14 de novembro de 2010

UMA SACUDIDA NA ÁRVORE GENEALÓGICA DE JESUS

UMA SACUDIDA NA ÁRVORE GENEALÓGICA DE JESUS

Outro dia, Luís Fernando Veríssimo fez uma solene pergunta: “Que tipos cairiam á nossa volta se déssemos uma boa sacudida em nossas respectivas árvores genealógicas?”
Geralmente escondemos do grande público o nome do ancestral próximo ou remoto que tenha ligação com algum escândalo, algum crime ou com algum tipo de enfermidade, tais como loucura, sífilis, lepra, Aids... Não queremos que ninguém saiba que um de nossos avós, bisavós ou tetravôs foi bandido, assassino, prostituta, homossexual, alcoólatra ou doente mental.
Mas isto não acontece com Jesus. Em sua árvore genealógica aparece o nome de algumas pessoas relacionadas com escândalos muito graves. Se formos citar apenas nomes femininos, encontraremos na ordem cronológica dos mais próximos aos mais distantes quatro mulheres: Bate-Seba, Rute, Raabe e Tamar.
Bate Seba era esposa de um oficial do exército de Israel na época de Davi. Na ausência do marido, que estava sevindo a pátria como militar, Bata Seba cometeu um adultério com o próprio rei, que a deixou grávida. É bem provável que ela tenha sido omissa no intento de Davi em tirar a vida de seu marido por meio de um “acidente” de guerra. Uma vez viúva e casada com o rei, bate Seba tornou-se mãe de Salomão, do qual descende Jesus (II Sm. 11.1-12.25).
Rute era mulher exemplar, embora não israelita. Descendia de uma união incestuosa, de Ló e sua filha mais velha (Gn.19.30-38). Seus ascendentes foram usados por Balaão para provocar uma das maiores bacanais da história, o que motivou a morte de vinte e cinco mil israelitas durante o êxodo (Nm. 25.1-15,; I Co. 10.8). Todavia ficou famosa pelo que declarou a sogra: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt. 1.16). Ela se casou em segundas núpcias com Boaz e veio a ser a bisavó de Davi.
Raabe era uma conhecida prostituta em Jericó, a meio do caminho entre Jerusalém e o Mar Morto. Fez amor com muitos homens em troca de alguma coisa. Converteu-se ao monoteísmo e casou-se com um judeu chamado Salmon, de quem teve um filho ((Js. 2.1-21, 6.15-25; Hb. 11.31). O filho de Salmon e Raabe era exatamente o já citado marido de Rute.
Tamar era viúva duas vezes, de dois filhos de Judá, por sua vez filho de Jacó e Lia. Ela se sentiu prejudicada pelo sogro e resolveu se vingar. Fingiu-se de prostituta, atraiu o sogro, coabitou com ele e engravidou-se dele. Quando Tamar foi denunciada como adultera, Judá mandou que ela fosse queimada. Aí veio o escândalo maior, pois Judá até estão não sabia que a tal prostituta era sua nora e que o filho que ela estava esperando era seu próprio filho (Gn. 38-130). Jesus não descende de José, o melhor de todos os filhos de Jacó, mas de Judá, talvez o mais ordinário de todos.
Tamar, Raabe, Rute e Bate-Seba aparecem juntas com a mãe do Salvador na genealogia de Jesus, na primeira página do Novo Testamento (Mt. 1.1-17).
Elas aparecem juntas no famoso sermão do reformador suíço Ulrich Zwinglio (1482-1531) pregado na Catedral d Zurique há 486 anos, na entrada do ano novo de 1519.
Estão juntas nas esculturas de bronze colocadas na porta desta catedral, construída no século XI.

A genealogia de Jesus proclama o velho mote de Paulo:
“Onde abundou o pecado, SUPERABUNDOU A GRAÇA”.
(Rm. 5.20)

Artigo da Revista Utimato, Março de 1995, p. 29.

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