. Gomes, I., & Bracht, V. Bauman e a educação. Ed. Autêntica. 2009.

 

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

 

BAUMAN, Z. Capitalismo parasitário: e outros temas contemporâneos. Ed. Zahar. 2010.

 

BAUMAN, Zygmunt. Sobre educação e juventude: conversas com Ricardo Mazzeo/Zygmunt Bauman, tradução Carlos Medeiros. 1ª Edição, Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

 

BAUMAN, Z. Desafios pedagógicos e modernidade líquida: entrevista de Alba. 2009.

 

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Isabela Palhares, Séries Folha, Missão Professor, Folha de São Paulo. São Paulo, SP, 2024.

 

 



[1] Modernidade líquida é um conceito temporal desenvolvido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman para designar o período após a década de 1960.

[2] Ambivalência da vida: O caráter ambivalente que o indivíduo adquiriu, tornando-se ele mesmo um objeto de consumo e ao mesmo tempo o próprio produto a ser consumido.

[3]https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-escolar/mec-e-inep-divulgam-resultados-do-censo-escolar-2023 Publicado em 22/02/2024 às 11h29. Atualizado em 22/02/2024 19h10Colaboradores: Assessoria de Comunicação Social do Inep

 

[4] FONTE: Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações da Setec.

[5] Bellé Epoque: um período de otimismo e desenvolvimento cultural e tecnológico na Europa entre 1871 e 1914.

[6] Grande Depressão: Crise de 1929 que foi a maior crise do capitalismo financeiro. O colapso econômico teve início em meados de 1929, nos Estados Unidos, e se espalhou por todo o mundo capitalista.

[7] Fascismo: sistema político nacionalista, autoritário e anticomunista que surgiu na Itália após a Primeira Guerra Mundial liderado por Benito Mussolini,

[8] Nazismo: É uma ideologia associada ao Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, também conhecido como Partido Nazista liderado por Adolf Hitler a partir de 1921.

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